₀₁ 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒. ! ༉ 𝘁𝗵𝗲 𝘄𝗮𝗹𝗸𝗶𝗻𝗴 𝗱𝗲𝗮𝗱 ⎷

018.

❛ ( 018. chaos ) ❜

cont.
' JACKSON HILL'S POV '

- SABIA QUE TE ENCONTRARIA AQUI - digo ao ver Michonne ainda de costas para mim. Dentro do apartamento do Governador, a mulher permaneceu parada, seu olhar fixo em uma porta de madeira escura.

Não foi difícil supor que aquele seria seu primeiro destino. Afinal, era como eu disse: Michonne tinha pendências à serem tratadas. Governador havia conseguido tirar toda empatia e paciência que habitavam dentro de Mich e agora ela só sentia ódio pelo o homem.

O que também não era muito difícil.

Eu também o detestava.

- Não deveria estar aqui - ela bufa.

- Bom, nem você - retruco, dando de ombros. - Engraçado você achar que eu realmente viraria as costas para livrar minha bunda e deixaria a sua aqui para ser chutada sozinha.

- E lá vem a tagarelice - Michonne revira os olhos ao se virar finalmente para mim. Sorrindo fraco, ela parece grata por me ver, ao mesmo tempo que a preocupação também podia ser facilmente notada em sua postura. - Agradeço por andar me defendendo tanto, garoto. Mas ainda acho que não devia se enfiar nessa comigo, é perigoso. Marjorie espera você voltar para casa, tem que se cuidar mais.

- Você também - afirmo, cruzando os braços em frente ao peito, a arma no coldre improvisado que fiz no caminho fazendo um barulho fino com o ato. - Marjorie também espera por você. Dora, Mel... enfim. Não pense que se livrará de nós tão fácil assim, Mich. Podemos cuidar um do outro.

Ela não era do tipo fácil. Fácil em demonstrar o que sentia, que era boa e que, no fundo, tinha um coração bem mole. Mas apesar de tudo isso, ainda sim era quase sempre fácil de se ler. Michonne carregava uma carga que nunca nem ao menos cheguei perto em adivinhar o quão grande era.

Mesmo assim, tinha noção disso.

Porque ela era fácil de ser lida.

E também tinha se apegado à nós. Na ideia de proteger alguém além dela e da loira teimosa. Talvez pelo fato de que eu e as meninas pudéssemos parecer órfãos sem rumo, porém aquilo realmente já não importava mais: porque ela nos queria em segurança. Isso já bastava muito pra mim.

- Tem algo atrás dessa porta - ela explica por fim, sabendo que não me faria sair dali sem ela. Michonne volta a encarar a porta, me fazendo fazer o mesmo. - Ouço barulhos vindos de lá de dentro.

Fico vidrado alguns segundos para poder ouvir algo, mas nada soa.

- Se você diz - respondo, incerto.

Com um único movimento a mulher de dreads avança com sua katana afiada para cima da maçaneta dourada, que faz um barulho notável ao finalmente escancarar a porta.

Dou um pulo ridículo pelo o susto.

Me recomponho com um pigarreio, andando para dentro do outro cômodo atrás de Michonne e sua aura de mistério. Ao pisar do outro lado do batente, um ar frio já soprou meu rosto, como se o clima tivesse despencado de repente.

Michonne suspira ao ver a cena a seguir. Quase faço o mesmo, mas meu cérebro quase entra em combustão ao também quase se esquecer de como respirar. Arregalo meus olhos ao passá-los devagar por cada aquário distribuído pela sala gelada.

- Puta merda - sussurro.

Aquário cheios de cabeças.

Cabeças mesmo.