Coragem para ser livre

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Na manhã seguinte, Fátima estava na cozinha, arrumando um pão com queijo para o café da manhã, quando Robson entrou com o semblante de desconfiança.

– Onde você estava ontem à noite? Chegou tarde – ele perguntou, o tom ácido, os olhos percorrendo o corpo dela como se estivesse avaliando cada detalhe.

Fátima suspirou, tentando manter a calma.

– Eu estava resolvendo umas coisas, Robson. Nada demais – respondeu, mordendo o pão.

Robson torceu o nariz e balançou a cabeça.

– Espero que não tenha parado por aí atacando fast food – ele provocou, observando-a colocar mais queijo no pão. – E você ainda vai comer isso? Tá difícil te ajudar a emagrecer desse jeito!

Fátima sentiu o sangue subir, e antes que pudesse controlar o impulso, bateu as mãos com força na mesa, fazendo o barulho ecoar pela cozinha.

– Dá pra você me deixar em paz? – ela gritou, o rosto quente de raiva. – Eu não estou nem aí pra dieta nenhuma, Robson! Eu não sou a porra de uma boneca, sou gente, e eu preciso me alimentar! Tô cansada de você e desse controle ridículo!

Robson recuou um pouco, surpreso. Ele nunca a tinha visto se impor daquela maneira. Com um olhar perplexo, ele balbuciou:

– O que deu em você? Você nunca agiu assim...

Fátima o encarou com firmeza, com um brilho decidido nos olhos.

– O que deu em mim? Eu cansei, Robson. Cansei de ser tratada como se fosse apenas um projeto seu, como se eu precisasse ser moldada pra caber nas suas expectativas. Eu sou uma mulher, Robson, e não preciso da sua permissão pra ser feliz do jeito que eu sou.

Robson ficou em silêncio, boquiaberto, sem saber como reagir à nova postura de Fátima. Nesse exato momento, a campainha tocou. Fátima respirou fundo, como se aquele som fosse um sinal de alívio.

– Eu vou atender – disse, deixando Robson parado na cozinha, atônito.

Ao abrir a porta, ela encontrou Diana com um sorriso enorme no rosto. Antes que Fátima pudesse dizer qualquer coisa, Diana a abraçou calorosamente.

– Você por aqui?? Entra! – disse Fátima, sentindo-se revitalizada com a presença de Diana.

– Vim pegar umas coisinhas que ficaram aqui e aproveitar pra te chamar pra almoçar – respondeu Diana, lançando um olhar para Robson, que agora observava a cena da porta da cozinha.

Com um sorriso malicioso, Robson as encarou, cruzando os braços e olhando Diana de cima a baixo.

– Nem chegou e já quer sair? Podiam ficar aqui. Adoro a amizade de vocês – disse ele, com um tom irônico que não passou despercebido por Diana.

Diana lançou-lhe um olhar de puro desprezo e, em seguida, virou-se para Fátima com um sorriso provocador.

– Não, obrigada. Vou levar a Fátima pra comer algo bem reforçado. Que tal uma churrascaria, Fá? – perguntou, e um sorriso escapou dos lábios de Fátima, percebendo o claro toque de provocação de Diana.

Robson, horrorizado, deu uma risada amarga.

– Você é doida? Sabe quantos quilos a Fátima vai ganhar comendo isso? – rebateu ele, na tentativa de desqualificar o convite.

Diana revirou os olhos, exalando impaciência.

– Olha, Robson, sinceramente, isso não me interessa nem um pouquinho. Vamos, Fá? – Diana disse, estendendo a mão para Fátima, que segurou com gratidão.

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