Any segurava o volante com tanta força que seus dedos estavam esbranquiçados. O trânsito fluía lentamente, mas sua mente corria em uma velocidade absurda, revirando cada detalhe do que acabara de descobrir.
O ar parecia faltar, como se o peso da informação comprimisse seu peito, tornando cada respiração uma luta.Ela se esforçava para se concentrar na estrada, mas as imagens e pensamentos a invadiam sem piedade, ainda não acreditava que até seu filho estava envolvido nisso, isso era o que mais doía.
Ela piscava os olhos rapidamente, tentando dispersar o borrão de lágrimas que ameaçava atrapalhar sua visão. Os postes e as luzes dos carros ao redor pareciam se alongar e distorcer, como sombras que a perseguiam. Sentia-se traída, exposta, e, acima de tudo, esmagada pela realidade que agora se impunha.
"Não… não pode ser verdade," sussurrou, mal ouvindo o som da própria voz sobre o ruído do motor. Mas ela sabia, no fundo, que era real. Cada detalhe fazia sentido, e mesmo que tentasse negar, os fatos se entrelaçavam de maneira cruel, jogando sua vida em um completo descontrole.
Desorientada, Any quase não percebeu o carro à sua frente reduzir a velocidade. Pisou no freio com força, sentindo o cinto de segurança cortar seu ombro enquanto o carro desacelerava bruscamente. Sua respiração estava ofegante, e ela teve que piscar várias vezes para afastar o nervosismo que tomava conta de seu corpo. Precisava parar, precisava respirar, precisava pensar. Mas, apesar disso, continuava dirigindo, como se o ato automático de seguir em frente a ajudasse a fugir daquela angústia esmagadora.
A estrada estava escura, e a chuva fina que caía fazia o asfalto brilhar sob as luzes amareladas. Por um instante, ela desviou o olhar da pista, encarando o reflexo trêmulo de si mesma no retrovisor. Seus olhos estavam inchados, as lágrimas riscavam seu rosto, e havia uma expressão de dor que parecia arrancada diretamente de seu coração. O que ela faria agora? Como poderia lidar com aquilo?
Mas então tudo aconteceu muito rápido.
Any percebeu tarde demais que havia se aproximado demais da lateral da pista. Ao tentar corrigir, virou o volante de forma brusca, e o carro derrapou no asfalto molhado, girando como se estivesse fora de controle. Sentiu seu corpo ser jogado para o lado, sua cabeça colidindo contra o vidro da janela. Havia um ruído ensurdecedor de metal contra metal, o impacto da batida fazendo todo seu corpo vibrar com a força do choque.
Em questão de segundos, tudo ao seu redor se tornou um borrão. A dor se espalhou por sua cabeça, seu peito e seus braços, e os sons ao redor foram ficando cada vez mais distantes, como se ela estivesse sendo puxada para um lugar profundo e silencioso. A última coisa que Any conseguiu registrar antes de tudo escurecer foi a visão fragmentada das luzes da rua se desfazendo em um brilho, até finalmente apagar por completo.
O silêncio tomou conta.
Any abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes enquanto a luz suave do quarto de hospital tomava forma ao seu redor. Sentia um leve desconforto na cabeça, mas nada que se comparasse à tempestade de emoções que a levou ali. Quando sua visão clareou, viu um rosto conhecido ao lado da cama, com um sorriso acolhedor.
— Então, decidiu tirar umas férias rápidas e achou que o hospital era o lugar perfeito? - Josh brincou, arqueando uma sobrancelha e deixando escapar um sorriso divertido.
Any não pôde deixar de rir, mesmo que a risada saísse fraca. A presença de Josh a tranquilizou instantaneamente, e ela sentiu uma paz inesperada ao ver seu amigo ali.
— Obrigada, Josh... você sempre sabe como aliviar as coisas - sussurrou, tentando se sentar na cama com o mínimo de esforço.
Josh se aproximou para ajudá-la, ajeitando os travesseiros atrás dela para que pudesse ficar mais confortável.
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Memórias Ocultas - Concluída
RomanceAny vive uma vida aparentemente perfeita ao lado de seu marido Noah e de seu filho Jacob. Após um acidente que abalou a rotina familiar, Any desperta para uma realidade que a deixa com mais dúvidas do que certezas. Ao reencontrar Josh, um amigo de i...