Vinte e Oito

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TRÊS MESES DEPOIS

O sol brilhava através das janelas do pequeno escritório de Dulce, iluminando os papéis organizados na mesa e os lembretes coloridos que enfeitavam o ambiente. A rotina estava se normalizando, mas a sombra do que aconteceu ainda pairava sobre ela como uma nuvem pesada. Após um instante de hesitação, Dulce decidiu que era hora de enfrentar o sentimento que ainda guardava

Dulce entrou na prisão, a atmosfera pesada e fria a envolveu. Ela passou por uma série de controles de segurança antes de chegar à sala de visita. Ao entrar, viu Anahí sentada em uma mesa, com o cabelo solto, o loiro foi substituído por um castanho escuro e um olhar que refletia tanto dor quanto esperança.

— Dulce! — Anahí exclamou, seu rosto se iluminando ao vê-la.

— Oi, Anahí. — Dulce respondeu, forçando um sorriso enquanto se sentava à mesa. O silêncio que se seguiu foi carregado de emoções não ditas.

Anahí olhou nos olhos de Dulce, buscando respostas. — Eu... estou cumprindo minha pena. Um ano, como você sabe. Estou em um lugar seguro agora. — Ela hesitou antes de continuar. — Sinto muito por tudo.

Dulce mordeu o lábio, lembrando-se de tudo, do caos que cercava suas vidas. — Como você se sente? — perguntou, tentando manter a voz firme.

Anahí respirou fundo, e Dulce pôde ver o peso de suas palavras. — Agora consigo respirar. É engraçado, não? Eu pensei que essa prisão fosse a minha maior condenação, mas... na verdade, me trouxe um pouco de clareza. Eu sei que o que fiz foi errado, e não espero que você me perdoe imediatamente.

A conversa fluiu, as duas se revezando entre as memórias do que tinham vivido e os pesadelos que as assombravam. Cada palavra de Anahí era como um convite para reviver o passado, fazendo a chama do amor que sentia por Anahí aumentar.

— Você já pensou em como será quando sair? — Dulce perguntou, mudando de assunto. Ela queria saber, mas ao mesmo tempo temia a resposta.

— Sim. Eu só quero viver uma vida que valha a pena. Ao seu lado, Dulce. — Anahí sorriu levemente, mas havia tristeza em seus olhos. — E você? Você já me perdoou?

Dulce sentiu o coração apertar. A pergunta a pegou desprevenida. Com um gesto gentil, ela apertou as mãos de Anahí, sentindo a pele fria e as veias pulsando sob seus dedos. O contato trouxe de volta todas as memórias da paixão e desejo que sentia por Anahí.

— Eu... — Dulce hesitou. — Eu não sei. É difícil. — Ela piscou para Anahí, tentando esconder a vulnerabilidade que sentia. Em um impulso, Dulce se levantou e a beijou de forma delicada, sem dizer mais nada.

— Dulce, espere! — Anahí chamou, mas Dulce já estava se afastando. As portas da prisão se fecharam atrás dela com um clangor retumbante, e, ao caminhar para fora, uma onda de sentimentos a invadiu.

O verão havia se transformado em outono, e as folhas caíam lentamente, refletindo a mudança. 

Dulce caminhava tranquila pela rua, fechou os olhos, permitindo-se sentir a dor e a saudade que a consumiam. A conexão que tiveram ainda estava presente, ela amava Anahí, e sentia que havia sinceridade em suas palavras e no seu sentimento.

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