Ao voltar para o escritório, Fernando convoca Jessie à sala dele. A secretária já não sabe se ele falará de Stephanie, se decidira demitir ambas. Porém, tudo que está lhe afligindo naquele momento é ter que ir à casa de sua mãe e saber como ajudar a sua irmã.

O CEO segura a porta para ela entrar e assim fecha a imensidão de madeira atrás dele.

— Vou te buscar pro jantar na casa da Glenda, às 19h — Fernando diz e toda tensão que Jessie está sentindo parece cair do seu corpo e voar aos ares. 

Ah… então é isso?

— O que mais poderia ser, senhorita Lopes? — Ele umedece os lábios, em busca de respostas nos olhos dela. Eles sempre falam antes que a boca dela. 

— O senhor pode, sim, me buscar… Estou muito ansiosa com isso.

— Não foi uma pergunta se eu podia te buscar em casa, eu disse que vou! — Fernando cruza os braços — e não precisa sofrer por antecipação, somos pessoas normais com qualquer outra.

Arrogante!

— Sim, senhor. Bom, eu deixei tudo organizado e, como havia avisado mais cedo, vou sair agora — Jessie suspira.

— Ligarei assim que sair de casa, senhorita Lopes. Pode ir — Fernando descruza os braços e dá a volta na mesa para sentar em sua cadeira.

— Com licença — Jessie sai da sala do CEO, pega sua bolsa na cabine e deixa a empresa, dando a mão ao táxi que está passando. Seu coração quase saindo pela boca de ansiedade; encontrar sua mãe será muito difícil, fizera mais de três semanas que ela não a vira. 

Jessie sempre marcava para a caçula passar uns dias em seu apartamento ou sair juntas para se divertir longe do olhar crítico de Cassandra. A princípio, o encontro para falar sobre a gravidez foi marcado em um restaurante, mas Julie mudou de ideia e disse preferir que isso fosse em casa.

O peso da situação da irmã está presente em sua mente, entretanto, sua cabeça também fervilha em pensamentos do jantar que terá com a senhora Prado e Fernando. A imagem do futuro como agente imobiliária a faz sonhar acordada: um novo salário, comissões generosas e a chance de proporcionar a ela e Julie uma vida melhor, desde que deixara sua casa. 

Crescer na empresa parece ser o passo perfeito. Jessie chega à casa da mãe. Um bairro tranquilo onde passou a maior parte da infância brincando e adolescência, tendo as melhores festas dadas pelo pai ou vizinhos. Na esquina, ainda tem a igreja em que ela cantava no coral, nada mudou. Ela paga ao motorista e desce do carro, abrindo o portão e entrando. A porta está entreaberta, ela entra e caminha para a cozinha, encontrando a mãe cortando alguns legumes.

— Cadê a Julie? — Jessie pergunta.

— Boa tarde pra você também — Cassandra a fita por cima dos cílios e permanece aos cortes nos legumes.

— Cadê a minha irmã? — Jessie não deita para a cerimônia de sua mãe.

— Sua irmã tá trancada no quarto igual uma covarde — Cassandra leva um pedaço de cenoura crua à boca.

— Não fale assim dela!

— Como quer que eu fale? Me ensine a ser mãe — Cassandra aperta o pedaço de cenoura entre os dentes.

— Eu não precisaria de muito — Jessie arruma a bolsa no ombro — empatia seria um bom começo pra você.

Cassandra deixa a faca sobre a madeira de cortes e caminha até a sala de estar, ficando no primeiro degrau da escada.

— Julie! — ela berra — desça aqui, a sua irmã super protetora já chegou pra passar pano pro que você fez. 

Cassandra volta a sua função. Jessie ouve passos lentos descendo, ao olhar para a irmã, sente-se como se tivesse levado um soco no estômago. Era provável que Julie se trancara no próprio quarto e não saira nem para se alimentar por causa de Cassandra e de suas atitudes grotescas. Ela envolve a caçula num abraço de conforto.

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