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Annabeth's Pov

Hoje o dia de sábado está fechado novamente, o céu nublado indicando que a qualquer momento pode chover ainda não impede que as ruas de New York continuem movimentadas. Demorei um pouco mais do que o normal para chegar ao restaurante, mas assim que estacionei consegui ver Íris entrando no restaurante sozinha. Nosso pai deve estar lá dentro a essa altura.

Respiro fundo sentindo meu coração apertado e quando faço menção para sair do carro, algo capta minha atenção há alguns metros. Uma câmera. É claro que tem alguém aqui. Provavelmente já memorizaram que esse é o meu carro.

Sinceramente, não queria um paparazzi aqui nesse momento. Mas não posso fazer muito além de ignorar e seguir com a vida. Então com isso mente, ponho meus óculos escuros e saio do carro com a bolsa, celular e chave de carros em mãos. Caminho em passos rápidos até o estabelecimento, mesmo sabendo que isso não está impedindo vários cliques da câmera.

Finalmente entro na segurança do restaurante, sabendo que ele estaria lá fora quando eu saísse novamente, e procuro meu pai e minha irmã com os olhos. Não demoro para encontrá-los mais ao fundo do local, onde está quase vazio. Sorrio ao perceber que finalmente iria abraçar meu pai depois de meses, apesar da preocupação que se instala em meu corpo. Tento ignorar isso e focar na possibilidade de ser besteira minha e de Íris.

O sorriso em meu rosto caí no momento em que me aproximo da mesa e percebo o quão magro meu pai está, seu rosto está mais fino, sua expressão é de cansaço e acho que mesmo se ele tentasse não daria pra disfarçar. Ele percebe meu olhar de preocupação e abre um sorriso mínimo, acho que na tentativa de me consolar e mostrar que está bem. Mesmo sendo óbvio que não está. Levo meu olhar para Íris que está sentada ao seu lado e seus olhos dizem o mesmo que os meus, preocupação e surpresa.

Paro em frente a mesa e não sei muito bem o que dizer, o que nunca aconteceu antes quando estou na frente do meu pai. Abro a boca mas a fecho logo em seguida, vendo um lampejo de tristeza nos olhos castanhos do homem na minha frente, talvez por ter omitido sua atual aparência ou por estar assim para início de história.

— Oi filha. — solto a respiração que nem percebi que tinha prendido, coloco a bolsa na mesa e vou em direção a ele.

Frederick se vira de lado para me receber e rodeio seu pescoço em abraço um pouco desajeitado, por ele estar sentado, mas aperto seu corpo contra o meu com cuidado. Ele parece tão frágil. Enquanto o aperto de suas mãos não mudou, meu pai me puxa contra si com força, como se dependesse daquilo pra respirar. E deuses, como eu senti falta desse abraço.

— Senti sua falta, pai. — sinto minha voz embargada e me odeio internamente por estar parecendo uma boba agora. Não é como se ele tivesse passado um ano fora, mas foram quase 6 meses e ele nunca ficou tanto tempo assim.

— Também senti a sua, querida. — sinto sua mão afagando meu cabelo por um momento antes de eu me afastar e sentar do seu lado, ficando de frente para Íris que examinava nosso pai com os olhos.

Frederick intercala o olhar entre nós duas e solta um suspiro, eu nem tento esconder a minha confusão e preocupação. Eu estaria mentindo ao dizer que ver o meu pai nesse estado não me causa um aperto no peito, porque não consigo imaginar um motivo para ele ter mudado desse jeito desde a última vez que nos vimos.

— O que aconteceu, pai? — Íris vai direto no ponto, o que não me surpreende realmente.

— Vamos comer, ok? Estava esperando vocês chegarem para pedirmos nossos pratos e depois podemos conversar. — ele diz já pegando o cardápio da mesa e abrindo.

— Pai!

— Depois, Íris. Por favor. — seu tom não é grosso, mas é decidido. Sabemos que não devemos discutir quando ele usa essa voz.

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