Capítulo 2 : O Toque do Abismo

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O silêncio era tão profundo que cada respiração dela parecia ensurdecedora. A escuridão ao redor os envolvia como um manto, e, por um instante, parecia que o mundo lá fora havia deixado de existir. Ela sentia o peso das mãos dele em seus ombros, firmes, mas sem agressividade. A pele de suas mãos era áspera e marcada, mas o toque surpreendentemente cuidadoso.

Ele continuava a encará-la, os olhos escondidos na sombra da máscara, a intensidade no olhar quase tangível. Ela não deveria estar ali; cada fibra de seu ser gritava para que se afastasse, que corresse para longe. Mas havia algo mais poderoso que a mantinha presa - uma curiosidade macabra e uma atração que ela não entendia.

Ela engoliu em seco, sentindo-se em uma estranha encruzilhada, como se o perigo que ele representava a chamasse, desafiando-a a não recuar. Quando ele se inclinou levemente para mais perto, ela percebeu algo novo no olhar dele: uma inquietude, uma sombra de humanidade enterrada sob a máscara.

"Por que não me machuca?" queria perguntar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ela não sabia se ele era capaz de respondê-las, e, naquele momento, percebeu que a comunicação entre eles era feita de outra forma: o toque, o silêncio, os olhares intensos.

Sua mão áspera subiu devagar de seu ombro até a base de seu pescoço, e ela sentiu o coração acelerar. O polegar dele fez um leve traço na pele dela, quase um gesto de curiosidade, como se quisesse gravar aquela sensação em sua memória. O toque era pesado, denso, e ela percebeu que ele talvez estivesse experimentando a proximidade de alguém de um jeito que não conhecia. Ele parecia estudá-la, como se ela fosse algo desconhecido.

Ela não desviou o olhar, mesmo quando ele chegou mais perto, até que pudesse sentir sua respiração contra a pele. Contra toda lógica, não recuou; em vez disso, a vontade de desvendar o que ele escondia só aumentava. Sentia que havia algo além da brutalidade e do silêncio, algo que ele escondia atrás daquele rosto coberto.

A mão dele apertou levemente seu pescoço, não para machucá-la, mas para que ela sentisse o poder que ele tinha. Em silêncio, como um pacto não dito, ele a desafiava a continuar, enquanto ela, paralisada, sentia-se atraída por aquele abismo que parecia impossível de escapar.

Quando ele finalmente a soltou, o espaço entre eles parecia gelado, como se o toque dele ainda queimasse sua pele. Em um último gesto, ele inclinou a cabeça e encostou a máscara na bochecha dela, um toque que misturava ameaça e ternura, uma promessa de algo incompreensível.

Ele se afastou, desaparecendo nas sombras da casa. Ela ficou ali, paralisada, sentindo o vazio de sua presença. Sabia que estava caindo em um abismo sem volta - mas, pela primeira vez, não queria fugir. Sabia que voltaria.

Leatherface - Sob a Máscara da Escuridão Onde histórias criam vida. Descubra agora