L&S

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 O dia começou ensolarado, e eu estava ao lado de Lyle, que dormia tranquilamente. Seu braço estava envolto na minha cintura, e eu tentei sair discretamente, mas ele apertou ainda mais.       

— Cacete! — murmurei baixo, tentando me desvencilhar. 

— Vai aonde? — Lyle perguntou, ainda com os olhos fechados, a voz sonolenta.

— Oxi, tá acordado é? — retruquei, desconfiada.                                                                                                                                                                                                      — A mais tempo do que você imagina — ele respondeu, um sorriso brincando nos lábios.

— Esquisito — comentei, dando uma rápida olhada para o seu rosto relaxado. 

— Você não me respondeu — ele insistiu, abrindo os olhos lentamente.

— Ah, sim. Eu vou na delegacia hoje, é o depoimento — expliquei, tentando manter a calma.

Lyle se levantou da cama, o cabelo bagunçado e um brilho curioso nos olhos. 

— Eu vou te levar — ele afirmou, já colocando os pés no chão.

Me levantei e comecei a andar pela casa, procurando minha toalha. 

     

— Você viu minha toalha? — perguntei, olhando para os lados.

— Não — Lyle respondeu, mas antes que eu pudesse insistir, ele correu até o banheiro e trancou a porta.

     

— Seu filho da puta! — gritei, batendo na porta. — Eu ia tomar banho!

Ouvi risadinhas vindas de dentro do banheiro.

 Fui mais rápido! — ele provocou, a diversão evidente em sua voz.

Revirei os olhos, sentindo a mistura de frustração e risada que ele sempre conseguia arrancar de mim. A manhã estava apenas começando, e eu já sabia que aquele dia seria cheio de surpresas.

Depois de uns sete minutos, Lyle sai do banheiro, com a toalha da cintura para baixo e o cabelo ainda molhado. Eu fico encarando, incapaz de disfarçar; ele é realmente muito gostoso.

— Tudo bem? — Lyle pergunta, com um tom de sarcasmo na voz.

— Ah, hã... — murmuro, virando o rosto para o lado, tentando esconder a cor que toma conta do meu rosto. Mas ele não me deixa escapar tão fácil. 

Lyle se aproxima de mim, sua presença é imponente. Ele coloca a mão gentilmente no meu queixo, fazendo com que eu vire o rosto para ele novamente. 

— Não precisa disfarçar — diz ele, com um sorriso provocador nos lábios. — Você sabe que eu sou seu.

Sinto meu coração acelerar enquanto ele se inclina e me dá dois selinhos rápidos. É um toque suave, mas cheio de intensidade, e isso me faz perder a noção do que estava pensando antes. O calor do momento nos envolve, e por um instante, tudo ao nosso redor desaparece.

— Eu finalmente vou ao banheiro, tomo banho e saio. — Vamos — afirmo, sentindo uma leve empolgação. Lyle me olha de cima a baixo, com um sorriso travesso no rosto. 

— O que foi? — pergunto, arqueando uma sobrancelha. 

— Ah, sei lá, você é mó gostosa — ele responde, ainda com aquele olhar avaliador.

Sorrio, batendo de leve nas costas dele. 

— Idiota! — digo, rindo. Ele ri também, com aquele jeito descontraído que sempre me faz sentir à vontade. 

— Lyle! — chamo, enquanto estou na cozinha e ele está na sala. 

— Oi! — ele grita, a voz ecoando pelo espaço. 

— Pendura minha toalha, por favor. 

Ele faz isso sem reclamar, balançando a cabeça, como se já estivesse acostumado com meus pedidos. O calor do banho ainda está na minha pele, e a leveza do momento me faz sentir ainda mais animada.

— Estou pronta! — falo, indo até Lyle. — Bora!

Ele arqueia a sobrancelha e me observa por um momento, antes de dizer:

— Você é linda sem fazer qualquer tipo de esforço, e cheirosa também. Mas nunca senti o cheiro desse perfume aí. Tá indo cheirosa assim pra quem?

— Ah, é que hoje eu vou ser presa, aí quero ir cheirosa — falo, brincando, com um sorriso nos lábios.

Lyle franze a testa, ele sorri e fala 

—Se é louco, nem fala isso, fico até arrepiado de ciúmes, ó.- Ele mostra o braço para mim, tentando mostrar o arrepio.- E outra, nem fala isso, palavras tem poder tá? 

— Eu tô brincando, idiota! — Respondo, revirando os olhos, mas não consigo conter uma risada. 

O clima descontraído entre nós é palpável, e enquanto seguimos em frente, não consigo deixar de pensar em como esse momento é divertido e leve, mesmo com as brincadeiras sobre prisão e delegados.

Enquanto estávamos andando, eu, sem querer, esbarrei em uma moça. 

— Perdão! — falei, olhando para ela.

Ela me encarou, a expressão irritada no rosto.

— Presta atenção por onde anda, assassina desgraçada! — ela gritou.

Aquelas palavras me irritaram de um jeito que eu não consegui me controlar. Então, olhei para trás e gritei:

— O que você quer ainda tá mole, sua vadia!

O pessoal na rua me olhou feio, algumas pessoas até pararam para observar a cena. Lyle, ao meu lado, não conseguia segurar o riso.

— Onde você conseguiu essas gírias, aí, doidona? — ele perguntou, rindo da situação.

Eu dei uma risadinha, ainda irritada, e respondi:

— Filho, aqui é Brasil, né? 

  

O clima ao nosso redor estava tenso, mas aquilo só parecia aumentar a diversão da situação para nós. As pessoas continuavam com os olhares reprovadores, mas, para mim, era só mais um dia na selva urbana.

Finalmente chegamos à delegacia. Lyle estava sentado ao meu lado, e estávamos esperando eu ser chamada. Eu estava deitada em seu ombro, enquanto ele fazia carinho na minha cabeça, proporcionando uma sensação de conforto em meio à tensão do momento.

De repente, Erik chegou correndo, ofegante. — Ufa! Achei que não tinha chegado a tempo! — exclamou, seus olhos brilhando ao me ver. 

— Oi, Erik! — respondi, abrindo um sorriso no rosto.

Erik cumprimentou Lyle e se sentou ao nosso lado. O ambiente estava pesado, mas a presença deles me fazia sentir um pouco mais leve. Conversamos sobre coisas triviais, tentando distrair a mente enquanto o tempo passava lentamente.

Depois de vinte minutos, meu nome foi chamado para entrar na sala. Olhei para Lyle e Erik, que me lançaram um olhar cheio de apoio e encorajamento. O coração acelerou no meu peito, mas a força que eles me transmitiam era reconfortante.

Com um último suspiro, eu me levantei e caminhei em direção à porta. A sala estava à minha espera, e eu sabia que precisava ser forte. O apoio deles ainda ecoava em minha mente, enquanto eu finalmente entrava naquela sala, pronta para enfrentar o que estava por vir.

Lyle menendez, ódio ou amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora