Capítulo 20

466 52 19
                                    

Simon Riley:

Eu me sentia estranho. Estava agitado, apesar de estar deitado e minhas mãos suavam, apesar de estar menos de cinco graus lá fora. Sentado em minha cama eu relembrava do momento em que os lábios de Amanda tocaram os meus. Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos, lembrando de seu toque em meu cabelo e de como ela me fazia perder o juízo toda vez que se aproximava.

Eu já havia me apaixonado um vez, há alguns anos quando ainda era um sargento. Mas o que eu sentia por Amanda era diferente, era mais forte de tudo o que já havia sentido na vida. Naquele momento eu parecia mais leve, como se o mundo sorrisse para mim e sentia que era capaz de fazer qualquer coisa.

Até o instante em que Soap entrou no quarto.

- O que faz aqui, tenente?

- É o meu quarto também, caso não se lembre.

- Sim, eu me lembro. Mas passa da meia-noite e normalmente você está perambulando por aí nesse horário.

- Estou cansado.

- Sei. - Seu olhar desconfiado cai sobre mim.

- E você?

- Eu?

- Sim, normalmente você está roncando e molhando seu travesseiro com baba nesse horário.

- Estou sem sono.

- Hum. - Nos encaramos por um momento.

Soap pegou suas coisas e seguiu para o banheiro. Aproveitei a deixa para procurar algum livro em minha estante, apenas para ter a desculpa de estar ocupado para evitar responder qualquer pergunta que ele fizesse. Mas meus olhos apenas serpenteavam pelas palavras enquanto minha mente estava em outro lugar.

Minutos depois, ouvi Soap resmungar algo de dentro do banheiro.

- Ghost?!

Levantei da cama com um pulo, deixando o livro cair no chão.

- Ghost? - Sua voz me chama novamente. - Atenda a porra da porta!

Meus sentidos ainda estavam voltando ao normal quando finalmente ouvi batidas apressadas vindas da porta do quarto.

-------- ~ --------

Amanda Aubinet:

Era madrugada. Sentei na cama ainda sonolenta e olhei para o relógio.

00:25 am.

Cocei os olhos e encarei Riley. O filhote estava choramingando havia um tempo e eu não sabia o que fazer.

Com um pequeno salto ele desceu da cama, caminhou até a porta e começou a arranhá-la.

- O que você quer, droga! - Ouvi mais um choramingo em resposta.

Joguei uma água no rosto e o peguei no colo, enrolando meu roupão em volta de seu pequeno corpo.

- Você é complicado igual ao seu pai.

"Pai".

Sorri ao pronunciar aquela palavra.

- Bom, talvez ele saiba o que fazer com você.

Saí do quarto em silêncio, descendo as escadas do dormitório feminino e subindo as do dormitório masculino. Riley havia parado de chorar e mantinha seus olhos em alerta. Como era de se esperar, não havia ninguém nos corredores, o que fez minhas pernas falharam brevemente, com medo de ser pega por alguém. Mas respirei fundo e continuei. Eu não sabia qual era o quarto de Ghost e também não fazia a menor ideia de como encontrá-lo, apenas andei pelo corredor observando porta por porta.

Amor, guerra & café - Simon Ghost RileyOnde histórias criam vida. Descubra agora