Treze

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Dulce estava sentada no banco do jardim quando Alfonso se aproximou, a expressão dele carregada de uma satisfação sombria. Ela secou rapidamente as lágrimas e tentou se recompor, mas ele parecia notar cada detalhe.

— Sabe, Dulce, esses boatos que andam correndo pelo hospital... você já se perguntou de onde começaram? — ele perguntou, casualmente.

Dulce estreitou os olhos, encarando-o com uma mistura de desprezo e confusão.

— O que está tentando dizer?

Alfonso deu um leve sorriso, mais cruel do que amigável.

— Tudo que precisei fazer foi enviar uma mensagem "por engano" para o celular de uma das enfermeiras. Você sabe como as fofocas se espalham rápido por aqui. — Ele fez uma pausa, observando a expressão de choque e indignação de Dulce. — Em questão de minutos, o caos estava instaurado.

Dulce se levantou, indignada, pronta para sair daquele encontro manipulador, mas antes que conseguisse dar mais de alguns passos, ouviu a voz de Alfonso atrás dela, agora mais alta e autoritária.

— Você esquece quem eu sou, Dulce! Eu tenho poder, e posso fazer o que quiser com a sua carreira. — Ele pegou o telefone, desbloqueando a tela para mostrar o contato do conselho médico, o órgão responsável pela validação e regulamentação da profissão. — Se você acha que pode desafiar minhas condições, até o fim do dia a sua carreira e a da Anahí estarão arruinadas.

Dulce respirou fundo, tentando conter a revolta e o medo que a situação despertava. Virou-se e caminhou lentamente de volta para ele, sem quebrar o olhar.

— Então me diga, Alfonso... você realmente a ama? É isso? Todo esse controle é porque você ainda sente algo por ela?

Alfonso riu, mas havia um amargor no som.

— Eu amava, sim. Anahí era uma boa esposa, uma parceira ideal. Mas tudo mudou quando ela começou a se envolver com outras mulheres. — Ele deu um sorriso cínico. — Ah, eu sei de tudo. Sei que vocês duas tiveram algo antes de você sequer pisar neste hospital como residente. Mas agora... ela é apenas uma esposa conveniente, alguém que traz status e ainda é boa de cama.

Dulce o encarou com uma mistura de nojo e determinação.

— E o que você quer, então? O que vai fazer para que me deixe em paz? Pra deixar ela em paz?

Alfonso se aproximou dela, deixando claro o quão calculista e perigoso ele poderia ser.

— O que eu quero? Simples. Colabore comigo, siga as minhas regras, e tudo vai continuar exatamente como está. Preciso de ajuda, Dulce. E você é a melhor pessoa para isso nesse momento.

E ai, o que será que o Alfonso quer?


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