Capítulo XXXII

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3680 palavras

— Oi, Lauren. - disse a moça de cabelos dourados que virou o rosto para me olhar. Seus olhos castanhos brilhando junto à luz do sol que refletia na janela do Vox.

Tess estava ao seu lado, ela não disse nada, apenas me olhou com a cabeça parcialmente baixa, parecia envergonhada. Eu queria rir com a sua reação, não pensei que Tess pudesse ser tão falsa e descarada.

— Preciso muito falar com a Liana. — expliquei, olhando diretamente para Bevy, quase que ignorando completamente a presença de Tess.

— Está lá nos fundos. — disse a loira, mas ela parecia um pouco atônita com a informação que a própria havia dado. — Eu vou chamar ela para você. — Beverly fez menção de levantar do banco, mas eu a interrompi.

— Não, não precisa. — eu disse. — Eu mesma vou até lá. — completei, desviando o olhar das duas e seguindo em direção aos fundos do Vox.

Mesmo sem olhar para trás, eu sabia que Tess me observava. Ela não teve coragem de me dizer nada, nem mesmo um "oi", e eu até acho que era melhor assim.

Passei pelas mesas vazias e pude ouvir o som abafado de alguma música que aumentava conforme eu me aproximava do corredor que dava acesso aos fundos.

Chegando aos fundos o corredor estreito me levou até uma porta entreaberta. Ao empurrá-la o cheiro de poeira imediatamente tomou conta. Era uma sala abafada, o ar denso e empoeirado, como se estivesse fechada há muito tempo. As prateleiras encostadas nas paredes estavam repletas de garrafas de bebidas, organizadas de forma quase obsessiva, mas cobertas por uma camada de pó. A única iluminação vinha de uma lâmpada amarela que balançava no teto, lançando sombras estranhas pelo ambiente.

No canto, uma pequena janela deixava entrar um filete de luz do fim da tarde, mas ela estava apenas parcialmente aberta, permitindo que o ar fresco entrasse de forma tímida. Liana, com seu cabelo preso e um ar sério, estava varrendo o pó do assoalho. A música que eu ouvi segundos antes vinha de uma pequena caixa de som em cima de uma das prateleiras. A música, por sua vez, era Love Yourself do Justin Bieber. Aquela era o tipo de música que Liana colocava quando queria cantar alto, mas ela só estava varrendo a sala, em silêncio.

— Isso parece um cativeiro. — eu disse, trazendo a atenção de Liana para mim. Ela pareceu estar surpresa nos três primeiros segundos em que me viu, mas depois fechou a cara, como se estivesse prestes a me expulsar dali.

— Está fazendo o que aqui, Lauren? — indagou Liana, com a vassoura em uma mão, e a outra apoiada na cintura.

— A nossa distância está me matando. — dei um longo intervalo de tempo antes de continuar a falar. — E eu sei que você não está gostando nada disso também... — as palavras saíam de mim como um verdadeiro desabafo. — Eu sei que te disse palavras infelizes, e eu sei que você tem razão toda vez que me diz que eu estou fora de mim, mas pelo amor de Deus... Eu não consigo viver mais um dia da minha vida sem você, Liana! Por favor, me perdoa...

Minha voz falhou um pouco no final e eu senti meus olhos esquentarem. Estava sendo cem por cento sincera naquele momento, e torci para que Lia visse aquilo também, mas ela me olhou com indiferença, como se nada que eu dissesse fosse mudar nossa situação, como se para ela eu não importasse mais. Aquela foi, de longe, a pior sensação que já senti na vida.

— Por favor, Lia... — nesse momento, eu senti a primeira lágrima escapar de meus olhos. — Só me diz que me perdoa, mesmo que isso não faça nossa amizade voltar a ser o que era antes... Eu só preciso que você me perdoe.

Um silêncio se instaurou no cômodo, até mesmo a música havia cessado. Liana me olhava, mas não dizia nada, parecia que eu estava falando sozinha como uma louca. Só então ela respirou fundo, e me olhou com um olhar de pena que me fez querer explodir e desaparecer da face da terra.

My Mom Is Lana ParrillaOnde histórias criam vida. Descubra agora