Novos começos

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A manhã seguinte chegou com o canto dos pássaros, mas a sensação de alívio que Fátima esperava não se concretizou. Robson estava em casa, como sempre, com a expressão fechada e o olhar crítico. Enquanto ela preparava o café da manhã, sentiu o peso da presença dele atrás dela.

— O que você fez para emagrecer essa semana? — Robson perguntou, com um tom que não deixava espaço para respostas.

Fátima hesitou, lembrando da conversa com Diana na noite anterior. A última coisa que queria era mais uma briga.

— Estou tentando seguir a dieta — murmurou, o nó no estômago se apertando.

Robson bufou, revirando os olhos. — Tente mais. Você sabe que a aparência é tudo, não sabe? — Ele se levantou, passando a mão pelo cabelo em um gesto de impaciência. — Não quero que você se sinta à vontade assim.

Fátima mordeu o lábio, engolindo a raiva e a tristeza. As palavras dele eram lâminas, mas ela estava decidida a não deixar que o ferissem mais.

Depois do café, ela saiu de casa com a cabeça baixa, tentando se convencer de que o dia poderia ser diferente. O sol brilhava, e uma leve brisa acariciava seu rosto. No fundo, ainda carregava as palavras de Diana, e a ideia de se libertar começava a germinar.

Ao chegar na casa de Diana, a atmosfera era completamente diferente. A porta se abriu para um lar acolhedor, e Diana estava lá, com um sorriso genuíno.

— Oi! Que bom que você veio! — disse, puxando Fátima para um abraço. — Entre!

Fátima sentiu um leve sorriso se formar em seu rosto, como um pequeno escape da sua realidade. Sentaram-se à mesa, e Diana trouxe um lanche saudável.

— Vamos começar com algo leve, ok? — disse Diana, cortando fatias de frutas. — Quero que você se sinta bem.

Fátima observou as cores vibrantes das frutas e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se um pouco mais leve. Elas conversaram sobre trivialidades, e Diana falou sobre Bruna e seu namoro com Thomás.

— Ela é incrível, não é? — comentou Fátima, observando a paixão nos olhos de Diana.

— Sim! Estou tão orgulhosa dela. E você também, Fátima. Não se esqueça disso. Você é uma mulher maravilhosa.

O elogio fez o coração de Fátima aquecer. Conversar com Diana era como respirar ar fresco.

— O que você gostaria de fazer hoje? — Diana perguntou, olhando para Fátima com expectativa.

Fátima hesitou. A ideia de fazer algo diferente a animava, mas a lembrança de Robson a deixava insegura.

— Eu... não sei. Não posso ficar muito tempo longe de casa. — A tristeza era inegável em sua voz.

Diana percebeu a hesitação e, com um olhar gentil, sugeriu: — Que tal darmos uma volta pelo bairro? Um pouco de ar livre pode fazer bem.

Fátima concordou, sentindo uma leveza que não experimentava há muito. Enquanto caminhavam, conversando e rindo, Fátima começou a se sentir mais confiante. O mundo parecia mais amplo, e a pressão de Robson, pelo menos por aquele momento, se dissipava.

Durante a caminhada, passaram por um parque onde algumas crianças brincavam. A cena trouxe lembranças à mente de Fátima, e ela se lembrou de quando tocava piano, as notas fluindo como se fossem parte dela.

— Você já pensou em voltar a tocar piano? — perguntou Diana, quebrando o silêncio.

O coração de Fátima acelerou. Tocar piano era uma paixão que ela havia abandonado, sufocada pela rotina e pelas imposições de Robson.

— Não sei... — respondeu, hesitante. — Robson não acha que eu deveria perder tempo com isso.

Diana parou, olhando diretamente nos olhos de Fátima. — E você? O que você acha? Você merece fazer algo que ama.

Fátima sentiu uma faísca de esperança acender dentro dela. A ideia de retomar a música parecia quase mágica. A conversa continuou, e a cada palavra, a coragem de Fátima crescia.

Quando finalmente voltaram para casa, Fátima sentiu-se renovada. O dia ainda não tinha mudado sua vida, mas a amizade com Diana era uma luz que começava a iluminar seu caminho. E, mesmo sabendo que Robson a aguardava, ela sentia que estava começando a se encontrar de novo.

Ao abrir a porta de casa, Robson a encarou, e a expressão dele imediatamente escureceu. — Onde você estava?

Fátima respirou fundo, segurando a nova confiança que estava começando a florescer. — Fui dar uma volta com Diana.

Ele revirou os olhos. — E não poderia me avisar?

— Eu só... precisava de um pouco de ar, Robson. — A voz dela estava firme.

Ele a encarou, surpreso com a resposta, mas ela sentiu que, mesmo que a jornada para a liberdade ainda estivesse apenas começando, cada passo contava. E assim, Fátima se preparava para enfrentar o que viria a seguir, com a esperança de que, ao lado de Diana, o peso da opressão se tornasse mais leve.







Att: Oiiiii, genteeeee!!! Queria saber se vocês estão gostando do tamanho da história ou se vocês querem que seja um pouco maior. Postando antes da novela começar porque já que não temos migalhas lá, podemos ter por fanfic 😂💜

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