Discórdia

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Matthew On

Enquanto o sol se punha, lançando sombras longas pelos corredores da escola, a raiva começou a borbulhar dentro de mim. Arteise, a única que deveria saber a verdade, parecia acreditar em Megan. Eu não entendia. Como ela poderia duvidar de mim, depois de tudo que passamos? O peso da traição era difícil de carregar.

Naquela tarde, vi Arteise conversando com Sophie, sua amiga de olhos brilhantes e sorriso contagiante. O modo como Sophie ria e tocava no braço de Arteise me irritava. Por que não era eu quem estava ali, confortando-a? Por que ela não se importava em me ouvir?

Enquanto me aproximava, a frustração crescia. Não havia mais espaço para a vulnerabilidade que eu havia tentado transmitir. O que eu sentia por Arteise começava a se transformar em algo amargo, uma sensação de abandono.

– Oi, meninas! — cumprimentei, tentando manter a compostura.

Sophie me olhou com um sorriso despreocupado, mas vi um traço de tensão na expressão de Arteise. Ela não me cumprimentou com a mesma animação.

– Oi! Estávamos apenas conversando sobre o trabalho de matemática — Sophie disse, inocente, mas eu percebi que ela notou a mudança na atmosfera.

– Ah, claro, matemática. O que mais poderia ser interessante? — retruquei, um tom sarcástico escapando dos meus lábios.

Arteise me lançou um olhar que pedia calma, mas a raiva só aumentava. Por que eu deveria ser calmo? Se ela não conseguia ver as mentiras de Megan, talvez não valesse a pena lutar.

– Você não se importa em me ajudar com isso, certo? — Sophie perguntou, mudando de assunto, e eu vi uma oportunidade.

– Claro, eu adoraria ajudar — respondi, dirigindo um olhar provocador para Sophie. — Afinal, matemática é um jogo divertido, principalmente quando se tem uma boa companhia.

Sophie sorriu, animada, e Arteise franziu a testa, claramente incomodada. O que eu estava fazendo? Era uma espécie de defesa, uma maneira de lidar com a dor que sentia ao ver Arteise afastada. O flerte com Sophie era uma maneira de mostrar que eu também podia seguir em frente, mesmo que na verdade eu estivesse tentando apagar a frustração que Arteise me causava.

– É, claro, eu... — Arteise começou, mas eu a interrompi.

– Vamos nos encontrar no pátio após as aulas, Sophie. Pode ser divertido, certo? — sorri, sentindo uma onda de satisfação ao ver a confusão no rosto de Arteise.

A raiva misturada com um sentimento de vingança crescia em mim. Se Arteise queria acreditar nas mentiras de Megan, então eu não tinha mais a obrigação de ser o bom moço. Afinal, o que eu tinha a perder?

– Eu preciso ir... — Arteise murmurou, começando a se afastar.

– Ah, vem, Arteise! — eu a chamei, um toque de provocação na voz. — Não precisa ficar chateada. Você sempre pode se juntar a nós, se quiser.

Ela parou por um momento, hesitando, e eu percebi que algo mudara entre nós. A confiança estava quebrada, e a única coisa que restava era o eco da desilusão.

– Eu estou bem, obrigada — ela respondeu friamente, antes de se afastar.

Enquanto ela se afastava, uma parte de mim se sentiu culpada, mas outra parte estava satisfeita. Se Arteise não queria mais confiar em mim, eu também não faria esforço algum. Agora, era hora de focar em Sophie e deixar para trás a dor que Arteise havia causado.

Os sussurros de confiança se tornaram ecos distantes, e eu estava prestes a mergulhar em um novo jogo, determinado a não me deixar derrubar novamente.

Meu Privado Mundo - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora