Dois

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Os dias seguintes no hospital foram um teste de paciência e controle emocional para Dulce. Ela estava nervosa, consciente de que as interações com Anahí seriam a parte mais complicada de sua residência. A Dra. Puente, além de ser uma médica renomada, agora parecia ter uma missão pessoal de tornar a vida de Dulce insuportável. Cada erro, por menor que fosse, era imediatamente corrigido com a frieza e a rigidez de Anahí.

Era exaustivo.

Naquela quarta-feira, o dia foi especialmente complicado. A equipe se preparava para uma cirurgia de alta complexidade, e Dulce estava ansiosa para impressionar. Ela sabia que precisava se destacar, não apenas para ganhar a aprovação de Anahí, mas também para provar a si mesma que estava à altura do desafio.

A sala de cirurgia estava repleta de tensão. Todos estavam concentrados em suas funções, e Dulce fazia de tudo para acompanhar o ritmo acelerado. Mas, em um momento de distração, suas mãos tremeram ligeiramente, e um dos instrumentos escorregou, caindo no chão com um barulho estrondoso.

Anahí, que já estava de olho nela, foi rápida.

— O que você pensa que está fazendo, Dra. Maria? — Anahí perguntou, sua voz afiada como uma lâmina.

Dulce sentiu o calor subir por suas bochechas. O ambiente pesado ao seu redor parecia fechar-se, mas ela respirou fundo, tentando manter a compostura.

— Eu cometi um erro, Dra. Puente — Dulce respondeu, mantendo a voz firme, mas não conseguindo esconder a frustração. — Mas erros acontecem.

Anahí a olhou fixamente, seus olhos queimando de raiva e algo mais. A sala estava em silêncio, todos sentiam a tensão.

— Eu não aceito erros na minha sala de cirurgia — Anahí disse, em um tom cortante. — Saia. Agora. Espere no meu consultório até eu terminar aqui.

Dulce hesitou por um momento, mas Anahí não deu espaço para discussão. Seu olhar de comando era inegável. Com o rosto vermelho de frustração, Dulce saiu da sala, sentindo o peso do fracasso. Ela seguiu pelos corredores do hospital até o consultório de Anahí, sentando-se em uma cadeira, lutando para manter a calma. A raiva fervia dentro dela – não apenas por ter cometido um erro, mas pela forma como Anahí a tratava. Isso é ridículo, ela pensou. Ela está agindo assim por causa daquela noite.

O tempo parecia se arrastar até que, finalmente, Anahí entrou na sala. Sua postura era firme e inabalável, o jaleco impecável, e o olhar... aquele olhar gélido que parecia perfurar Dulce.

— Então, Dra. Maria — começou Anahí, fechando a porta atrás de si com um estrondo suave e chaveando. — Precisa que eu ensine como se usa um bisturi? Como se segura com firmeza? Porque, honestamente, eu esperava mais de você.

Dulce estava irritada, mas algo na voz de Anahí – aquele tom irônico e provocador – fazia com que ela quisesse responder na mesma moeda.

— Talvez você deva me mostrar como se faz, Dra. Puente, já que é a melhor. — respondeu Dulce, desafiadora, levantando uma sobrancelha. Ela sabia que estava provocando, mas não pôde evitar.

Anahí a olhou por um segundo, seus olhos brilhando com algo perigoso. Ela se aproximou devagar, até estar em pé diante de Dulce, que ainda estava sentada. O silêncio era pesado, e o ar entre elas estava carregado de tensão. Sem aviso, Anahí agarrou os pulsos de Dulce, inclinando-se sobre ela.

— Talvez você precise de uma lição — Anahí murmurou, sua voz baixa e rouca, os olhos fixos nos lábios de Dulce.

Antes que Dulce pudesse responder, Anahí pressionou seus lábios contra os dela, com uma intensidade que deixava claro que aquela frieza toda era uma fachada. A mente de Dulce girou, surpresa pela ação repentina, mas o desejo que sentia por Anahí rapidamente tomou conta. As mãos de Anahí, tão seguras e firmes, deslizaram pelo corpo de Dulce, encontrando seu caminho por debaixo das roupas.

Dulce sentiu sua respiração acelerar, seus batimentos ecoando em seus ouvidos. O toque de Anahí era quente, possessivo, e a fazia tremer de antecipação. Em um movimento ágil, Anahí deslizou os dedos entre as pernas de Dulce, provocando-a de forma deliberada.

— É assim que você precisa ser, Dulce — Anahí sussurrou, seus lábios perto do ouvido de Dulce. — Firme. Segura. Controlada.

Dulce arquejou e sentiu sua intimidade molhar, dois dedos de Anahí a penetraram movendo-se habilidosamente, deixando-a à mercê daquele momento. Ela tentou falar, mas as palavras escaparam, substituídas por uma respiração ofegante e gemidos baixos.

— Talvez eu precise mostrar exatamente como se faz — Anahí continuou, sua voz carregada de provocação e desejo.

A pressão e os movimentos firmes de Anahí aumentaram, e Dulce, rendida à intensidade do momento, inclinou a cabeça para trás, mordendo o lábio para conter um gemido. O poder que Anahí tinha sobre ela era inegável. Mas, ao mesmo tempo, Dulce sabia que esse jogo de poder não terminaria ali. Elas estavam presas em um ciclo perigoso de desejo e confronto.

Finalmente, quando o corpo de Dulce estava à beira do orgasmo, Anahí se afastou abruptamente, seus olhos frios e calculistas de volta.

— Agora, me diga, Dulce — disse ela, enquanto se recomponha, ajeitando seu jaleco como se nada tivesse acontecido e lambendo os dedos. — Você entendeu a lição? Ou preciso demonstrar de novo?

Dulce, ainda ofegante, levantou-se da cadeira, o rosto vermelho de desejo e raiva. Ela não sabia o que responder naquele momento. Parte dela queria desafiá-la, provocá-la mais, mas outra parte estava hipnotizada pela intensidade daquela mulher.

— Acho que aprendi o suficiente por hoje, Dra. Puente — respondeu Dulce finalmente, sua voz mais firme do que esperava.

Anahí deu um leve sorriso, um que não alcançou os olhos.

— Excelente. Agora, volte ao seu trabalho.

Dulce saiu do consultório com o coração disparado, sabendo que aquela batalha estava apenas começando.


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