Nunca a esquecerei

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Henrique andava pelo navio de forma apressada, havia passado dois dias desde que decidira deixar Helena, terminar aquilo que nunca haviam começado, porém lhe doia muito vê-la tão próxima de Chad.
Sabia que fora isso que havia dito, entretanto doia e muito, mas fora escolha dele se afastar, só lhe restava aceitar e esquecê-la aos poucos.
-Filho, podemos conversar? Você tem estado muito distante - o capitão Sanchez aproximou-se do filho e tocou-lhe o ombro sutilmente.
-Claro, pai - os dois caminharam pelo návio até chegarem ao quarto do capitão, Henrique se ajeitou sobre a cama e o capitão fechara a porta.
-Sei que não fui o pai que sempre sonhou, Henry - começou o capitão andando a passos lentos pelo quarto - mas eu quero que veja em mim um amigo, alguém em quem confiar, pode me dizer qualquer coisa, o que quiser.
-Pai, eu... Eu e Helena nunca dariamos certo e... Acabei dizendo para que ela ficasse com Chad, mas só de vê-los sinto raiva...
-Você tomou sua decisão, filho, pretende voltar atrás? - Henrique balançou a cabeça de forma negativa - às vezes tomamos decisões dolorosas em nossa vida e elas podem ferir mais do que nós mesmos, porém temos chance de mudar, às vezes nos damos conta de que estamos errados quando é tarde demais.... Por isso quero que pense bem em tudo, você tem certeza de que está fazendo o certo? Sabe que vou lhe apoiar seja qual for sua decisão.
-Eu amo Helena, mas não quero essa vida para ela, é muita violência, muito sangue, muito roubo... Ela não merece mais dor do que já lhe causei...
-Ela nunca mereceu estar aqui... Você está certo em querê-la longe do návio e por enquanto isso parece a única alternativa.
-E o que eu faço com essa dor em meu peito?
-Deixe estar, deixe o tempo sarar, o tempo cura qualquer dor...
-Mas ainda não curou a sua dor.... faz tanto tempo que mamãe morreu, mas você ainda sofre por ela.
-Sofro de saudades, eu a amava demais, ela foi meu grande amor e grandes amores nunca se esquecem, podemos não chorar mais, não sentir dor, mas esquecer nunca, o amor muda com o tempo, mas nunca desaparece.
-Então irei me lembrar para sempre de Helena? - questionou Henrique um pouco incerto sobre o que realmente queria, tudo estava tão confuso em sua mente, em seu coração se instalava um caos total e quase nada parecia fazer sentido.
-Se ela for seu grande amor, então nunca irá esquecê-la.
Henrique suspirou de forma cansada e deitou-se na cama, sua mente funcionava à mil e sua cabeça parecia explodir.
-Então nunca a esquecerei.
O capitão Sanchez aproximou-se do filho e o abraçou de forma terna, como nunca o havia abraçado em toda sua vida, era um abraço fraterno, cheio de amor e carinho, e como não dizer proteção?
Enquanto isso Chad e Helena conversavam no quarto do loiro, Chad rabiscava algumas coisas em um papel, como se fossem seus planos futuros.
-Sinto tanto a falta de Henrique... - comentou a ruiva passando o dedo indicador pela perna fazendo linha invisiveis e abstratas - podiamos ter outra escolha.
-Ele é um cabeça dura, vai demorar um pouco para que ele caia em si e volte atrás em sua decisão, mas o entendo... Ele nunca amou alguém e quem ele amava acabou perdendo... E ele tem medo de te perder para esse mundo em que ele vive...
-Eu também tenho medo de perdê-lo e eu não me importaria em viver aqui em alto mar, além disso gosto de ficar por aqui, de sentir a brisa do mar e o balançou do navio, poderia passar o resto de minha vida aqui, apenas para fazê-lo feliz.
-Vocês dois são complicados demais, mas vou tentar ajudar, apesar de não ter muita prática como cupído e sim como conquistador...
-Poderia tentar falar com Henrique e fazê-lo compreender que quero ficar com ele.
-Ele é um teimoso sem medidas, não vai ceder apenas com uma conversa, mas ele não sabe perder e podemos usar isso como tática.
Helena pensou por alguns instantes tentando compreender o que o loiro insinuara, porém não chegou à nenhuma resolução.
Chad riu suavemente ao notar a confusão na face da ruiva, não entendia como a bela mulher podia ser tão ingênua apesar de tudo o que passara nesses quase dois meses dentro do navio pirata, sofrendo de todos os tipos de agressões, inclusive físicas.
-Tão ingênua, ruivinha, estou lhe dizendo para causarmos ciúmes em Henrique, fingirmos nos dar bem, ficarmos juntos, não fora isso que ele insinuara? Então é isso o que vai acontecer.
-É uma ideia arriscada demais, ele pode ficar com raiva de você... Ou até mesmo de mim.
-É nossa única alternativa, aceita?
Helena assentiu e suspirou levemente, aquilo não lhe parecia uma ótima opção e sentia que algo poderia dar errado, todavia era sua última chance, era agora ou nunca.
No dia seguinte colocaram o pequeno plano em ação, Chad andava com Helena enquanto seus dedos se entrelaçavam perfeitamente, como se suas mãos tivessem sido feitas para ficarem juntas, o sorriso estampado na cara do loiro não negava sua felicidade e a ideia de conseguir conquistar Helena com esse plano lhe era tentadora.
-Você acha que irá dar certo? - sussurrou a ruiva apertando com um pouco de força a mão do homem ao seu lado.
-Tenho certeza que dará, estou até vendo a cara de irritado de Henry.
Após dizer isso, como se fosse obra do destino, Henrique apareceu em frente a ambos, sua expressão outrora sem sentimentos agora tingiasse de vermelho e raiva o dominava por completo, a sensação de perda era eminente, sentia-se abalado, desolado, caindo em um abismo sem fundo.
Seu coração, que parecia tão forte, partiu-se em milhares de pedaços, espatifara-se contra o chão e seus olhos negros marejaram levemente, porém não se deixou chorar, não deixou suas lágrimas cairem.
Quando juntou um pouco de coragem sorriu para ambos a sua frente e impediu que as lágrimas escorressem por sua pele queimada pelo Sol.
-Bom dia, Chad e Helena - disse o moreno passando ao lado do casal, seus olhos faiscando o ciúmes contido em seu ser.
-Bom dia, Henry - desejou o loiro sorrindo de forma escancarada para provocar o pouco de sanidade que o amigo possuia.
Helena abaixou o rosto sentindo-o queimar por estar sendo encarada por Henrique, sentia-se perdida e incompreendida, para ela seu plano havia falhado.
Entretanto Chad a acalmou assim que o moreno se afastara, dizendo que o outro havia caido direitinho em seu plano e parecia ter acreditado na cena de ambos.
-Logo Henry vai vir aqui correndo atrás de você, pedindo para você não voltar para a Espanha.
-Tem certeza disso? Chad, isso não vai dar certo, estou sentindo que não dará.
-Não vamos desistir agora, ruivinha, essa é sua ultima chance, em algumas semanas estaremos na Espanha e não vai ter outra oportunidade dessas.
-Eu realmente não queria voltar, mas sinto tanta falta de meus pais.... fico pensando como eles estarão sem mim, será que estão sofrendo? Mamãe deve estar arrasada e papai... ele sempre foi muito misterioso e nunca mostrou muitos sentimentos, mas sei que deve estar tão abalado quanto minha mãe.
-Eles devem sentir sua falta também, anjos fazem falta em qualquer lugar.
-Está me chamando de anjo? - Helena sorriu do comentário do loiro e esse assentiu com um sorriso de lado - você parece mais um anjo do que eu.
-Homens maus não viram anjos, ruivinha... - Chad ficou sério por alguns segundos e seus olhos ficaram opacos e sem vida, como se lembrasse de algo ruim.
-Um abraço por seus pensamentos - pediu a ruiva ficando em frente ao homem que balanço a cabeça negativamente.
-Não era nada demais, apenas estava pensando no que farei quando sair daqui... minha tia certamente não irá me querer de volta e tão pouco tenho outro parente para viver, muito menos dinheiro para comprar alguma casa ou até mesmo alugar algum canto.
-Venha morar comigo, então, somos uma família agora, e família nunca abandona ninguém - Helena segurou as duas mãos do loiro e as apertou levemente.
-Eu iria adorar morar contigo, mas ter-me por perto é um risco muito grande, ainda mais em terra firme.
-Que riscos, Chad?
-Não sou esse cara bonzinho que você pensa que eu sou, ruivinha, não mesmo. Vamos comer algo, estou morrendo de fome.
O loiro puxou a garota pelas mãos, ainda estava incerto sobre seu futuro, seu passado tinha muito mais mistérios do que havia contado, e algo dentro de si lhe dizia que seu retorno a sua terra natal não seria tão gentil e ameno como ele pensava.
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Siiiim, o livro está quase chegando ao fim, no máximo terá mais cinco capítulos.
Sei que é bem triste encerrar um trabalho, mas um livro sem fim seria monotono e chato, por isso histórias chegam ao fim.
Espero que tenham gostado desse capítulo e espero que deixem seus comentários, notas, ou qualquer coisa que quiserem dizer, estou aberta a sugestões.

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