Vinte e Nove

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1 ano após a prisão de Anahí

Enquanto Anahí esperava pelo momento da sua libertação, o delegado, que acompanhara de perto cada parte de sua história, se aproximou. Ele a encarou com um olhar misto de pesar e empatia, deixando escapar um suspiro antes de abrir os braços para um breve abraço.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu, Anahí — ele murmurou, com um tom sincero. — Perder seu cargo como médica... Sei que é um golpe pesado.

Ela deu um meio sorriso, sem muita alegria, e assentiu, segurando as lágrimas. — É... era a minha vida. Mas agora só me resta recomeçar... de alguma forma.

O delegado observou-a por um momento, os olhos cheios de preocupação. — Quem vem te buscar? Alguém te esperando?

Anahí hesitou, sentindo o peso daquela pergunta. — Eu... não sei — respondeu, sua voz carregada de uma vulnerabilidade que ela raramente deixava transparecer. — Na verdade, faz nove meses que... bom, que Dulce não aparece.

Ele assentiu em silêncio, dando um tapinha gentil no ombro dela, como um gesto de apoio. — Espero que encontre o que precisa do lado de fora. Se precisar de algo, você sabe onde me achar.

— Obrigada, delegado. — Ela ofereceu um sorriso discreto, mas grato, antes de se virar e encarar o portão da prisão que finalmente se abria para ela.

O portão da prisão se abriu, rangendo lentamente. Anahí deu alguns passos à frente, inalando o ar fresco, fechando os olhos para sentir a brisa tocar seu rosto pela primeira vez em um ano. Um peso imenso parecia se dissolver naquele instante, mas, ao mesmo tempo, o vazio de não ter ninguém à sua espera trazia uma nova sensação de solidão. Ela suspirou, permitindo-se saborear a liberdade, mesmo que por conta própria.

De repente, sentiu um toque leve e um beijo suave em seu pescoço, que a fez abrir os olhos de surpresa. Virando-se, deu de cara com Dulce, os cabelos agora em um tom castanho intenso que acentuava o brilho dos olhos que ela tanto amava. Sem dizer uma palavra, Dulce a puxou para perto, envolvendo-a em um abraço apertado, carregado de saudade. Anahí não resistiu e segurou-a com força, deixando-se perder no momento, como se aquele abraço fosse a cura para todas as suas feridas.

— Você... você me esperou? — Anahí sussurrou, a voz embargada, os olhos buscando o rosto de Dulce como se precisassem daquela confirmação.

Dulce sorriu suavemente, os olhos brilhando enquanto acariciava o rosto de Anahí. — Eu sempre vou te esperar. Eu te amo, Anahí.

As duas se envolveram em um beijo apaixonado, como se o tempo nunca tivesse passado. Anahí segurava Dulce com intensidade, como se ela pudesse se perder de novo a qualquer momento. Dulce retribuía com o mesmo fervor, mostrando que, independentemente de tudo o que haviam passado, o sentimento continuava intacto.

Depois do beijo, Dulce a guiou até o carro, onde uma bagagem modesta de Anahí já estava arrumada. Elas partiram em direção a uma área afastada da cidade, a viagem durou algumas horas, durante o trajeto conversaram e faziam planos, até chegarem nas cabanas distantes que Dulce havia reservado, cercadas por florestas e longe do alcance de olhares curiosos. Na sacada do segundo andar, um jacuzzi já estava pronto, aguardando o casal. 

Logo que entraram, a tensão que as acompanhara por tanto tempo parecia finalmente dissolveu-se, substituída por uma conexão profunda e uma entrega total.

No quarto, a luz suave iluminava a pele de Anahí enquanto ela largava as coisas com presa e se aproximava de Dulce, seus toques leves e exploratórios. Cada movimento era carregado de carinho e saudade, e logo, os toques se tornaram mais intensos, os beijos mais profundos. Elas se entregaram à paixão que haviam guardado por tanto tempo, os corpos se movendo em sintonia, como se tivessem esperado cada segundo para aquele momento.

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