5 - Clifford

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[07/03/2013 - quinta-feira]

Eu estou mais do que impaciente na sala de espera, com o olhar curioso e preocupado de mamãe sobre mim, toda consulta é a mesma coisa.

Parece que meu querido medico decidiu se atrasar hoje e eu ODEIO atrasos.

Hemmings chegou apressado, tentando fechar os últimos botões de sua camisa social branca enquanto se atrapalhava ao passar pela sala de espera.

- Michael, entre por favor. - Dr. Hemmings me chamou mantendo a porta aberta depois de entrar. Entrei na sala e fiquei parado na porta encarando meu medico. - Entre e feche a porta por favor. - Fiz o que foi pedido e tratei logo de sentar na cadeira confortável, talvez esse seja o ponto positivo de nossas consultas. Não estou disposto o suficiente para ficar em pé. - Parece com sono. - Luke comentou sorrindo e eu apenas me afundei ainda mais na cadeira. - Me desculpe pelo atraso.

- Não importa. - Dei de ombros, mas na verdade isso me incomodou profundamente. - Não queria estar aqui mesmo. - Comentei indiferente e sincero esperando encontrar algum resquício de raiva no rosto do meu médico, mas o sorriso de Luke permanecia ali, intacto. Ele consegue acabar com nosso único ponto divertido, que no caso é o importunar.

- Então por que esta aqui? - Luke perguntou erguendo uma sobrancelha. Ele só pode estar brincando.

- Ja falei, minha mãe quem me obriga a vir e.... - Luke negou com a cabeça, pra logo em seguida me interromper.

- Você já não é mais uma criança Michael, ninguém pode mais te obrigar a fazer absolutamente nada.

- Está insinuando que estou aqui por que eu quero? - Perguntei irritado cruzando os braços sobre o peito. Ele não me conhece, como pode dizer uma coisa dessas?

- Só estou dizendo que talvez você queira ser ajudado tanto quanto sua mãe quer que alguém te ajude. - Permaneci calado, não tenho uma resposta para essas palavras, ele não sabe nada sobre eu e minha mãe. Que bobagem ele pensa estar falando? - Tem algo pra me dizer? - Luke me encarou e eu apenas neguei com a cabeça. - Então posso te fazer algumas perguntas? - dei de ombros e Luke pareceu levar aquilo como um sim. - Quem é a pessoa em quem você mais confia? - Me encolhi na cadeira e precisei pensar por um instante.

- Ashton. - murmurei.

- Posso saber quem ele é? - Eu quis gritar que não, mas a palavra parecia presa em minha garganta. Eu não quero necessariamente começar uma conversa, ainda mais sobre mim, eu já sei o quanto minha vida é desgraçada o suficiente.

- Meu melhor amigo.

- Você confia na sua mãe? - Luke foi cuidadoso em suas palavras, eu mal o conheço e já odeio quando ele faz isso. Eu não sou feito de vidro e não vou quebrar a qualquer instante. Absolutamente todos a minha volta me tratam dessa forma e eu me sinto patético.

- Eu não sei responder essa pergunta. - Fui sincero e Luke parecia curioso.

- Por quê? Por que não confiaria nela?

- Ela conta as coisas pro meu pai, eu não quero que ele saiba. - Eu tratei de deixar claro que esse assunto não me agrada e Dr. Hemmings não me perguntou sobre.

- Você confia em mim? - Hemmings se inclinou sobre sua mesa, fixando seus olhos azuis em mim. Isso está ficando interessante.

- Eu deveria? - Desafiei.

- Provavelmente.

- Eu não sei.- Eu só quero ir pra minha casa logo. - Eu já posso ir embora? - Hemmings conferiu no relógio.

- Você ainda tem quinze minutos, mas se quiser ir. Não posso te obrigar a ficar de qualquer maneira. - Não demorei mais um segundo sequer e levantei saindo daquela sala. Acho que nunca tive consultas tão rápidas, imagino que Dr. Hemmings também.

Fico grato por ele não ser insistente é irritante o suficiente para eu sair aos berros do consultório como eu tinha o costume com psiquiatras anteriores.

Eles parecem não conhecer o limite, não se ajuda pessoas as forçando a falar aquilo que elas não querem, sobre aquilo que elas têm medo.

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