O restaurante escolhido por Alfonso era sofisticado, com luzes baixas e uma atmosfera elegante. Um lugar onde a elite de Los Angeles costumava se reunir. Anahí estava sentada à mesa, tentando prestar atenção na conversa que seu marido monopolizava desde que chegaram. Ele falava sobre sua última viagem de negócios, sobre como havia fechado um contrato milionário e os elogios que havia recebido dos sócios.
Anahí mexia distraidamente no seu vinho, fingindo interesse, mas sua mente estava em outro lugar. Tudo parecia mecânico, como se estivesse assistindo a uma cena de sua própria vida à distância. Não era surpresa para ela que Alfonso adorasse ser o centro das atenções, mas, naquela noite, isso parecia particularmente insuportável. Ela estava cansada, exausta mentalmente de manter as aparências, e a voz dele estava se tornando apenas um ruído de fundo.
Depois de mais alguns minutos de monólogo, Anahí soltou uma risada curta e forçada.
— Nossa, Alfonso — ela disse com um sorriso sarcástico. — Às vezes, eu esqueço que você tem só um nome e não vários títulos de nobreza.
Alfonso parou de falar, e o olhar que lançou para ela foi afiado. A brincadeira que Anahí soltara para aliviar a tensão havia claramente o irritado.
— O que você disse? — ele perguntou, a voz carregada de uma frieza que fez Anahí se endireitar na cadeira.
Ela suspirou, sentindo o peso de suas palavras. Mas antes que pudesse se desculpar ou suavizar a situação, Alfonso inclinou-se sobre a mesa, aproximando-se dela de forma ameaçadora, mas controlada.
— Eu acho que você esqueceu algo, Anahí. Se não fosse por mim, você nunca teria passado da sua residência. Eu fiz os contatos certos, abri as portas certas. — Ele disse com um tom venenoso. — Então, ao invés de fazer piadinhas, acho que você deveria me agradecer. Porque se eu quiser, posso acabar com sua carreira. E rápido.
As palavras de Alfonso caíram como uma pedra sobre o peito de Anahí. Ela sentiu o rosto queimar de raiva e humilhação, mas não deixou que isso transparecesse. Ele estava a apenas centímetros dela, os olhos frios, desprovidos de qualquer compaixão. A médica apertou os lábios e deu um sorriso controlado.
— Claro, Alfonso. Você tem razão — respondeu ela, escondendo o quanto aquelas palavras a afetaram. Ela sabia que, por enquanto, não tinha outra escolha.
O restante do jantar foi silencioso, tenso. Alfonso voltou a falar, mas agora com um tom de superioridade que a irritava ainda mais. Anahí se manteve quieta, concentrando-se em terminar a noite o mais rápido possível.
No dia seguinte, no hospital, era o dia do sorteio para determinar qual residente acompanharia o caso raro de um paciente com uma forma incomum de endocardite bacteriana. O caso era intrigante, algo que poderia proporcionar um aprendizado imenso, e todos os residentes estavam ansiosos pelo sorteio.
Dulce estava nervosa. Estava entre os que desejavam ser escolhidos, mas também sabia que, se ficasse com Anahí, o dia poderia ser mais do que apenas complicado. Quando o nome dela foi chamado junto com o de Anahí, seu coração acelerou. O olhar que Anahí lhe lançou foi quase imperceptível, mas Dulce sentiu o peso daquele breve momento.
As duas seguiram juntas para o andar de cardiologia, e o dia começou com uma série de exames e discussões sobre o caso. Anahí estava controlada, mas rígida, como de costume. Ela explicava cada procedimento com precisão, mas sem um traço de gentileza em sua voz. Dulce fazia o possível para acompanhar, atenta aos detalhes, mesmo que o nervosismo não saísse de sua mente.
Depois do expediente, quando a maioria dos procedimentos do dia já havia sido finalizada, Anahí a chamou para seu consultório.
Assim que Dulce entrou, Anahí fechou a porta atrás dela, caminhando lentamente até sua mesa. Ela não olhou diretamente para Dulce até sentar-se na cadeira, cruzando os braços.
— A partir de agora, você vai me obedecer, Dulce — disse Anahí, sua voz fria e calculada. — Eu sou sua superior, e você vai seguir minhas regras, senão sua residência acaba aqui. Eu sou casada, e amo o meu marido. Não vou deixar uma aventura de uma noite estragar a carreira que eu construí com tanto esforço. Espero que isso esteja claro para você.
Dulce ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo as palavras. Algo dentro dela se revoltou com a acusação, mas ela também sabia que era uma luta injusta naquele momento. Ela apenas assentiu, sentindo uma mistura de frustração e raiva.
Anahí levantou-se rapidamente e saiu da sala sem olhar para trás, deixando Dulce sozinha.
O dia foi repleto de exames e consultas. Dulce e Anahí passaram juntas por diversos procedimentos, desde consultas rotineiras até acompanhamentos de emergência. Cada interação era permeada por uma tensão silenciosa. Dulce fazia o possível para se manter profissional, mas era difícil ignorar o peso do que tinha acontecido no consultório. Anahí estava fria, profissional, sem nenhum traço de emoção. Os olhares trocados entre as duas eram rápidos, calculados.
O relógio marcava quase meia-noite quando Dulce finalmente saiu do hospital. Ela estava exausta, mas aliviada por ter terminado o plantão. Do lado de fora, Dulce tentava chamar um Uber pelo celular, mas sem sucesso. O sinal estava ruim, e a frustração só aumentava.
Nesse momento, ela ouviu uma voz familiar.
— Precisa de uma carona?
Anahí estava parada ao lado de seu carro, com a chave nas mãos, olhando para Dulce com a mesma expressão fria de sempre. Dulce hesitou por um momento, mas acabou aceitando.
O caminho até o apartamento de Dulce foi silencioso, o ar dentro do carro carregado de tensão. Quando finalmente chegaram em frente ao prédio, Anahí parou o carro, mas ao invés de se despedir, ela simplesmente virou o rosto, olhando para a janela, como se estivesse tentando evitar mais uma interação desnecessária.
— Tchau, Dulce — disse Anahí, pronta para encerrar a conversa ali.
Mas Dulce não estava disposta a deixar as coisas assim.
Sem pensar duas vezes, Dulce soltou o cinto e se inclinou para frente, subindo no colo de Anahí, com o corpo pressionado contra o dela. O movimento foi rápido e inesperado, e Anahí congelou por um segundo, os olhos arregalados de surpresa.
— Por que você é casada, Anahí? — Dulce sussurrou, o rosto a poucos centímetros do dela. — Se está tão claro que você é infeliz?
Anahí abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram. A proximidade de Dulce estava desestabilizando seu controle. O corpo de Dulce pressionado contra o seu, o cheiro dela, tudo estava a provocando de uma forma que ela não conseguia ignorar.
— Você pode fingir o quanto quiser, mas está claro pra mim — continuou Dulce, sua voz suave, mas cheia de provocação. — Você quer tanto me afastar porque tem medo do que sente.
Dulce se inclinou mais, seus lábios roçando a pele do pescoço de Anahí, descendo devagar, enquanto suas mãos acariciavam o rosto dela, deslizando pelos cabelos.
— E se for só uma aventura de uma noite... — Dulce sussurrou, agora bem próxima do ouvido de Anahí. — Não foi tão ruim, foi?
O toque de Dulce era intencionalmente lento, carregado de desejo, mas também de provocação. Ela sabia o que estava fazendo. O corpo de Anahí, antes rígido, começou a ceder, suas mãos segurando os braços de Dulce com força. O calor entre elas era palpável, e Dulce podia sentir o controle de Anahí vacilar.
— Eu... eu não posso — murmurou Anahí, sua voz falhando, enquanto o corpo reagia ao toque de Dulce.
— Você não pode. Mas você quer, Dra. — Ao escutar isso de Dulce, Anahí puxou Dulce pela nuca e a beijou sedenta.
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No Digas Nada
FanfictionAnahí, uma médica renomada e temida por sua competência e exigência, domina o hospital com sua presença imponente e sua experiência impecável. Quando Dulce Maria, uma residente recém-chegada, é designada para trabalhar diretamente sob sua supervisão...