O som do despertar

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As palavras de Diana ecoavam na mente de Fátima. Ela sabia que algo em sua vida precisava mudar, mas a confusão e a insegurança ainda a consumiam. O que ela realmente queria? De onde viria a força para tomar as rédeas do seu futuro?

Determinada a não se afogar em pensamentos sombrios, Fátima desceu até o porão. Ali, no canto, o velho piano parecia um portal para outra versão dela mesma, uma versão que conhecia a liberdade. Sentando-se diante das teclas, ela começou a tocar. Cada nota, cada melodia, era como uma faísca, reacendendo a chama dentro dela. O som a envolvia, trazendo uma calma que ela não sentia há tempos.

No meio da música, o celular vibrou. Era uma mensagem de Diana.

**Diana:** "Oi, Fátima! Que tal um pulinho na piscina do condomínio? Eu e Hugo estamos indo com a Bruna. Vem com a gente?"

Fátima hesitou. A ideia de usar um biquíni a fazia se sentir exposta, vulnerável. Mas ao pensar em Diana, em como ela sempre a fazia sentir-se segura, o medo diminuiu um pouco.

**Fátima:** "Oi, Diana! Piscina? Hmm... Não sei se estou pronta pra isso."

Diana foi rápida em responder.

**Diana:** "Vem sim! Não se preocupe com essas coisas. O importante é se divertir. Eu tô aqui por você! :)"

Fátima sorriu. A confiança que Diana passava era contagiante.

**Fátima:** "Ok, vou pensar. Vejo vocês lá mais tarde!"

O relógio parecia acelerar conforme a hora de ir à piscina se aproximava. Fátima olhou para si mesma no espelho. Colocou um vestido leve por cima do biquíni e saiu de casa, o nervosismo se misturando com a antecipação.

Quando chegou à piscina, viu Diana e Hugo montando cadeiras de praia, enquanto Bruna já se divertia na água.

— Oi, Fátima! — gritou Bruna, animada. — Vem pular comigo!

Fátima sorriu, mas seus pés pareciam colados ao chão, hesitantes. Diana percebeu o desconforto da amiga e caminhou até ela.

— Ei, está tudo bem? — Diana perguntou com suavidade, segurando levemente o braço de Fátima.

— Eu... Não sei se me sinto à vontade. — Fátima admitiu, olhando ao redor, sentindo-se exposta.

Diana, sempre sensível ao que ela sentia, sorriu encorajadora. — Fátima, você é incrível do jeito que é. Não precisa se preocupar com isso. Nós estamos aqui para nos divertir. O que importa é você estar bem.

O apoio de Diana aqueceu o coração de Fátima, dissipando parte da insegurança. Ela respirou fundo, tirou o vestido e mergulhou na piscina, sentindo a água fresca envolver seu corpo. A princípio, sua mente ainda estava presa nas inseguranças, mas aos poucos, a leveza da água e a companhia de Diana a fizeram relaxar.

Elas jogaram vôlei, riram juntas, e Fátima começou a se sentir mais conectada com aquela parte de si que havia esquecido. Estava se divertindo, quando, de repente, ouviu a voz fria de Robson cortando o ar.

— Ora, ora, finalmente resolveu mostrar o corpo, Fátima? — Ele disse com desdém, os braços cruzados. — Eu pensei que estivesse mais preocupada em emagrecer.

As palavras caíram sobre ela como um balde de água fria. O sorriso desapareceu, e o som da água ao redor ficou distante. O rosto de Fátima corou de vergonha, o nó em sua garganta apertou. Diana, percebendo a tensão, rapidamente se aproximou.

— Robson, qual o seu problema? — A voz de Diana estava carregada de firmeza. — Fátima está aqui para se divertir, não para ser julgada.

Robson revirou os olhos. — Estou apenas sendo realista. Ela devia estar se concentrando em emagrecer, não em... isso.

Fátima sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Diana a puxou para perto, segurando sua mão com força. O toque de Diana era caloroso, firme, e sua voz era um sussurro reconfortante.

— Fátima, você não tem que ouvir isso. Você é linda, exatamente como é. Não deixe que ele te diminua.

O olhar de Diana, profundo e carinhoso, foi suficiente para que Fátima sentisse uma faísca de coragem se acender dentro dela. As palavras de Robson ainda machucavam, mas o apoio de Diana era como um escudo.

Robson olhou para as duas com desdém, mas não disse mais nada. Sua frustração era evidente, mas ele sabia que estava perdendo terreno. — Vamos ver até quando isso dura. — Ele murmurou, se afastando.

A tensão ainda pairava no ar, mas Fátima sentiu que algo havia mudado dentro dela. Olhou para Diana, que ainda segurava sua mão, e sorriu, agradecida.

— Obrigada. — disse Fátima, com a voz trêmula. — Não sei o que faria sem você aqui.

— Você faria exatamente o que acabou de fazer. — respondeu Diana, sorrindo com ternura. — Enfrentaria, como a mulher forte que você é.

O olhar entre as duas durou um pouco mais do que o habitual, carregado de algo que ambas ainda não haviam nomeado. Um entendimento silencioso, uma conexão que ia além das palavras. Ali, sob o sol da tarde, Fátima se sentiu segura pela primeira vez em muito tempo.

Bruna, percebendo o clima mais tenso, se aproximou com uma ideia.

— Ei, que tal a gente pegar um cineminha mais tarde? — sugeriu, animada. — Vai ser divertido e perfeito pra relaxar!

— Ótima ideia! — disse Hugo, enquanto pegava suas coisas. — O que vocês acham?

Fátima olhou para Diana, que sorriu em aprovação.

— Eu topo! — disse Fátima, sentindo que o convite era uma oportunidade de prolongar o bom momento.

Com todos concordando, começaram a se organizar para o cinema. No caminho para o carro, Diana e Fátima caminharam lado a lado, o toque ocasional de seus ombros parecia intencional. A leve brisa da tarde e o riso de Bruna ao longe criavam um ambiente descontraído, mas a tensão entre elas crescia de maneira sutil e palpável.

Dentro do carro, com Bruna e Hugo distraídos na escolha do filme, Fátima não pôde evitar sentir o olhar de Diana sobre ela. Era como se algo maior estivesse por vir, algo que elas não ousavam dizer em voz alta, mas que ambas sentiam intensamente. O silêncio entre elas não era incômodo, pelo contrário, era repleto de significado.

Em um momento, as mãos de Fátima e Diana se tocaram, quase que acidentalmente, mas nenhuma das duas se afastou. Elas se olharam brevemente, o coração de Fátima acelerando, e naquele instante, ela soube que aquela conexão entre elas estava crescendo, tomando forma.

O cinema era apenas uma desculpa. Algo muito mais profundo estava começando a florescer.

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Att: eu tô amando escrever essa fic que já tenho mais 2 capítulos escritos kkkk 🥹  pensando em soltar ao menos mais um hoje 🫶🏻

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