Capítulo 07

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Fechei a cortina com pressa, e só conseguia pensar que eu estava realmente enlouquecendo. Deitei na cama, encarando o teto do meu quarto, onde ainda estavam coladas aquelas estrelinhas que brilham no escuro desde que eu era pequena. Foi então que a campainha tocou e, em seguida, ouvi minha mãe me chamar lá de baixo:

— Alisson, você tem visita! Desça aqui, por favor!

Visita? Eu nunca recebia visitas. Quem poderia ser? Fosse quem fosse, não podia me ver de pijama! Vesti a primeira roupa que encontrei e desci apressada. Quando cheguei à sala, lá estava ele - Seth, parado bem no meio da sala, como se pertencesse àquele lugar.

— Oi, Seth, tudo bem?

— Oi, Alisson. Estou muito bem e você? — respondeu com um leve sorriso que iluminava o ambiente.

— Estou bem... O que houve?

— Sua bicicleta. Eu a encontrei — disse ele, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Jura? Nossa, muito obrigada mesmo! Imagino que tenha dado um trabalhão encontrá-la — falei, sorrindo de orelha a orelha.

— Não foi difícil, na verdade. Eu sabia onde o Sam tinha te achado e procurei nas redondezas. Estava exatamente onde imaginei.

— Mesmo assim, obrigada de verdade. Quer beber ou comer alguma coisa?

— Não, obrigado. Não posso ficar muito tempo, só vim mesmo entregar a bicicleta.

— Nem uma água?

— Não, mas agradeço. Conseguiu fazer seu trabalho?

— Meu trabalho?

— O da fotografia.

— Ah! Não... Como você sabe sobre ele?

— Sam contou. Disse que você caiu de uma árvore tentando tirar fotos para um trabalho da escola.

— Claro, o Sam... Não, ainda não consegui fazer nada.

— Se quiser, posso te ajudar amanhã.

— Sério? Eu adoraria — respondi, tentando disfarçar o entusiasmo.

— A gente se vê depois da escola, então.

— Combinado! Mas... onde você estuda? Acho que nunca te vi por lá.

— Estudo na escola da reserva.

— Que pena. Seria ótimo ter alguém como você nos trabalhos em dupla. Alguém que realmente ajudasse.

— Mas se precisar, é só pedir. Estou aqui para isso — disse ele, e não consegui evitar o sorriso tímido que brotou no meu rosto.

— Vou cobrar, hein!

— Fique à vontade. Mas agora preciso ir. A reserva está uma loucura — disse, com um olhar preocupado.

— Loucura? Por quê?

— Te conto outro dia. Prometo.

— Está bem... Vou te acompanhar até a porta.

Fomos até a entrada da casa, e lá estava minha bicicleta, escorada ao lado da garagem, como se nunca tivesse desaparecido.

— Obrigada novamente, Seth. Por tudo.

— Estou aqui para o que precisar, Alisson.

Nos despedimos com um "tchau" simples, mas carregado de significados, e ele se foi. Ao entrar de novo, dei de cara com minha mãe, parada no corredor com um sorrisinho malicioso no rosto.

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