Capítulo 6

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Any entrou em casa sentindo uma mistura de exaustão e apreensão. Assim que cruzou a sala, o som de vozes e risadas vindas da sala de estar fez seu coração apertar. Lá, Noah, Jacob e Sina estavam acomodados no sofá, com os olhos fixos na televisão, assistindo a um filme.

A cena parecia quase íntima demais para um simples encontro familiar, e Any não pôde deixar de sentir um desconforto crescente. Assim que ela entrou, Noah, que estava ao lado de Sina, se afastou discretamente, talvez percebendo a presença dela.

Respirando fundo e reunindo coragem, Any se aproximou e pediu, com um tom de voz controlado

— Noah, podemos conversar um momento? Em particular.

Noah olhou para ela com um leve sobressalto, mas assentiu, lançando um olhar breve para Jacob e Sina antes de segui-la até a cozinha. Any fechou a porta atrás de si e se virou para encará-lo, decidida a ter a conversa que vinha adiando há tanto tempo.

— Noah - começou ela, sentindo as palavras presas em sua garganta. - Eu quero conversar sobre… sobre nós dois. Eu venho pensando muito, e acho que talvez… o melhor para nós seja um divórcio.

Noah arqueou as sobrancelhas, a surpresa evidente em sua expressão, mas logo essa surpresa se transformou em um ar defensivo.

— Divórcio? Any, isso é… completamente desnecessário. Nós temos um filho, uma vida juntos. Não tem por que acabar com tudo isso - disse ele, tentando parecer calmo, mas seu tom carregava um tom de desdém. - Isso machucaria os três. Especialmente o Jacob. Você realmente quer fazer isso com ele?

Any respirou fundo, tentando não se abalar pela tentativa de Noah de desviar o foco para o filho.

— Eu também não quero machucar o Jacob, Noah. Mas não posso mais ignorar o que estou sentindo. Eu… só quero saber de uma coisa. - Ela hesitou, mas o impulso de tirar a dúvida de dentro de si foi mais forte. - Você já me traiu?

A expressão de Noah se fechou, e ele respondeu quase imediatamente, com um tom quase cínico.

— É claro que não, Any. Eu nunca fiz isso. - Ele colocou a mão no peito e completou - Juro pela vida do nosso filho, nunca te traí.

Ela o observou por alguns segundos, tentando encontrar alguma verdade naquelas palavras. Mas a resposta rápida e defensiva não lhe deu qualquer segurança. Era como se ele estivesse desviando novamente, tentando contornar o assunto com desculpas.

— Você está sempre ocupado, sempre dizendo que o trabalho toma seu tempo. Mas às vezes parece que você se importa mais com o seu trabalho e… com a professora de piano do Jacob do que comigo - desabafou ela, finalmente expressando algo que há tempos vinha lhe corroendo.

Noah deu um suspiro profundo, cruzando os braços.

— O trabalho é exigente, Any. Sempre foi, você sabe disso. Eu passo longas horas fora porque preciso, não por escolha. - Ele fez uma pausa, tentando suavizar o tom. - Eu te amo, Any. Talvez você não veja, mas eu ainda te amo. Isso é só uma fase, algo que podemos superar. Você só precisa ter um pouco de paciência.

Ela balançou a cabeça, sentindo um peso enorme sobre os ombros. Noah saiu da cozinha, deixando-a sozinha com seus pensamentos. As palavras dele ainda ecoavam em sua mente, mas nada do que ele havia dito a fazia sentir-se mais segura ou menos solitária.

Any suspirou profundamente, sentindo-se exausta. Tentando afastar os sentimentos confusos, ela começou a preparar o jantar automaticamente. Cortou legumes, colocou a água para ferver, e em pouco tempo a refeição estava pronta. Mas a fome, que já era pouca, desapareceu completamente. Subindo para o quarto logo depois, ela deixou o jantar para eles e deitou-se, desejando apenas um pouco de paz.

Foi então que, enquanto o cansaço tomava conta de seu corpo, Any adormeceu rapidamente.

Na manhã seguinte, foi despertada por um som suave. Ao abrir os olhos, viu Noah entrando no quarto com uma bandeja de café da manhã. Sobre a bandeja, havia uma xícara de café, algumas frutas, um pequeno buquê de flores. Ela se levantou, ainda atordoada, observando o gesto que parecia tão fora do comum.

— Bom dia - disse Noah com um sorriso que parecia sincero, enquanto colocava a bandeja ao lado dela. - Pensei que você poderia gostar de um café da manhã na cama, juntos, só nos dois.

Por um breve momento, Any se lembrou de todas as vezes que havia sonhado com algo assim. O marido trazendo café da manhã, um buquê de flores... Aquela era a cena que ela sempre imaginou que faria parte de sua vida de casada, o carinho que ela sempre esperou receber.

Ela sorriu, mais por costume do que por um sentimento verdadeiro, agradecendo a gentileza.

— Obrigada, Noah - disse ela, tocando as flores. Eram lindas, mas o gesto, que um dia teria aquecido seu coração, parecia agora vazio. Não trazia nada da emoção que ela esperava sentir.

Noah se aproximou, como se esperasse algo mais. Um beijo, talvez, ou um sinal de que tudo estava bem. Mas Any apenas o encarou, com o coração pesado e os sentimentos confusos. Ele sorriu tocando seu rosto e se aproximou beijando seus lábios

— O que acha de aproveitarmos - seus beijos foram de forma lenta para o pescoço dela e o toque que um dia lhe causou arrepios, agora era tediante

— Você não tem que trabalhar? - Any questionou torcendo para o marido desistir, não estava com vontade de estar com ele

Depois de tanto se humilhar implorando pela atenção dele, ela havia cansado de esperar

— Não, vou passar o dia com você, aqui, nos dois nos amando - Noah sussurrou - Uma forma de te mostrar o quanto você é importante para mim, não tem nenhuma outra além de você

Noah retirou as bandejas voltando em seguida para Any, os beijos começaram leve e logo se intensificaram, Any se deitou virando a cabeça para o lado, sem vontade de estar ali e apenas esperando que ele acabasse rápido, Noah não ligou muito para se Any gemia ou parecia em um tédio infinito, ela só queria evitar uma conversa sobre aquilo e deixou ele terminar

Assim que Noah acabou, ele saiu em direção ao banheiro, tomou um banho rápido e voltando dando um beijo na testa de Any, assim que Noah saiu Any revirou os olhos, como sempre ele não havia conseguido fazer ela gozar, então ela faria sozinha.

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