Oito

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Atenção! Esse capítulo conta com agressão, pode conter gatilho.

O hospital fervilhava com a rotina intensa, mas para Dulce, o foco parecia sempre voltar para um mesmo ponto: os olhares e os toques furtivos de Anahí. Esses momentos que dividiam em segredo eram quase impossíveis de disfarçar, e os amigos de Dulce — Christian, Ucker e Maite — começaram a reparar em sua constante distração.

Depois de um desses encontros, quando Dulce saía da sala de descanso com as bochechas ainda rosadas, Maite, sempre a observadora do grupo, a interceptou com um sorriso enigmático.

— Dulce... você andou se envolvendo com alguém? — Ela arqueou uma sobrancelha, divertida.

Dulce tentou disfarçar, mas era difícil não se denunciar sob o olhar atento de Maite. Christian e Ucker, que estavam ao lado, se aproximaram, já curiosos com a conversa.

— O que é? Um novo romance? Queremos saber tudo! — Christian provocou, com uma piscadela.

Dulce riu, tentando se esquivar. — Vocês imaginam demais... É só o trabalho intenso me consumindo.

Mas mesmo com a tentativa de disfarçar, os amigos a conheciam bem o suficiente para notar a diferença. Mais tarde, enquanto ela organizava alguns exames de rotina, uma mensagem discreta vibrou em seu telefone:

"Encontro na ala oeste, em 5 minutos. Preciso te ver. — A."

Dulce olhou ao redor, disfarçando o sorriso. Como se seguisse um plano arriscado, ela caminhou discretamente até a ala indicada, onde Anahí a aguardava. Assim que estavam fora do campo de visão de outros colegas, Anahí a puxou para perto, os olhos brilhando de desejo.

— Acha que alguém desconfia? — sussurrou Anahí, uma leve provocação na voz.

— Se desconfiam, é só por culpa sua — Dulce respondeu, mordendo o lábio, enquanto Anahí a envolvia com os braços, a puxando para um beijo profundo e urgente.

Os encontros se repetiam ao longo dos dias, cada vez mais intensos e desafiadores, até que, em uma tarde particularmente movimentada, Alfonso apareceu de surpresa no hospital. Ele estava há alguns dias fora, em uma viagem de negócios, e o retorno repentino trouxe uma tensão imediata para Anahí.

Alfonso era uma presença que causava inquietação. Sua autoridade e olhar controlado deixavam o ambiente mais frio, e Dulce percebia o quanto Anahí se tornava contida e rígida quando ele estava por perto. O desconforto de Dulce se intensificou quando, durante uma reunião de rotina, Alfonso fez questão de se dirigir a Anahí com um tom autoritário e possessivo, que passava despercebido por quase todos... exceto Dulce.

Mais tarde, ao encontrar os amigos, Dulce não conseguiu esconder a inquietação. Durante uma conversa solta sobre os superiores no hospital, ela soltou um comentário que pegou a todos de surpresa.

— Esse Herrera... é como um predador sempre à espreita. Parece que ele quer controlar tudo e todos ao redor. Deve ser insuportável trabalhar perto dele. — A amargura em sua voz foi clara, e seus amigos trocaram olhares confusos.

Maite a observou com uma expressão curiosa. — Nossa, Dulce, você nunca fala assim de ninguém. Está acontecendo alguma coisa?

Dulce hesitou, sentindo o peso dos olhares. — Não é nada, gente. Só... desgosto.

Christian riu, mas Maite parecia menos convencida. — Tudo bem. Mas você anda mesmo estranha.

Ao voltar ao corredor, Dulce passou por Alfonso e Anahí, que conversavam discretamente. Alfonso segurava o braço de Anahí com mais força do que o necessário, e ela parecia desconfortável, mas não demonstrava resistência. A cena fez Dulce apertar os punhos, e o desejo de protegê-la foi imediato.

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