Apenas Um Bando de Hipócritas

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O Início

24/03/2016

Sabe, depois que Matthew e eu conversamos, não nos desgrudamos mais, hoje, quando ele quis conversar antes do café, era mais do que apenas sobre a Arteise, Matthew se abriu comigo, estou parecendo uma terapeuta de casal, haha!
Arteise fala comigo de um lado, Matthew de outro.

Incrível como somos íntimos a ponto de contarmos segredos uns para os outros.

Matthew está cansado de ser considerado o vilão, não foi ele quem fez tudo isso, foi a Megan, ele disse que confrontaria ela, mas eu resolvi segurar ele, se ele fizer isso, perderá a cabeça e tudo pioraria, ele retrucou, dizendo que não poderia ficar pior, mas então o questionei sobre como Arteise se sentiria, ela ficaria destruída, não ia mais conseguir confiar nele.
Afinal, todos o odeiam, por muito menos...

Enquanto conversávamos, notei uma certa aproximação, sempre que chegavamos a um assunto de interesse mútuo, ele se aproximava, estávamos sentados no chão do jardim.

Tá legal, você sabe que eu amo aquele jardim, não sei o que faria sem ele, é meu lugar de paz, e parece que Matthew também o considera assim, ele está sempre lá.

Bem... Quando percebi, nossos corpos já estavam quase colados, e foi onde Arteise apareceu...

Porcaria, agora sim tô ferrada!

Ela brigou com ele, não comigo, eu disse que só queria ajudar eles, e tentei apaziguar a situação, mas Matthew começou a dar em cima de mim, o que fez Arteise ficar com muita raiva, ela sabia que eu não estava entendendo o que estava acontecendo, já que uma hora estão de bem e outra hora estão soltando fogo pela boca.
Matthew parecia gostar da situação, ele olhava para ela com um brilho nos olhos, ele tem um jeito diferente de mostrar que se importa...

Arteise saiu cuspindo fogo, mas Matthew continuou ali, comigo, perguntei sobre o porquê de tudo isso, ele simplesmente respondeu que está cansado de ouvir ela dizer o quão isolado ele é, sabe, que não conversa, não brinca com ninguém.

Mas onde que isso vai me ajudar a juntar eles!? Só está piorando cada vez mais a situação!

Eu tive que tomar café e ir correndo para a sala de matemática, aquele professor é rígido com o horário de aula, então me despedi de Matthew, tentei né. Ele me pegou de surpresa, ao invés de ser só um aperto de mão ele me puxou para um abraço apertado e um beijo na bochecha, não sabia onde enfiar a cara, se tivesse um buraco no jardim, já teria me jogado lá, estava morrendo de vergonha, mas ainda assim retribui e corri para o refeitório.

Comer às pressas é horrível, mal dá tempo de mastigar e mais comida entrava na minha boca, achei que iria entalar.
A aula de matemática foi horrível...

O professor passou uma atividade para nota e nos deu dois dias para fazer, ele ia dar só um dia, mas a turma toda resolveu se juntar e fazer ele mudar de ideia, com sucesso!
Mas ainda assim... Sou péssima em matemática.
Saindo da aula de matemática fui direto para a biblioteca, onde a aula de história seria.

Adoro ter aulas na biblioteca, nosso professor de História pegou um mapa, bem antigo, de cima de uma das prateleiras e levou para onde as nossas mesas estavam, alguns alunos o ajudaram a colocar o mapa onde todos pudessem ver.

A aula foi incrível, falamos sobre os navegadores, como eles se guiavam pelo mar, alguns usando mapas, outros usando as estrelas, alguns nem se preocupavam com isso, conheciam o mar com a palma da mão.

Falamos também sobre o surgimento dos piratas, como era difícil a comunidade onde moravam e como as famílias deles sofriam, quando os soldados começaram a matar suas famílias para atingir os piratas... Que triste.

Nosso professor passou algumas questões, bem fáceis de resolver, na minha opinião, elas valiam nota, então destaquei uma folha do caderno, coloquei meu nome e minha série e entreguei, fui a primeira, como de costume, mas só na aula dele, prioridades, claro, hehe.

Ainda tinha uma aula antes do intervalo, então fui para a sala que estava marcada no meu caderno, porém quando cheguei lá, a diretora e os meninos estavam me esperando, não entendi nada, pensei que seria uma aula mista até então, mas quando entrei, um dos veteranos fechou a porta, do nada me encheram de vários questionamentos sobre Matthew e eu.

"Vocês estão juntos?", "Você contou a ele sobre o grupo Alfa?", "Está se infiltrando?", "Conseguiu muitas informações?", "Aonde quer chegar com essa proximidade toda?".

Não entendo... Eles acham que não sou mais confiável ou que estou enganando ele? O que está acontecendo?

Tentei sair da sala, mas os veteranos me cercaram, e os meninos se sentaram nas mesas, a diretora ficou de pé, frente a lousa...
Eu estava confusa, não conseguia entender o que estava acontecendo. Foi quando Jasper entrou na sala, e então todos se sentaram, até a diretora, como se ele fosse até um chefe ali.

Ele me olhou, seus olhos estavam frios, seu semblante estava cheio de amargura, não parecia ser o Jasper que eu conheci meses atrás. Era como se ele fosse alguém diferente, alguém que nunca conheci...

Ele me mandou sentar, como se eu fosse um cachorrinho. Eu simplesmente sentei, como se fosse algum tipo de ladrão, que foi pego roubando bala na mercearia do Cêu Cass... (Um velhinho que tem uma mercearia frente à escola).

Sabia que iria levar uma baita bronca, mas estava disposta a mostrar o lado de Matt, afinal, ele não era um monstro.
Quando Jasper começou a falar, parecia que agulhas saiam das palavras dele e entravam direto no meu coração.

Me expulsaram do grupo Alfa, Jasper disse que se eu não estava disposta a salvar a escola, não era digna de continuar no grupo, então com o coração ardendo, olhei para ele e disse que o único monstro que eu enxergava, estava dentro da mente de cada um daqueles que julgavam Matthew, sem ouvir o lado dele, sem se importarem com os sentimentos dele, disse que eram um bando de hipócritas, já que cada um, que nunca magoou ou machucou alguém, atirasse a primeira pedra.

E que Jasper, mais do que ninguém, deveria saber que por causa de Matthew, Arteise não está no lugar daquele garoto em coma, ou até mesmo, enterrada a sete palmos da terra. As palavras saiam sem que eu percebesse, tudo que estava guardado dentro do meu coração, foi despejado.

Eu não voltaria atrás de nada do que eu disse, nunca! Matt não é um monstro e não vou mais aceitar isso deles!

Se eu precisar perder tudo, faria isso, apenas para provar que estão errados, não quero que culpem alguém que nunca chegaram, realmente a conhecer. Isso é errado e não foi assim que eu fui criada!

Meu Privado Mundo - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora