16 - Clifford

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[28/04/2013 - domingo]

Levantei preguiçosamente da cama, não me preocupei em demorar no banho.

Assim que abri meu armário me deparei com as roupas limpas e perfeitamente dobradas que Luke havia me emprestado.

Me apressei em me vestir, peguei as roupas e corri até a cozinha, mamãe me encarou curiosa e eu sorri pra ela.

- Bom dia querido. - deixei um beijo em seu rosto.

- Bom dia.

- O café está quase pronto.

- Não precisa se preocupar, passo em alguma cafeteria. - Sorri.

- E posso saber onde o senhor vai? - Mamãe perguntou, ela deve estar realmente surpresa já que raramente eu saio de casa.

- Devolver as roupas do Dr. Hemmings. - disse baixo, sentindo minhas bochechas esquentarem, eu não deveria estar assim. - Se acontecer qualquer coisa me liga. - disse serio e pude ver que mamãe forçou um sorriso.

- Não vai acontecer nada, fique tranquilo.

- Não vou demorar. - acenei e sai da cozinha.

Ao passar pela sala me deparei com meu pai praticamente desmaiado no sofá, mas não me importo, por mim se ele continuar assim durante todo o dia é melhor. Me certifiquei de que tinha pego dinheiro e meu celular.

Passei em uma cafeteria como disse a mamãe, mas me limitei a um café e alguns poucos biscoitos.

A casa de Luke não é exatamente longe e muito menos perto pelo que eu me lembro.

Caminhei preguiçosamente tentando lembrar onde é a casa de Luke, já que me perder não é uma boa opção.

Eu posso sentir meu coração disparar cada vez mais a cada passo, realmente cogitando a ideia de ir embora.

Eu entrego as roupas, agradeço e vou embora.

Com minha mão já trêmula apertei a campainha.

Luke estava demorando, eu já estava a ponto de ir embora, então a porta foi aberta, por um Luke sonolento, onde o cabelo era uma verdadeira bagunça e sem camisa. Espero que não me entendam mal, mas eu me sinto desconfortável em tal situação.

- Michael. - Luke disse animado ao me ver e eu me encolhi, me sentindo cada vez mais desconfortável.

- E-eu vim devolver... Devolver suas roupas. - estiquei as roupas na direção de Luke que as pegou desajeitadamente.

Tenho que ir pra casa. Tenho que ir pra casa. Tenho que ir pra casa.

- Não precisava se incomodar Mike.

- Certo. Eu vou indo. - eu finalmente o olhei. Eu realmente não devia ter feito isso.

- Não! Quer dizer... Você não quer entrar? - Luke deu espaço, a voz dentro de mim berra pra que eu saia logo dali, mas minhas pernas estão me levando cada vez pra mais perto dele.

- Eu não sei.

- Vamos, aposto que mal comeu, tome café comigo. - Luke praticamente me puxou pra dentro, rindo desajeitado. - Oh, me desculpe. - Luke se apressou em colocar a camiseta que eu havia lhe devolvido ao notar o quão desconfortável eu estava.

Segui Luke até a cozinha e me senti na liberdade de sentar em uma das cadeiras enquanto o loiro fazia seu café da manhã.

- E então como está?

- Bem - disse simplesmente, Luke me olhou por alguns segundos e sorriu.

- Serio?

- É, hoje eu estou bem... Tinha me esquecido. Desculpe se te acordei.

- Tudo bem.

Luke serviu duas canecas com café e entregou uma a mim, sentando ao meu lado, começando a mordiscar um pão, chegou a me oferecer, mas eu me limitei a negar com a cabeça.

- Certo, eu vou tentar não ser muito intrometido. Você vai ter que me ajudar nisso. Sobre o que posso falar sem ser chato?

- Sobre você. - o olhei - quem sabe assim eu passe a confiar de vez em você?

- Então quer dizer que confia minimamente em mim?

- Se não confiasse não estaria aqui. - Luke sorriu satisfeito e se encostou na cadeira. Eu vou manter a minha boca fechada.

- O que quer saber?

- O que você quiser contar.

- Certo vou começar pelo básico. Dois irmãos, Jack e Ben, pais separados e tenho um cachorrinho que chama Green, que ta com meu amigo, Calum, acho que se lembra dele. Sabe, eu não tenho muito tempo pra cuidar dele.

- Green? Sério? - Tive de rir da falta de imaginação do Dr. Hemmings.

- Quando peguei ele na rua ainda filhote ele usava uma colerinha verde e eu gosto de verde. - Luke piscou em minha direção e pude sentir meu rosto corar violentamente. - Não sei mais o que te contar.

- Por que decidiu ser psiquiatra?

- Não sei responder essa pergunta, acho que sempre fui intrometido na vida das pessoas querendo ajudar a todo custo.

- Ser chato veio desde pequeno. - Luke riu, mesmo isso não sendo exatamente uma piada.

- Não sou tão ruim assim.

- Acho que posso me acostumar.

...

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