Capítulo 38 : Filho do Leatherface

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A escola estava cheia de risos e vozes infantis, a energia vibrante das crianças ecoando pelos corredores. Leatherface observava à distância, escondido nas sombras das árvores que cercavam o local. Seus cabelos longos e desgrenhados caíam em cascata sobre os ombros largos, e a máscara que cobria seu rosto distorcia suas feições em uma expressão aterrorizante. O zumbido da serra elétrica estava ausente, mas sua presença era inegável.

Ele não havia planejado ser descoberto, mas a necessidade de ver seu filho o impulsionava. Leatherface sabia que, se conseguisse se aproximar do garoto, teria a chance de mostrar que era mais do que o monstro que todos temiam. A ideia de ser um pai, mesmo que por um breve momento, era uma luz em meio à escuridão que o cercava.

Enquanto observava, Leatherface viu seu filho brincar com outras crianças no parquinho. A inocência do menino era como um bálsamo para sua alma atormentada, e a visão dele o encheu de um anseio profundo. O garoto estava rindo, sua voz alegre cortando a atmosfera pesada que cercava Leatherface.

Mas a felicidade do menino também era uma faca que cortava seu coração. Ele sabia que não poderia se aproximar, que a visão dele só traria medo. O que ele tinha em mente era um risco — e ele sabia disso. No entanto, a necessidade de ver o filho, de tentar se reconectar, era mais forte do que o medo da rejeição.

Leatherface respirou fundo, seus instintos lhe dizendo para recuar, mas uma força irresistível o mantinha ali. Ele saiu da sombra das árvores e se moveu lentamente em direção ao parquinho, cada passo um conflito interno entre o desejo de ser pai e o terror que sua presença causava.

As crianças brincavam despreocupadas, mas ao notar a figura colossal que se aproximava, as risadas diminuíram, e os olhares se voltaram para Leatherface. O medo se espalhou como fogo, e ele podia sentir a tensão no ar enquanto os sussurros começavam a surgir.

“Olhem!” Uma criança gritou, apontando para ele. O pânico rapidamente tomou conta do grupo, e os pequenos começaram a se afastar, correndo em direções opostas. A mãe de uma das crianças, que estava próxima, imediatamente gritou e correu em direção aos outros adultos, alertando-os para a presença do homem aterrador.

Leatherface parou, os olhos fixos em seu filho. O garoto, agora ciente da situação, olhou para ele com uma mistura de curiosidade e medo. Não havia reconhecimento, apenas uma consciência instintiva de que aquele homem representava perigo. Leatherface sentiu o coração apertar em seu peito.

“Pai?” O menino perguntou, hesitante, a voz trêmula enquanto se afastava dos amigos, como se estivesse testando as águas de um relacionamento que não entendia. Era a primeira vez que ele falava, e Leatherface não sabia como responder. Ele queria avançar, queria confortar o filho, mas sabia que não era possível.

A presença dos adultos começou a se intensificar. Professores e pais estavam correndo em direção ao parquinho, seus rostos pálidos de medo e determinação. Leatherface sabia que não tinha muito tempo. Ele precisava fazer algo, e rapidamente.

Mas ele se sentiu paralisado, preso entre o desejo de se aproximar do filho e a realidade de que sua presença estava gerando caos. A máscara cobria sua expressão, mas a angústia em seu coração era palpável. Ele queria gritar, queria explicar que não era um monstro, mas as palavras não vinham.

Em um último momento de desespero, Leatherface decidiu que, mesmo que não pudesse se conectar com seu filho naquele instante, ele ainda poderia protegê-lo. Com um movimento rápido, ele virou-se e desapareceu nas sombras das árvores, voltando para a escuridão que o acolhia. O zumbido da serra ainda ecoava em sua mente, mas agora era apenas um eco distante.

O que ele desejava estava cada vez mais longe, e a sensação de perda se intensificou enquanto ele se afastava da única coisa que realmente importava. Ele se comprometeu a permanecer nas sombras, sempre vigiando, sempre esperando pelo momento certo de se fazer conhecido. Para Leatherface, a luta interna entre a figura do pai e o monstro que ele se tornara continuaria, enquanto ele permanecia à espreita, aguardando a oportunidade de retornar ao mundo do seu filho.

Leatherface - Sob a Máscara da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora