15 - Clifford

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[25/04/2013 - quarta feira]

Eu estou encolhido em minha cama, choramingando baixinho, implorando pra que alguém me tire dessa casa, eu posso escutar os berros do meu pai e minha mãe pedindo pra que ele fale mais baixo.

Tampei os ouvidos com as mãos assim que ouvi o som de algo se quebrando e pude sentir lagrimas molharem meu rosto.

Eu deveria ter aceitado dormir na casa de Ashton, devia ter aceitado o convite dele, mas não podia deixar minha mãe sozinha em casa, tudo bem que eu não sou de grande ajuda, mas sou o melhor que temos no momento, quase nada, mas ainda sou melhor que nada.

Caminhei em passos lentos até a porta e a abri colocando a cabeça pra fora, ainda escutando meus pais discutirem, mas agora mais baixo, se eu não tivesse aberto a porta, provavelmente não escutaria.

Andei em passos silenciosos pelo corredor e abri a porta fazendo a menor quantidade de barulho o possível, a fechando atras de mim logo em seguida e sentei na calçada da casa.

Haviam tantas crianças que moravam naquela rua e elas literalmente não param um segundo sequer e isso me impedia de escutar qualquer coisa que viesse de dentro da casa.

Eu fiquei ali durante toda a tarde, vendo as crianças brincarem, casais caminhando pelo bairro, cachorros fazendo uma bagunça na grama dos jardins das casas e talvez eu tenha pensado em Dr. Hemmings.

Talvez ele realmente pudesse me ajudar, não só a mim, mas também toda a bagunça que é minha vida, talvez ele não estivesse mentindo, talvez ele seja bom, talvez devo seguir o conselho de Ashton e confiar no meu jovem médico, dar uma chance, tentar pelo menos uma vez na vida, talvez isso mude um pouco as coisas. Não acho que ele vá me ajudar com remédios, acho que isso vem de seu bom coração. Eu não costumo me enganar em relação a bondade das pessoas.

Talvez...

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