007.

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( 007. minha menina )

' PANDORA PELETIER'S POV '


UMA FESTA ESTAVA PRESTES A ACONTECER.

Exatamente. Uma festa. No meio do nada, do fim, a porcaria de uma festa estava prestes a acontecer. Eu não conseguia segurar minha risada toda vez que pensava sobre o quão ridícula era aquela situação toda. Tudo parecia uma grande piada - muito ruim, por sinal.

Já era tarde. Tarde do tipo, umas três ou quatro da tarde e ainda estávamos em Woodbury. Queríamos ir embora, mas Jackson cismou que devíamos esperar por Michonne, que por sua vez, não gostava da ideia de sair dali e deixar Andrea.

O que nos leva à outro ponto: Andrea.

Me arriscava a dizer que nunca havia conhecido alguém tão burro. Só que era muito difícil culpar ela por querer alguma sensação de conforto, quando sabia bem como era estar do outro lado da moeda. Viver com medo não era fácil. E a loira parecia não sentir medo ali, rodeada de todo aquele teatro.

É claro que esperávamos que um dia as coisas pudessem ser "normais", na medida do possível. Mas... Woodbury não passava qualquer segurança, em minha visão. Seus muros altos, com homens armados e carrancudos pareciam mais uma intimidação, do que um convite causal para ficar.

O que tornava tudo ainda mais estranho.

Porque não parecia que teríamos de fato a opção de sair dali, mesmo com todas as afirmações do governador e seu povo. Ele estava tentando nos manipular, ao mesmo tempo que queria passar a sensação de conforto que Andrea tanto se encantou.

- Bebidas geladas! - a loira sorriu ao beber o líquido de seu copo descartável. - Isso parece até um sonho. Como pode ser possível?

- Você não acha estranho que toda vez que pedimos por nossas armas, alguém empurra outro assunto pra tentar nos engambelar? - perguntei com cautela. Dentre eu e meus amigos, diria que sou a mais paciente, na medida do possível. Não queria ser grossa ou cortar a onda dela, só queria saber se ela pelo menos via o que estava acontecendo de verdade.

- Não estão nos engambelando, só querem que se sintamos bem-vindos - respondeu, arrancando uma careta instantânea do meu rosto. Suspirei, desistindo. - Qual é, pessoal? É uma festa.

Jackson riu em escárnio, afastando com a mão um dos copos que lhe era oferecido. Inquieto, o mais velho mantinha os olhos fixos nos muros, metros à frente, onde os capangas do governador andavam de um lado para o outro, suas armas milimetricamente posicionadas em mãos.

- Eu tô tentando não me irritar, mas está ficando totalmente fora do meu controle - bufou, agora pousando suas íris em Michonne. A mulher tinha os braços cruzados de frente ao peito, o rosto de quem bolava algo em mente. - Eu sinto muito, Mich, mas temos que sair daqui. Estou me sentindo sufocado, se você não for vir, eu...

- Eu vi onde ele guarda nossas armas - Michonne interrompe o Hill, começando a andar em direção as ruas movimentadas. Ela não precisou chamar para que a seguíssemos. - Vamos pegar o que é nosso e dar o fora daqui.

Marjorie sorriu.

- Você é tipo as personagens das histórias em quadrinhos que eu lia - soltou de repente, fazendo Mel franzir o cenho em sua direção. - Fodona demais!

- Sem tempo para bajulação, tampinha - bagunçando o cabelo da irmã mais nova, Jack apertou o passo para andar lado a lado com a mulher de dreads, que tentava evitar um sorriso com o comentário da Hill. - Você tem um plano, então. O que faremos com a Andrea?

Notei a casa do governador cada vez mais próxima. Para nossa surpresa, não tinha nenhum careca sem mãos por perto ou um cara com olhos tão arregalados que chegava assustar. Ou seja: passagem livre.

- Não posso fazê-la tomar a decisão que eu quero - murmura, frustrada. - Ela é adulta, sabe o que faz.

- Eu duvido muito que saiba - Marjorie rebateu e no mesmo instante bati em seu ombro, repreendendo-a com meu melhor olhar severo. - Ai, 'tá legal, já calei a minha boca - jogou as mãos para o ar, fingindo rendição.

- Não seja insensível - resmunguei.

Jackson virou-se, colocando o dedo indicador sobre os lábios, pedindo silêncio. Já de frente à porta do homem de preto, tentamos entrar em um acordo, o mais silenciosamente possível. Queríamos evitar qualquer tipo maior de problema com nossa saída.

- Preciso que uma de vocês entre comigo e Michonne, para ajudar pegar nossas armas - explicou Jack. - As outras duas ficam de guarda aqui. E, se eu puder opinar, diria que a Dora tem que ficar com uma de vocês duas aqui fora. Porque sinceramente, se alguém aparecer aqui e só tiver Marjorie e Melissa... - o Hill me olhou, como se pedisse para que eu concordasse.

- Eu controlo ela - acenei com a cabeça em direção à Melissa, decretando que ela ficaria comigo do lado de fora. - Boa sorte, tomem cuidado.

- Valeu, loirinha - com uma piscadela, Jackson se arrastou até a porta, esperando que Michonne pudesse abri-la com cuidado e sem rangidos.

(+)

FLASHBACK ON

- Eu te amo, minha menina... - meus olhos fechados me impediam de vê-la, mas podia sentir as mãos de mamãe acariciando meus cabelos.

Ainda na estrada, dentro daquele carro pequeno, nós tentávamos seguir em frente, procurando um lugar seguro. Mas, mesmo com o mundo se acabando do lado de fora, deitada no colo da minha mãe eu sentia como se tudo estivesse bem. Tudo sempre estava bem em seu colo tão seguro.

Bocejando, voltei a dormir tranquilamente.

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₀₁ 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒. ! ༉ 𝘁𝗵𝗲 𝘄𝗮𝗹𝗸𝗶𝗻𝗴 𝗱𝗲𝗮𝗱 Onde histórias criam vida. Descubra agora