25' Mentiras.

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#STILLINTOYOU

Deixo as lágrimas rolarem enquanto sinto o chão áspero de sua lápide fazendo contato com a minha pele. Mesmo eu não querendo soluços altos escapam da minha garganta.

Como é ruim sentir saudades de alguém que eu nunca vou poder ver novamente.

Em alguma sessão de terapia alguns anos atrás a minha psicóloga me orientou a conversar com a túmulo do meu pai, e isso me ajuda um pouco. Eu geralmente vinha até aqui pelo o menos uma vez por semana mas esse ano é a primeira vez que venho aqui.

E hoje faz oficialmente cinco anos que ele morreu. Apenas uma semana antes do aniversário de Myung e exatos um mês antes do meu aniversário.

E dessa vez não foi diferente. Falei tudo oque eu estava sentindo, e tudo que aconteceu recentemente na minha vida para a lápide do meu pai. Contei sobre o noivado da minha mãe que ainda me é estranho, é como se a ficha ainda não tivesse caído. Contei sobre o meu suposto namoro com Momo e como ela é maravilhosa, como ela faz de tudo para me ver feliz.

— É dificil não é? — uma voz estranha diz atrás de mim.

Me viro para encará-la, ela parece ter a mesma idade da minha mãe.

— Como o conheceu? Nossos filhos ainda não superaram a morte dele, mesmo que eles fossem pequenos o bastante para não se lembrar de nada. — a senhora diz

Por um momento sinto minha garganta fechar e minhas mãos suarem

— Filhos...? — praguejo

— Sim.— ela solta uma leve risada abaixando sua cabeça.— Tivemos gêmeos.

Apontou com sua cabeça na direção de dois garotinhos com aproximadamente a mesma idade de Myung.

Meu peito sobe e desce rapidamente. Eu tinha duvidado da minha mãe. Eu não tinha acreditado em nenhuma palavra que havia saido de sua boca. Mas ela estava certa por todo esse tempo. Por todos esses anos.

Meu pai traia a minha mãe.

Meu pai tinha outros filhos.

Meu pai tinha uma outra família.

Meu pai nos enganou. E provavelmente enganou essa mulher também.

— Mas você não me respondeu. Você o conhecia? — me pergunta novamente com um olhar compreensivo colocando sua mão em minhas costas.

— Não.

Pelo o menos não mais já que tudo que eu sabia parece ser uma grande mentira.

X

Quando eu menos percebi eu tinha saído daquele cemitério.

Quando eu menos percebi eu estava em frente a sua casa.

Quando eu menos percebi eu já estava chorando copisiosamente em seus braços.

Ela não fez perguntas. Ela apenas me abraçou em silêncio até que o meu choro acabasse, até quando eu conseguisse pronunciar alguma palavra sem que diversos soluços me interrompesse.

Seus braços me envolviam fortemente enquanto permaneço com minha cabeça apoiada em seu ombro.

— Me conta. Oque aconteceu? — nego rapidamente com a cabeça. Não sei se estou preparada para tocar no assunto.
— Você não precisa vir no jantar hoje sabe disso não é? Nós podemos assistir todos aqueles filmes idiotas.

Diz sugestiva

— Não. Está tudo bem. Sério.— consigo dizer finalmente.

— Você precisa se acalmar. O jantar é só daqui alguma horas mas vai ser difícil tampar seu olho inchado. — diz com um sorriso tranquilo

Still Into You Onde histórias criam vida. Descubra agora