Capítulo 21: Sussurros de Sangue

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O tempo passou, e a casa no Texas se tornara um lugar de contrastes extremos. Por um lado, havia risos infantis e a inocência de um recém-nascido; por outro, o som distante de uma serra elétrica, cada vez mais frequente, ecoava nas sombras. Leatherface, agora pai, lutava contra a dualidade de sua existência — a necessidade de proteger sua família e a compulsão de retornar a um passado sombrio.

Ela notou as mudanças em seu comportamento. As horas que ele passava longe de casa aumentaram, e a tensão crescente a fazia sentir um frio na espinha. Enquanto cuidava do bebê, as dúvidas e o medo começaram a corroer sua confiança. O homem que ela amava estava se distanciando, e a imagem dele, antes reconfortante, agora parecia envolta em mistério.

Certa noite, quando o bebê dormia em seu berço, ela decidiu confrontá-lo. A serra elétrica ainda estava lá, escondida em um canto da casa, mas o som dela era quase ensurdecedor na escuridão que se aproximava. Leatherface estava de volta, mas não era o homem que ela conhecia. Ele havia retornado ao seu instinto primal, e a parte mais sombria de sua alma estava despertando novamente.

“Para onde você vai?” ela perguntou, a voz tensa com preocupação. Ele hesitou, e por um breve momento, o homem que ela amava parecia surgir novamente. Mas a sombra de sua antiga vida se interpunha, e Leatherface apenas a encarou, a expressão imutável por trás da máscara.

Ela não podia ignorar os sinais. Sabia que ele estava saindo, e não para buscar comida ou cuidar do bebê. Uma parte de si mesma gritava para que ele não se perdesse, mas a outra parte temia que ele já estivesse longe demais. “Por favor, não faça isso,” ela implorou, sua voz trêmula.

Mas Leatherface se afastou, a serra elétrica balançando em seu lado. A dor dela era visível, mas a necessidade dele de se libertar da pressão interna que o consumia era ainda mais forte. Ele deixou a casa, e ela se viu sozinha, a escuridão tomando conta do lugar que antes era um lar.

As noites seguintes se tornaram um ciclo de expectativa e pânico. Ela ouvia os sons da serra ao longe, o zumbido vibrante cortando a tranquilidade da noite, e cada vez que isso acontecia, um pedaço de seu coração se despedaçava. O homem que havia prometido proteger sua família agora se tornava um predador na escuridão.

Leatherface caçava. Ele não tinha mais limites, e a compulsão por sangue e violência estava se intensificando. Cada nova vítima era um eco de sua antiga vida, uma maneira de libertar os demônios que o atormentavam. Ele se movia entre as sombras, atacando aqueles que, por sua natureza, representavam tudo o que ele desprezava. A necessidade de eliminar as fraquezas, as ameaças e os sussurros de seu passado dominava sua mente.

E enquanto ele cometia atrocidades, a mulher em casa lutava contra a dor de ser deixada para trás. O amor por Leatherface ainda queimava em seu coração, mas a dúvida e o medo a consumiam. O que aconteceria quando ele retornasse? O que seu filho herdaria desse homem dividido entre a violência e a paternidade?

As madrugadas se tornaram longas, e a casa que um dia foi um abrigo agora parecia uma armadilha. Quando Leatherface finalmente retornava, seu olhar era vazio, a máscara escondendo os traumas que ele não conseguia enfrentar. O cheiro de sangue ainda o acompanhava, e a presença dele, que uma vez era reconfortante, agora trazia um medo inexplicável.

Ela o olhava, e em seus olhos, havia uma batalha silenciosa. Sabia que ele a amava, mas também percebia que a sombra de sua antiga vida não poderia ser ignorada. Com cada vez que a serra zumbia nas noites, a incerteza crescia. E em seu coração, a mulher sabia que a luta para salvar Leatherface de si mesmo estava apenas começando. O amor que os unia seria suficiente para enfrentar os fantasmas do passado, ou ela estaria presa em uma teia de sangue e loucura para sempre?

Leatherface - Sob a Máscara da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora