O dia amanheceu diferente no hospício. O habitual silêncio pesado fora substituído por uma movimentação incomum nos corredores. Os guardas cochichavam entre si, lançando olhares curiosos para a ala onde Leatherface estava confinado. Não era comum que pacientes como ele recebessem visitas, e aquele movimento causava um leve rebuliço entre os funcionários e internos.Leatherface estava sentado no canto da cela, os ombros curvados e o olhar vazio. Três anos de confinamento haviam deixado suas marcas. Seu cabelo agora caía em cascatas emaranhadas, e a barba crescida escondia parte de seu rosto, conferindo-lhe uma aparência quase irreconhecível. Era uma sombra do homem que fora, uma figura marcada pelo peso do isolamento e da dor.
Quando ouviu passos se aproximando e a chave girando na tranca de sua cela, ele ergueu o olhar com lentidão, como se a visita inesperada o despertasse de um transe. À sua frente estava seu irmão mais velho, o único laço de família que ainda restava. O irmão observou Leatherface por um longo momento, uma expressão misturada de choque e tristeza tomando conta de seu rosto.
“Você mudou…” o irmão murmurou, a voz rouca pelo tempo e pela emoção contida.
Leatherface nada respondeu. O silêncio entre eles era denso, cheio de significados que palavras não poderiam expressar. Embora nunca tivesse sido de muitas palavras, seu irmão sempre fora a figura que mais o compreendia, alguém que sabia interpretar o silêncio de Leatherface e os olhares que revelavam a profundidade de sua dor e de seus impulsos.
O irmão se aproximou lentamente, examinando a figura diante dele. A presença imponente e selvagem de Leatherface havia se transformado em algo melancólico, uma força ainda latente, mas quebrada pelo tempo e pelas correntes invisíveis da culpa e do confinamento. Ele se abaixou para ficar na altura de Leatherface e, por um momento, ficou apenas olhando, tentando decifrar o que restava do irmão que ele conhecia.
“Ela… o filho…” o irmão começou a falar, escolhendo as palavras com cuidado. “Eles estão bem.”
Ao ouvir sobre o filho, um lampejo de vida surgiu nos olhos de Leatherface. Aquela pequena faísca, algo que nem o hospício conseguira apagar por completo, reacendeu. Ele tentou se aproximar, a expressão mostrando um misto de desespero e esperança.
O irmão viu aquilo, compreendeu o que significava, e, em um impulso, estendeu a mão, tocando o ombro de Leatherface em um gesto de apoio. “Eu… eu vou cuidar disso. Vou ajudar você, irmão. Não sei como, mas não vou deixar que tudo acabe assim.”
Por alguns instantes, os dois permaneceram em silêncio, conectados pelo vínculo inquebrável que compartilhavam. A presença do irmão trouxe um pequeno alívio ao caos interno de Leatherface, uma promessa silenciosa de que, talvez, o destino ainda tivesse algo reservado para ele e para a família que ele jamais deixara de amar.
Quando a visita terminou, Leatherface voltou a se sentar no canto da cela, mas algo havia mudado.
![](https://img.wattpad.com/cover/380299546-288-k100497.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Leatherface - Sob a Máscara da Escuridão
HorrorNÃO É BASEADO NOS FILMES - Em Sob a Máscara da Escuridão, uma jovem fascinada pelo sombrio e desconhecido acaba se aproximando de uma figura perigosa e enigmática: um homem conhecido apenas por seu rosto coberto de pele, chamado Leatherface. Num jog...