Capítulo 24

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Toda a adrenalina antes sentida, parecia ter se esvaído de uma vez. Meus músculos pareciam ter se transformado em chumbo, pesados e ineficientes. O canivete escapou de minha mão, caindo com um som metálico no chão.

- O que está fazendo aqui?

- Vim me encontrar com você. - Pierre foi até uma janela enferrujada e olhou para a rua lá embaixo.

- Foi você quem mandou a mensagem? Você é um dos terroristas?

- Sim... espera, não! - Seus olhos confusos examinavam minha expressão, e seus dedos tremiam levemente enquanto ele apoiava a mão na janela. - Não exatamente.

- O que quer dizer? Por que me mandou aquela mensagem? - Minha cabeça estava começando a doer com tantas perguntas.

- Há muitas coisas que preciso esclarecer a você. - Com uma última olhada pela janela, ele se aproximou. - Preciso que me escute com atenção e acredite em mim.

O olhar de Pierre era intenso, mas também parecia cansado. O analisando mais de perto, pude notar como ele estava diferente, com olheiras marcando seu rosto, suas roupas sempre sociais e de marcas caras, foram substituídas por um casaco manchado e uma calça de moletom. Além de tudo, um leve cheiro de suor e desespero emanava dele.

- Amanda, o que matou seu pai não foi a leucemia. - Seus olhos pareciam encarar o fundo da minha alma. - Makarov foi a causa da morte dele.

Um sorriso sarcástico escapou de meus lábios antes que eu me desse conta de suas palavras. 

- O que está dizendo? - Meu sorriso se desmanchou aos poucos.

- Makarov e seu pai eram aliados antes de você nascer. Melhores amigos para ser mais exato. - Seus dedos passearam pelos cabelos suados. - Seu pai trabalhava com ele para ajudá-lo a se tornar o líder da Rússia. O plano era ambicioso. Eles sonhavam com a Rússia dominando o mundo a qualquer custo. O plano envolvia ataques terroristas em capitais e grandes cidades europeias, não muito diferente de seu plano atual.

Conforme Pierre falava, eu sentia meu interior se contorcer. Minha cabeça agora parecia com o dobro do peso e única coisa que eu queria era ir embora dali. Mas a dúvida me corroía por dentro. Seria tudo verdade? Precisava saber, mesmo que a resposta me destruísse.

- Acredite em mim, eu nunca mentiria algo assim a você.

- Como... como você conhece Makarov?

- Meu pai... - Ele hesitou, deixando escapar um suspiro. - Meu pai trabalha para ele.

Meus olhos se arregalaram e minha boca ficou seca. Tentei dizer algo, mas minha mente havia se tornado um borrão.

- Ele fornece peças e também busca informações pessoais para o grupo de terroristas.

- Você... - Meus pensamentos se atropelavam e milhões de perguntas ecoavam em minha cabeça. - Como pôde esconder isso?

- Eu fiz isso pela sua segurança. Todo esse tempo eu escondi sua identidade de meu pai. Eu até mesmo tentei comprar a cafeteria para que você não ficasse tão exposta. Mesmo sabendo que você recusaria. - Pierre segurou meus ombros com força, me fazendo encarar seus olhos. - Eu sabia que se meu pai descobrisse sobre sua verdadeira identidade, ele a entregaria a Makarov. E só Deus sabe o que ele faria a você.

- Isso não faz sentido. - Desvio de seu toque. - Makarov atacou uma das lojas de seu pai. Eu mesma vi.

- Aquilo foi apenas um aviso. As autoridades estavam no nosso pé e por conta disso meu pai estava se recusando a trabalhar para ele. - Seus punhos se cerraram, fazendo suas veias saltaram. - Acreditar em mim é a única forma de você estar segura. Eu faria qualquer coisa para te proteger.

Amor, guerra & café - Simon Ghost RileyOnde histórias criam vida. Descubra agora