Capítulo 3

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Uma grossa camada de neve se estendia sob meus pés enquanto eu girava a chave na fechadura para abrir a cafeteria. Pendurei o casaco e comecei meu ritual de todas as manhãs, acender as luzes, arrumar as mesas do lado de fora, vestir o avental e começar a moer os grãos de café. Minha parte favorita.

Cerca de uma hora depois eu ouvia o sino da porta soar.

- Bom dia, Marie.

- Bom dia, Amanda.

Marie trabalhava na cafeteria comigo. Tinha os cabelos claros, mas não loiros. Pele branca e bochechas sardentas. Era fiha de um casal de amigos dos meus pais, estava no terceiro semestre de psicologia e era cinco anos mais nova do que eu. A família de Marie sempre foi muito próxima da minha, por conta disso a considero como uma irmã mais nova, tendo em conta que somos filhas únicas.

Conforme o Sol dava as caras, os clientes começavam a aparecer. Marie atendia as mesas enquanto eu ficava na cozinha. Na parte do meio-dia, quando o movimento diminuía, Marie e eu trocávamos de lugar. Já no período da tarde, não tínhamos muito tempo para escolher, então cada uma fazia o que era mais urgente.

- Desculpe por não ter ficado para fechar a cafeteria com você ontem. - Entre um pedido e outro, Marie e eu aproveitávamos para conversar.

- Não precisa se desculpar, eu já disse a você que os trabalhos da faculdade vem em primeiro lugar.

- Ainda assim me sinto mal em deixar você fechar a cafeteria sozinha. Você sabe o que os jornais andam anunciando.

- Sobre os ataques terroristas?

- Sim.

- São apenas rumores.

- Não é verdade. Temos que tomar cuidado, Amanda. - Marie parecia preocupada. - Ao menos antes você tinha Pierre para cuidar de você.

- Ah não. Por favor, não me fale dele. - Reviro os olhos e pego um punhado de café.

- Vocês se encontraram de novo?

- Não.

- Tem certeza?

- Sim. - Ela arqueia a sobrancelha. - O que foi?

- Está mentindo.

- Por que diz isso?

- Está moendo café de novo. - Minhas mãos travam, fazendo o moedor parar bruscamente. - Quando foi que se encontraram?

- Ontem, enquanto fechava a cafeteria.

Ouvimos o sino da porta soar.

- Volto logo. Não saia daqui, você ainda vai terminar de me contar essa história.

Marie deu meia volta e se dirigiu até a mesa para atender os novos clientes.

Olhei para o moedor em minha frente e deixei um suspiro escapar. Guardei todo aquele café moído enquanto relembrava da noite passada. Nunca imaginei que algum dia veria Pierre daquele jeito, ainda mais comigo. Ele sempre foi o homem perfeito para mim. Ao menos era o que eu pensava há um mês atrás.

- E então? - Marie havia voltado.

- Então o que?

- O que Pierre veio fazer aqui ontem a noite?

- Ele queria apenas conversar e se desculpar.

- Que cara de pau!

- Ele estava estranho. Eu nunca tinha o visto daquele jeito.

- Que jeito?

- Exaltado.

- Ele fez algo contra você? - Encarei a porta por um momento. - Amanda?

Amor, guerra & café - Simon Ghost RileyOnde histórias criam vida. Descubra agora