Prólogo

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— Não posso acreditar que chegamos a esse ponto... — Anahí sussurrou, sua voz grave e carregada de frustração. Ela estava de pé, encarando a parede de vidro de seu escritório, observando o movimento apressado dos corredores do hospital. O reflexo de Dulce Maria atrás dela parecia uma sombra frágil e ao mesmo tempo determinada.

— Anahí, eu... — Dulce começou, mas as palavras pareciam sumir em sua garganta. O coração batia acelerado, as mãos trêmulas. Ela sabia que as coisas haviam saído de controle, mas nunca imaginou que as consequências seriam tão rápidas e implacáveis. — Isso é culpa minha, não é? Se eu não tivesse...

Anahí se virou bruscamente, os olhos azuis fervendo de raiva e desespero.

— Culpa sua? Dulce, não seja ingênua. Eles estão nos punindo por algo que não deveria sequer ser da conta deles. — Sua voz tremia, os dedos apertando o vidro da janela. — Estão tentando me demitir, e você... — Ela fechou os olhos, lutando para manter a compostura. — Querem acabar com sua carreira antes mesmo de ela começar.

Dulce sentiu um nó na garganta, mas se aproximou lentamente, seus passos suaves ecoando no silêncio tenso do escritório. Ela parou em frente a Anahí, os olhos fixos nos dela.

— Nós sabíamos o risco — Dulce murmurou, a voz baixa, quase um sussurro. — Sabíamos que isso poderia acontecer, mas... — Ela tocou o braço de Anahí, tentando transmitir um pouco de calma, de força. — Eu não me arrependo de nada. Se eu tivesse que fazer tudo de novo, eu faria.

Anahí soltou um suspiro pesado, o peso da situação estampado em cada linha do seu rosto.

— E é por isso que eu temo por você. Eu sou forte o suficiente para lidar com as consequências... mas você, Dulce... — Seus olhos suavizaram, as mãos de Anahí deslizando para segurar as de Dulce. — Eu não queria que você passasse por isso, que sofresse por minha causa.

— Eu não estou sofrendo. — Dulce apertou suas mãos com mais força, puxando-a para mais perto. — Eu estou lutando. E nós vamos lutar juntas. — O olhar de Dulce era intenso, decidido. — Eles não podem nos separar, não podem apagar o que sentimos uma pela outra.

Anahí piscou lentamente, deixando-se perder por um momento naquele olhar que a desarmava. Mas então, a realidade voltou como um soco.

— Eles podem, Dulce. E vão tentar com todas as forças.

Um silêncio pesado pairou entre elas, carregado pela tensão do que viria a seguir. No corredor, passos se aproximavam, vozes sussurradas indicando que não estavam mais sozinhas. O destino delas estava prestes a ser decidido — e ambas sabiam que seria uma luta difícil.

— Vamos sair dessa — Dulce murmurou, mais para si mesma do que para Anahí, mas ainda assim firme.

— Eu espero que você esteja certa... — Anahí respondeu, em um tom baixo, incerto. Porque agora, mais do que nunca, o futuro parecia completamente incerto.

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