Epilogo

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Anos depois a jovem Helena já não era tão jovem assim, agora em seus 35 anos trabalhava em um pequeno orfanato onde dava aulas de espanhol para os pequenos orfãos, seus pais beirando os sessenta anos sentiam-se orgulhosos de sua pequena garota que conseguiu alcançar boa parte de seus objetivos, morava em uma casa simples e trabalhava com o que mais amava, parecia perfeito, sua vida familiar, profissional e emocional, mas ela sabia que faltava algo, sempre faltou, desde o fatidico dia em que sua segunda família partiu.
Chad fora assassinado, não houveram culpados, ninguém foi preso ou sofreu punição, deixaram o caso de lado, esquecido e apagado, eram o que faziam com casos menos importantes.
O corpo do rapaz fora cremado e suas cinzas jogadas ao mar, Helena chorava copiosamente enquanto deixava que os punhados cinzentos fossem levados pela brisa do mar em uma dança triste e silenciosa.
Henrique e o capitão nunca mais foram vistos, como se nunca tivessem existido, alguns dizem que foram mortos, que o navio afundou em alto mar, foram presos e mortos, existiam muitas teorias para isso, mas ninguém sabe ao certo, são apenas boatos e nem sempre devemos acreditar nesses.
Desculpe, caro leitor, se esperava por um final feliz, com casais felizes, beijos e abraços, mas na vida nem sempre temos finais felizes, não é mesmo? Às vezes os finais não tem a felicidade que procuramos, não que não haja felicidade nesse fim, é claro que existe, mas creio, caro leitor, que criou uma expectativa em sua mente sobre como deveria ser esse fim, desculpe por decepcioná-lo a tal ponto.
Helena varria a casa enquanto sua mente vagueava por aqueles meses no mar, lembrando-se da pessoa que era antes e depois, de tudo o que vivera, das alegrias e tristezas, das dores e amores, era algo que não se podia esquecer, uma cicatriz que nunca iria se fechar e que ela não queria realmente que se fechasse.
Batidas fortes e ritmadas foram dadas contra a porta de madeira fazendo a ruiva sair abruptadamente de seus pensamentos e retornar a vida real.
Helena aproximou-se a passos largos e girou a maçaneta encontrando do outro lado um homem alto, beirando os quarenta, os cabelos levemente grisalhos e a barba por fazer, os olhos negros e penetrantes da mesma forma que se lembrava deles, aquele brilho não mudara em nada, tirando algumas pequenas rugas ao redor de seus olhos e os cabelos grisalhos, o rosto bronzeado de Sol e algumas manchas em sua pele diria que não mudara em nada.
-Helena - o sorriso do homem cresceu ao encontrar a ruiva do outro lado, suas mãos ergueram-se em direção a mulher a sua frente - os anos passam, mas dua beleza só aumenta.
-Henrique... - sem mais palavras a ruiva se jogou contra o moreno e o abraçou, deixando suas lágrimas de saudades escorrerem por seu rosto pálido de surpresa - eu lhe esperei por tanto tempo, tanto tempo que já nem ao menos me lembro de quantos anos fazem.
-Eu também não, meu amor, mas ainda me lembro de tudo o que passamos, de nossos beijos, palavras trocadas, me lembro de tudo como se fosse ontem. Acho que... Podemos recomeçar?
-Sempre - Helena ergueu-se nas pontas dos pés para tocar-lhe os labios do homem com os seus e sorriu suavemente - gostaria de entrar?
-Na sua vida ou em sua casa?
-Em ambas.
-Com certeza.
E assim mais um final feliz se fez, pensaram que iria terminar daquela forma?

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