Capítulo 20: A Fragilidade da Loucura

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Os primeiros dias após o nascimento foram preenchidos com um misto de alegria e apreensão. O bebê chorava, demandando atenção, e cada som que ecoava na casa era como um lembrete da fragilidade daquela nova vida. Ela se sentia sobrecarregada, equilibrando a felicidade de ser mãe com o temor constante de que o passado de Leatherface pudesse retornar com força total.

Leatherface, por sua vez, parecia ter passado por uma transformação estranha. Ele a observava com olhos fixos, quase como se estivesse tentando compreender a essência daquela nova vida que agora fazia parte deles. Sua presença era ao mesmo tempo reconfortante e inquietante. O homem que antes era sinônimo de medo agora era um pai, mas a linha entre proteção e possessividade estava se tornando cada vez mais borrada.

Conforme os dias avançavam, ela notou que as sombras dentro dele começaram a se agitar novamente. Ele passava longas horas em silêncio, como se dialogasse internamente com seus demônios. E a cada passo que ele dava, a casa parecia vibrar com a energia da loucura prestes a eclodir.

Certa noite, enquanto o bebê dormia em um berço improvisado, Leatherface começou a agir de maneira estranha. Ele se movia pela casa com uma intensidade palpável, e ela sentiu uma onda de medo crescente. As memórias das atrocidades que ele cometera no passado voltaram à tona, e a ideia de que ele pudesse retornar àquela forma brutal a consumiu.

“Está tudo bem?” ela perguntou, sua voz tremendo. Mas ele não respondeu, apenas a encarou, a expressão oculta atrás da máscara revelando uma inquietação crescente. O som de sua serra elétrica começou a ecoar pela casa, um zumbido baixo que fazia seu coração disparar. Ela se aproximou dele, tentando acalmá-lo.

“Olha, ele está dormindo. Não precisamos fazer nada,” ela disse, tentando apelar ao lado protetor dele. Mas a tensão no ar era palpável. Leatherface parecia perdido em sua própria mente, lutando contra as sombras que se aproximavam. A serra elétrica zumbia como uma criatura viva, pronta para devorar tudo ao seu redor.

A atmosfera estava carregada de um medo latente, e a vulnerabilidade do recém-nascido parecia intensificar a loucura que crescia em Leatherface. Ele caminhou até o berço, e o coração dela parou por um momento, a angústia a dominando. “Não, por favor,” ela implorou, movendo-se rapidamente para bloquear seu caminho.

O olhar dele encontrou o dela, e em um instante de clareza, ela viu o conflito dentro dele. Ele estava lutando, mas a presença da serra elétrica nas mãos dele representava a luta interna entre o amor e a loucura que sempre o acompanhou.

“Ele é nosso,” ela disse, sua voz mais firme. “Ele precisa de você. Precisamos de você.” As palavras flutuaram no ar, e Leatherface hesitou, a serra elétrica começando a baixar. Mas o som ecoava como um lembrete constante da fragilidade da sanidade dele.

Com um movimento abrupto, ele virou-se e disparou em direção à porta, como se estivesse fugindo de suas próprias emoções. Ela o seguiu, o coração acelerado, temendo que ele pudesse se perder completamente. Leatherface parou do lado de fora da casa, olhando para a escuridão que os cercava, a serra elétrica agora pendurada em seu lado.

O vento sussurrava entre as árvores, e o mundo parecia parado. “Por favor,” ela disse, a voz quase um sussurro. “Volte para mim. Volte para nós.” Mas a luta dentro dele continuava, e a luz de sua sanidade estava se apagando lentamente.

A loucura que uma vez dominou sua vida estava prestes a ressurgir, e ela sentiu que a luta para manter a família unida estava apenas começando. O passado e o presente colidiam em uma tempestade, e Leatherface estava no centro dela, uma figura que poderia ser tanto um protetor quanto um perigo iminente.

Enquanto as sombras se aprofundavam ao redor deles, ela sabia que o amor sozinha não seria suficiente para resgatar o homem que ela conhecia. A batalha entre a vida e a loucura se intensificava, e o futuro deles estava mais incerto do que nunca.

Leatherface - Sob a Máscara da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora