Um novo começo

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As duas ficaram ali, sozinhas e em silêncio, enquanto o mundo ao redor parecia desaparecer. Mas, escondido nas sombras, Hugo observava tudo. Ele já havia visto Diana e Fátima juntas antes, e aquele momento apenas confirmava o que ele tentava ignorar. A raiva crescia dentro dele a cada segundo, mas ele conteve-se, esperando o momento certo para agir.

Na manhã seguinte, a campainha da casa de Diana tocou cedo. Ela já estava esperando o advogado, um homem formal e sério chamado Dr. Almeida. Vestida de forma sóbria e com um olhar determinado, Diana abriu a porta e Hugo se aproximou, surpreso ao ver o advogado com uma pasta cheia de documentos.

— Doutor Almeida, agradeço por vir tão cedo. — Diana tentou manter a formalidade, sem olhar diretamente para Hugo, que observava tudo com uma expressão de pura desconfiança.

Dr. Almeida cumprimentou ambos e ajeitou os óculos, olhando para Diana e depois para Hugo. — Bom dia, senhor e senhora. Como já conversamos por telefone, Diana, hoje é o dia de discutirmos oficialmente os termos do divórcio.

Hugo franziu o cenho e deu uma risada cínica. — Divórcio? E você acha que vai ser tão simples assim, Diana? — Sua voz saía em um tom ácido, como se tentasse mantê-la no controle.

Diana o encarou com firmeza, sem ceder ao tom dele. — Hugo, nós já tivemos essa conversa. Não há mais nada a discutir. Eu tomei minha decisão.

— Decisão? — Hugo cruzou os braços, zombando. — E você acha que é só trazer um advogado, assinar uns papéis e pronto? Depois de tudo que construímos, você acha que vai sair daqui assim, como se fosse uma adolescente em crise?

Dr. Almeida interveio, mantendo-se calmo. — Senhor Hugo, entendo que esta seja uma situação difícil, mas o processo já foi iniciado, e estamos aqui para facilitar um acordo justo para ambos.

Hugo riu amargamente e olhou para o advogado. — Justo? Justo para quem? Para ela, que quer largar tudo, ou para mim, que fiz de tudo por esse casamento? — Ele olhou de volta para Diana, os olhos cheios de raiva. — Acha que eu vou deixar isso acontecer sem lutar?

Diana respirou fundo, sentindo a tensão crescente. — Hugo, não é uma questão de "deixar" ou "não deixar". Nosso casamento já acabou faz tempo, e você sabe disso. Chegou a hora de seguir em frente.

Dr. Almeida se adiantou, pegando um documento da pasta e o colocando sobre a mesa. — Aqui estão os termos iniciais do acordo, que incluem a divisão de bens e a pensão, caso seja do interesse de ambos. Claro, podemos discutir ajustes...

Antes que pudesse terminar, Hugo pegou o papel com brutalidade, o rosto vermelho de raiva. Ele começou a ler os primeiros parágrafos, mas cada palavra parecia inflamá-lo ainda mais. Até que, com um movimento repentino, ele rasgou o documento ao meio, jogando os pedaços sobre a mesa.

— Isso é um absurdo! Você realmente acha que eu vou aceitar essa humilhação? — Ele encarou Diana, os olhos carregados de ressentimento. — É isso que você quer, Diana? Rasgar tudo o que construímos? E para quê? Para ficar com aquela... — Ele hesitou, quase cuspindo as palavras, mas o olhar de Diana o fez calar.

Ela se aproximou dele com calma, sem desviar o olhar. — Não é uma questão de destruir, Hugo. É uma questão de seguir em frente, sem mais mentiras, sem mais ressentimentos. Não vou me justificar mais. Nós dois sabemos que isso é o melhor.

Hugo balançou a cabeça, exasperado. — Melhor pra quem, Diana? Pra você? Porque eu estou vendo bem o que está acontecendo. Acha que eu sou cego?

Dr. Almeida, tentando manter a ordem, interveio mais uma vez. — Senhor Hugo, compreendo sua posição, mas é importante que ambos pensem nas consequências. Um processo litigioso será mais desgastante para todos, e meu conselho é que consideremos um acordo amigável.

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