Mutual • Percabeth

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Piper's Pov

Não sei quantas vezes eu escutei que, em algum momento, eu e Jason íamos acabar namorando. É claro que excluíam totalmente o fato de que quando nos conhecemos, eu já namorava o Octavian. Mas para as pessoas que nos viam juntos sempre diziam o mesmo. Íamos acabar nos apaixonando e casando algum dia.

Nós dois sempre demos risada com isso. Não acreditamos nessa "superstição". Somos amigos há quase 5 anos e continuamos só isso, amigos. Ou melhor, melhores amigos. Ele é realmente uma pessoa muito especial na minha vida e nunca abriria mão disso.

É claro que isso não significa que eu não saiba que ele é lindo. Já até mesmo disse isso para ele várias vezes. Sei reconhecer um homem lindo quando vejo um. E Jason Grace definitivamente é um dos mais lindos desse mundo.

Também já vi, incontáveis vezes, ele de sunga quando vamos à praia. Então ver seu físico, muito bem definido, não é uma surpresa. Então quando ele tira a camisa e logo depois a calça ficando só de cueca, minha expressão não muda.

— Para quieto. — digo quando seguro a fita métrica ao redor da sua cintura.

— Isso coça. — subo meu olhar pelo seu peitoral até encontrar o seu, com descrença.

— Para de ser mentiroso, você só não consegue ficar muito tempo parado. — argumento e ele dá de ombros.

Anoto suas medidas no caderno e fico em pé para medir a parte do seus peitos. Passo a fita pelas suas costas com agilidade, olhando para os números. Meu corpo fica arrepiado de repente e não preciso levantar o olhar para saber que Jason está prestando atenção em tudo o que eu faço, mais especificamente está olhando para o meu rosto. Não digo nada sobre isso porque não é a primeira vez que percebo ele olhando para mim. Não ligo para isso, não é grande coisa.

Mas não consigo evitar de corar com essa atenção. Esse é o meu trabalho e já fiz diversas vezes com completos estranhos, mas de alguma forma o olhar do loiro me intimida. Talvez seja pela cor azul extremamente forte e brilhante. Com certeza é por isso.

Quando retiro a fita do seu corpo e dou impulso para pegar o caderno, algo chama a minha atenção. Uma tinta preta no seu corpo. Já vi essa tatuagem antes, mas acho que não tão de perto assim. Acho que ela é a mais nova comparada às outras, não deve ter nem 5 meses.

Não penso muito antes de levar minha mão até ao local, bem em seu peito esquerdo. Sei que Jason está atento as minhas ações, mas se ele se opõe a isso, não demonstra. Meu dedo anelar traça o desenho da rosa com cuidado e minha curiosidade aumenta.

— Você nunca me disse.

— O que? — sua voz é baixa, se eu não estivesse perto provavelmente não escutaria.

— Porque fez essa tatuagem. Quer dizer, a maioria das suas tatuagens nos braços não tem um significado, você só achou bonito então fez. Mas por que uma rosa?

— Você já disse a resposta — levanto o meu olhar confusa — Achei bonito e então fiz. É só uma rosa qualquer.

Ergo as sobrancelhas surpresa com seu comentário. Não é uma rosa qualquer. É um lírio. Minha flor favorita. Ele sabe disso, não tem como não saber. Todos à minha volta sabem disso. Só que não tem porque Jason mentir, ele provavelmente só achou o desenho bonito e decidiu tatuar, assim como todas as outras.

Aceno com a cabeça e volto ao trabalho, já estou bastante atrasada se for comparar com os meus colegas de turma, então preciso dar uma adiantada nesse projeto porque o meu trabalho de pesquisa já está completo. Minha cabeça dá um nó só de lembrar que estou prestes a concluir o curso. Há uns 4 anos atrás isso parecia outra realidade para mim.

Quando finalmente termino de tirar todas as medições, olho para Jason e já encontro seu olhar em mim. Inclino a cabeça e coloco o caderno em cima da mesinha, me livrando da fita métrica ao redor do meu pescoço.

— O que foi? — pergunto e ele também inclina a cabeça confuso.

— Como assim?

— Você está me olhando estranho desde que comecei a tirar suas medidas. — cruzo os braços.

Jason abre um sorriso pequeno antes de desviar os olhos para o chão por um momento.

— Você estava bastante concentrada, só isso. Você não fica assim com muita frequência.

— Tenho o costume de ficar bastante focada no trabalho. Igual a você quando tirou aquelas fotos no ensaio, acho que até esqueceu que eu estava no mesmo local que você. — abro um sorriso e espero que ele faça o mesmo, mas Jason me encara pensativo antes negar com cabeça e se aproximar um pouco mais, acho que ele nem reparou que se aproximou, seus olhos estão distantes mas ao mesmo tempo parece que ele só enxerga a mim.

— É impossível esquecer de você, Piper.

Prendo a respiração involuntariamente. Por algum motivo, essa frase pesou mais do que o necessário para mim. Os olhos azuis demonstram tanta sinceridade que eu nem tenho a chance de duvidar de suas palavras, nem se eu quisesse conseguiria. Nunca desconfiaria de Jason, posso desconfiar de qualquer pessoa, menos dele.

— Obrigada. — agradeço em um tom baixo, mas sem saber realmente porque estou agradecendo.

Jason inclina o rosto e beija minha testa com carinho, antes de se afastar um pouco para me encarar.

— Você é muito talentosa, Piper. Espero que nunca duvide de si mesma, seu trabalho é incrível e eu tenho certeza que um dia você ainda vai abrir o seu próprio ateliê, se você quiser isso. — não entendo porque ele está me dizendo essas coisas, mas não consigo explicar o alívio que me preenche em escutar isso de alguém que não entende dessa área porque parece que ele realmente acredita nisso.

— Jason…Por que está dizendo isso agora?

— Porque vendo você aqui, concentrada no seu trabalho, fez com que eu pensasse nisso. E talvez você precisasse escutar isso de alguém que se importa com você. De verdade.

O sorriso se forma facilmente no meu rosto, nem luto contra porque não tem motivo para isso. Jason foi um dos primeiros, além dos meus pais, a saber que eu tinha passado pra essa faculdade e ele comemorou comigo, chorou, sorriu e gritou como se ele tivesse passado também. Eu contei pra ele antes mesmo de contar para Octavian — o que deixou ele bastante irritado quando soube, mas foi tão automático pensar primeiro no meu melhor amigo que até me senti mal depois.

É gratificante saber que ele confia tanto assim no meu potencial. Alguém além de mim e dos meus pais, é claro.

Meus pensamentos são interrompidos quando escutamos uma terceira voz. Uma que deixou meu corpo arrepiado.

— O que é isso?

Jason levanta seu olhar para trás de mim, em direção a porta, mais rápido do que eu. Ainda respiro fundo e me preparo pra olhar para a pessoa que já sei quem é.

Encontro o olhar gelado de Octavian intercalando entre eu e um Jason seminu. É claro que ele tinha que chegar bem agora.

— Que porra é essa na minha casa?

E por um momento, tudo ficou em silêncio. Um silêncio tão absoluto que se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção, teria escutado a primeira fina rachadura se formando no meu mundo perfeito. Mas talvez, só talvez, ela já estivesse ali há muito tempo, eu só fui cega para não perceber.

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Espero que tenham gostado! Não esqueçam de comentar e dar estrelinha no capítulo <3