16

350 36 6
                                        

Percy's Pov

Jogo a última peça de roupa no chão e entro embaixo da água gelada, esperando que depois dessa corrida com Grover e do banho minha cabeça pare de doer. O peso que venho sentindo desde que acordei hoje não vai embora e questiono se vai passar depois de falar com o meu pai. A última pessoa que falta eu checar.

Já falei com todas as pessoas importantes para mim, só falta o homem que fez eu ser quem eu sou hoje. Pelo jeito que ele me respondeu hoje mais cedo, está tudo bem. Mas preciso confirmar escutando a voz dele. Porque eu não sinto isso desde a vez que o Jason e o Grover quase sofreram um acidente de carro juntos há um pouco mais de um ano.

Eu estava na Indiana na época e acordei sentindo meu corpo pesado e a sensação de que algo ruim ia acontecer. Uns dois dias depois, eles me ligaram dizendo que o carro quase bateu na traseira de um caminhão porque perderam o controle da direção. Porra. Minhas mãos ficaram geladas na hora.

Odeio essa sensação como se fosse um alerta.

Desligo o chuveiro depois de decidir que foi o necessário, e enrolo a toalha na cintura. Escuto o tremor do celular na mesa do quarto e ando até o cômodo adjacente, ignorando as poças d'água que se formam no piso, vendo a tela acesa.

Pai.

É o que diz na tela. Pego meu celular rapidamente e atendo a chamada.

— Oi filho, te acordei? — sua voz é serena, como sempre. Nunca vi meu pai levantar a voz, talvez ele nunca tenha feito isso nem mesmo no trabalho.

— Pai! Eu estava no banho. Relaxa.

— Acho que é você quem precisa relaxar, estou sentindo sua voz tensa — Poseidon aprendeu a me analisar muito bem depois de tudo — O que houve? Sua mãe me contou que você também falou com ela e que estava estranho.

— Falou com a minha mãe hoje?

— Nos falamos quase todos os dias, aquela mulher não consegue me esquecer. Às vezes tenho pena do Paul, coitado. — seu tom é sério mas sei que ele está brincando. Até consigo imaginar o sorriso grande crescendo no seu rosto.

— Sim, eu mandei mensagem pra ela.

— Quer me contar o que aconteceu? Não precisa se não quiser, mas eu estou aqui. Sou um bom ouvinte, se achar que não precisa eu até posso não dá conselhos. Às vezes é bom só desabafar e saber que está sendo escutado por alguém que se importa.

Eu amo esse homem pra caralho.

— Acordei hoje com aquela sensação de peso no corpo, aquele mal pressentimento. Então estou…

— Checando todas as pessoas importantes para você — meu pai entende rapidamente — Eu estou bem, meu filho. Realmente bem. E não estou mentindo pra não deixar você preocupado.

Solto uma risada curta.

— Já estou seguro em casa, injetei a insulina e jantei. Estou até deitado na cama com o filme pausado para falar com você — sorrio com a imagem desse momento — Eu estou bem.

Ele frisa novamente e respiro fundo, esperando uns minutos para a sensação passar. Mas não acontece. Solto um gemido de frustração.

— Eu acredito que esteja bem, mas ainda não foi embora. — consigo escutar seu suspiro do outro lado.

— Queria estar ao seu lado para te dá um abraço. — passo a mão livre no cabelo úmido e lembro que ainda nem coloquei a roupa.

— Pai, um segundo. — não espero ele responder e coloco o celular na mesa novamente para vestir pelo menos uma cueca.

Mutual • Percabeth Onde histórias criam vida. Descubra agora