Diana olhou pela janela de sua sala, observando o sol se pôr sobre o horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados. A cena era linda, mas em seu coração, uma nuvem escura persistia. A vida parecia uma pintura, perfeita à vista, mas com traços invisíveis de dor que a isolavam cada vez mais.
Sua filha, Bruna, uma adolescente cheia de vida, estava no sofá, rindo com Thomás, seu namorado. Diana sentia orgulho da garotinha que havia se tornado, mas o peso da responsabilidade a consumia. O marido, Hugo, sempre tão controlador, tornava qualquer momento de descontração um desafio. O simples ato de ir até a casa de Fátima, sua vizinha e amiga, era quase impossível.
Enquanto isso, Fátima se preparava para mais um jantar em casa. Robson, seu marido, tinha um jeito de fazer o ar na sala parecer pesado, carregado de tensão. Ela se lembrava dos dias em que sonhava em ser artista, mas esses sonhos pareciam agora fragmentos de uma vida que nunca teria.
Quando o telefone tocou, um pequeno lampejo de esperança atravessou o peito de Fátima. Era Diana.
— Fátima? — a voz suave de Diana soou do outro lado da linha. — Podemos nos encontrar? Eu preciso de você.
O pedido fez o coração de Fátima acelerar. Diana sempre fora uma luz em sua vida, mas a ideia de sair à noite a deixava apreensiva. Robson não ficaria feliz, mas algo dentro dela a empurrou a concordar.
— Claro, vou até a sua casa em alguns minutos.
Assim que desligou, um turbilhão de emoções a dominou. Fátima se arrumou rapidamente, escolhendo uma blusa que costumava amar. Ao se olhar no espelho, o reflexo não refletia a mulher que sonhara ser, mas uma sombra dela. Com um suspiro profundo, ela saiu de casa, o coração palpitando.
Diana a esperava na porta, um sorriso caloroso iluminando seu rosto, mas seus olhos denunciavam preocupação. As duas se abraçaram, e Fátima sentiu que, ao menos naquele momento, estava segura.
— Oi! Que bom que você veio! — disse Diana, puxando-a para dentro. — Eu preparei um chá. Precisamos conversar.
Sentadas à mesa, com as xícaras quentes entre as mãos, Fátima sentiu o calor do chá subir até seu rosto, mas não era suficiente para dissipar o frio na barriga.
— Você está bem? — Diana perguntou, quebrando o silêncio tenso.
Fátima hesitou, os olhos baixos. Era difícil falar sobre Robson. Era difícil admitir a dor.
— É... eu estou... sobrevivendo. — A resposta saiu quase como um sussurro.
Diana, percebendo a hesitação, moveu-se para mais perto. — Você não precisa fazer isso sozinha. Estou aqui, Fátima.
Os olhos de Fátima se encheram de lágrimas. A amizade entre elas era um porto seguro, e o que estava escondido sob a superfície começava a se revelar.
— Eu não sei como sair dessa. Às vezes, parece que ele tem controle sobre tudo.
Diana apertou a mão de Fátima, um gesto simples, mas cheio de significado. — Nós podemos encontrar uma saída juntas. Eu sei que você é forte. Você só precisa se lembrar disso.
O olhar de Fátima encontrou o de Diana, e naquele momento, algo mudou. Não era apenas a dor que compartilhavam; era a esperança de um futuro diferente. O vínculo entre elas se fortalecia, revelando uma conexão que ia além da amizade.
— Você se lembra do que falávamos sobre os nossos sonhos? — Diana perguntou, a voz suave como um sussurro.
Fátima acenou. Como esquecer? Mas sua voz falhou em responder.
— Vamos resgatar isso. Vamos nos apoiar. Quero que você saiba que, não importa o que aconteça, você não está sozinha.
As palavras de Diana tocaram algo profundo em Fátima. Era hora de encarar seus medos, não apenas por si mesma, mas pela Bruna, por Diana, por um futuro que ainda poderia ser colorido. O chá esquentava suas mãos, mas a verdadeira transformação começava dentro de seu coração.
Com um novo brilho nos olhos, Fátima respirou fundo. A jornada estava apenas começando, mas, ao lado de Diana, ela sentia que poderia enfrentar qualquer tempestade.
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Minha DOCE vizinha
FanfictionEm um momento onde a luta pela liberdade é constante, Diana e Fátima, vizinhas e casadas, se tornam aliadas em suas batalhas pessoais. Enquanto Diana vive sob o domínio de um marido possessivo, ciumento e luta para criar sua filha em um ambiente seg...