segredos e sorrisos.

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Abro meus olhos lentamente e olho o horário no meu celular. Eram 10 horas; eu nem percebi a hora passar, dormi demais.

Levanto-me, escovo os dentes e ainda fico com a roupa do Lyle, pois não tinha nenhuma comigo. Fui pentear meu cabelo e, quando terminei, fiquei olhando para o machucado no meu pescoço. Coloquei a mão sobre ele e lembrei de tudo que aconteceu na noite passada.

- Que merda... - falo baixo para mim mesma.

Nesse momento, Lyle abre a porta bem devagar, achando que eu ainda estava dormindo. Ele pretende guardar as coisas dele em silêncio para não me atrapalhar.

- Ah, você já tá acordada? - ele pergunta ao entrar.

- Acordei faz pouco tempo - respondo, parando de olhar para meu machucado no espelho. - Você não tinha escola hoje? - acrescento.

- Sim, mas eu resolvi faltar. Não quero deixar você sozinha enquanto seu pai tá por aí, né?

- Ah, obrigada - respondo, sentindo um alívio por ele estar ali.

- Você viu ele por aí nas ruas? - pergunto, preocupada.

- Não, eu não saí ainda.

- Eu vou sair daqui a pouco - falo, decidida.

Ele franze a sobrancelha. - Vai pra onde? Não é perigoso sair?

- Vou pra casa buscar algumas roupas. Não posso dormir aqui usando suas roupas sempre - digo com um sorriso leve.

- Eu vou - ele fala, determinado.

- Não, não vai! Eu preciso pegar algumas coisas minhas, e não é bom você ficar lá. É melhor que eu já consiga ter notícias do Aaron.

- Tá preocupada com ele? - Lyle questiona, olhando nos meus olhos.

- Claro que não - respondo rapidamente. - Mas quero saber o que rolou depois de tudo.

- Leva o celular e me liga, para qualquer coisa.

- Obrigada, Lyle.

- Tá - ele responde, com um tom despreocupado, nem parece que estava sendo um fofo comigo.

Saí da casa dele e fui em direção à minha casa correndo, sentindo o vento gelado no rosto. A adrenalina pulsava nas minhas veias. Entrei pelo fundo; aparentemente, não havia ninguém. Quando entrei no meu quarto, a cena que se desenrolou à minha frente me fez parar por um instante. Havia muito sangue no chão, e estava seco, formando manchas escuras que pareciam contar uma história de dor e desespero.

- Eu não me lembro de ter sangrado tudo isso - falei baixo, quase sem voz.

Aquilo me assustou; parecia uma cena de crime. O cheiro metálico do sangue ainda pairava no ar, misturado com o odor de poeira e desolação. Mas eu não queria perder tempo ali. Com o coração acelerado, fui correndo pegar minha bolsa no armário. Abri as portas apressadamente, puxando roupas de qualquer jeito. Camisas amassadas, shorts que eu nem lembrava ter, calças jogadas em cima das outras; calcinha e sutiã foram enfiados na bolsa sem cerimônia. Eu nem dobrava; só tacava tudo dentro porque a urgência me impelia a sair dali o mais rápido possível.

Fechei a bolsa com força e olhei pela janela. A luz do dia entrava pela fresta, mas não era isso que eu queria naquele momento. Eu iria pular a janela do meu quarto para não haver risco do meu pai me ver. Mas então escutei vozes no andar de baixo e meu coração disparou.

Abaixei-me, fiquei em total silêncio e olhei tudo da escada. Lá embaixo estavam Aaron e um homem loiro alto, com uma postura confiante e um sorriso enigmático no rosto. Aaron parecia novinho em folha; seu braço estava perfeito, como se nada tivesse acontecido. O andar de baixo ontem estava cheio de poças de sangue e marcas minhas, mas, por incrível que pareça, estava tudo limpo agora. O chão brilhava como se tivesse sido lavado com um cuidado meticuloso.

Lyle menendez, ódio ou amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora