Desejo visceral (CONCLUÍDO)

Do outro lado...

Por outro lado Otávio estava lá, vivendo sua vida de casado com Luna. Otávio não estava nem um pouco feliz, mas sabia mascarar bem como o bom mentiroso que ele era. Otávio pensava em mim o tempo inteiro do seu dia, as vezes buscava pelo meu nome nas redes sociais embora não tenha achado nada. Ainda guardava a chave da minha kitnet, talvez na esperança de algum dia voltar lá e destrancar a porta.

Eu era a ferida aberta de dele, mas ele preferia sufocar essa ferida com panos quentes, queimava por dentro mas ele suportava conviver com essa dor. Ele também começou a fumar escondido, fumava mais de dois cigarros por dia, o que é surpreendente pra alguém que me repreendia pelo uso de cigarros!
Otávio ainda não tinha planos de ter filhos com Luna, embora estivessem em um casamento completamente religioso. Quando se deitava com Luna não sentia prazer algum, sempre pensava em mim como faísca para acender sua excitação estando com ela. As vezes Otávio visitava o condomínio em que eu morava, ficava por minutos e mais minutos olhando pro meu prédio. Ele nunca chegou a me ver em lugar nenhum, acho que sentia medo de sua covardia. Talvez ele fizesse igual ao mim: rezava para nunca cruzar seu caminho com o meu ao mesmo tempo que torcia para me encontrar por aí e por acaso.

Ele consegue fingir bem que eu nunca existi, embora viva sufocado por dentro com a imagem de meu rosto em sua cabeça. Na verdade, Otávio me amou pq eu podia oferecer um amor que ele nunca havia experimentando antes, um amor fora dos trilhos. Na época em que ele voltou atrás de mim para ser meu professor novamente, na época em que minha mãe entrou em contato, ele voltou e sequer sabia explicar pra sí mesmo o motivo: era só experimentar um amor jovial e inconsequente, Otávio se sentia afrontado por mim. Otávio ainda se sente afrontado pela minha memória marcante, eu nunca peço licença para invadir seus pensamentos, talvez por isso ele nunca me esqueça.