Capítulo 11

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Naquela noite, Noah decidiu preparar um jantar romântico para Any, algo que há muito tempo não fazia. Montou uma mesa à luz de velas, com uma seleção dos pratos favoritos dela e uma garrafa de vinho tinto já aberta, esperando que esse gesto fosse o primeiro passo para reacender a chama do casamento, uma tentativa de tirar a ideia do divórcio da cabeça dela.

Ele ajustou os detalhes com cuidado e esperou por Any, tentando ensaiar mentalmente o que diria. Afinal, precisava convencê-la de que ainda poderiam salvar a relação.

Quando Any desceu as escadas e viu o esforço de Noah, seus olhos se iluminaram, mas uma parte dela se mantinha cautelosa. Desde que as suspeitas e a frieza haviam se instaurado entre os dois, ela se sentia desconectada, como se o amor que ela tentava cultivar por tantos anos estivesse se esgotando. Contudo, se ele estava disposto a tentar, talvez valesse a pena.

Os dois se sentaram à mesa e começaram a comer. Noah, tentando soar mais carinhoso, começou a falar sobre os momentos bons que compartilharam, sugerindo que poderiam superar a fase difícil juntos. Any escutava em silêncio, dividida entre a sensação de nostalgia e a dúvida sobre o quanto ele era sincero.

No entanto, o clima foi rapidamente interrompido quando Jacob desceu as escadas às pressas, interrompendo o jantar sem cerimônia.

— Pai! Você precisa me levar agora! - gritou ele, com um tom de urgência que chamou a atenção de ambos.

— O que aconteceu, Jacob? - Noah perguntou, visivelmente confuso.

— É a Sina! Ela está passando muito mal, e eu quero ir ver ela! - respondeu Jacob, a ansiedade estampada em seu rosto.

Any respirou fundo, tentando manter a calma.

— Eu posso levar você, Jacob. Não precisa atrapalhar o jantar do seu pai - sugeriu ela, mantendo um tom gentil.

Mas Jacob sequer olhou para ela, deixando clara a frieza com que a tratava.

— Prefiro que meu pai me leve - disse ele, num tom de desprezo que atingiu Any como uma faca.

Noah lançou um olhar rápido para Any, que apenas assentiu, conformada. Era um cenário com o qual ela já estava acostumada. Sentindo-se cada vez mais ignorada por ambos, ela se levantou da mesa sem insistir.

Assim que Noah e Jacob saíram pela porta, o silêncio tomou conta da casa, mas desta vez Any decidiu que não iria ficar se lamentando. "Chega de ser feita de boba", pensou. Aquilo precisava ter um fim, e ela precisava se lembrar do valor que sempre teve.

Decidida a não passar o resto da noite sozinha e amargando a situação, Any pegou as chaves do carro e dirigiu em direção à empresa. Sabia que alguns funcionários estariam por lá, então aproveitou a oportunidade para organizar algumas pendências e, em seguida, mandou uma mensagem para Nour, convidando-a para um jantar descontraído.

[...]

Any e Nour estavam na empresa, conversando animadamente sobre planos para o futuro, quando um funcionário entrou na sala, entregando um envelope que chamava a atenção de Any, saindo logo em seguida. A princípio, Any pensou que poderia ser alguma documentação relacionada ao trabalho, mas, ao abrir, seu coração afundou.

As fotos que surgiram ali eram um golpe devastador. Cada imagem contava uma história que Any preferia não conhecer, Noah e Sina se beijando, Jacob sorrindo ao lado deles, como se fossem uma família feliz. O primeiro instante foi de atordoamento. Os flashes de momentos que ela não estava ciente de que estavam acontecendo se acumularam na sua mente. Fotos em parques, onde Noah e Sina riem juntos enquanto Jacob corre ao fundo, e outra do shopping, onde estavam todos felizes, como se a vida deles estivesse perfeitamente alinhada

— Nour! Olha isso! - Any exclamou, suas mãos tremendo enquanto mostrava as fotos à amiga. - Ele está se encontrando com ela enquanto eu... enquanto eu fico aqui sozinha!

Nour pegou as fotos, um olhar de preocupação se formando em seu rosto.

— Ai, meu Deus... Isso é sério. Onde foram tiradas essas fotos?

— Aqui, olha! No parque, no dia em que eu trabalhei! E aqui... no shopping, hoje à noite! - Any respondeu, sua voz se quebrando. - Jacob estava lá! Ele estava sorrindo enquanto eles se beijavam! Isso não é normal, Nour!

— Calma, Any. Respira. - Nour tentava acalmá-la, mas as palavras não pareciam chegar.

— Calma? Como posso ficar calma? Ele está me traindo! - Any gritou, sentindo as lágrimas escorrendo pelo rosto. - Meu filho estava lá! Ele está feliz com isso!

Nour segurou os braços de Any, olhando nos olhos dela.

— Você precisa se controlar. Não pode agir por impulso. Vamos pensar no que você deve fazer agora.

Mas Any estava em pânico. Sentia que a terra estava se movendo sob seus pés.

— E se ele chegar em casa e tudo estiver normal? E se Jacob não entender que o que eles estão fazendo é errado? - sua voz saiu quase num sussurro, cheia de dor. Tudo que ela queria era que seus filho não fizesse parte daquilo e até se enganar tava valendo

— Primeiro, você precisa saber se ele já está em casa. Liga para o segurança, pergunta se já chegou - Nour sugeriu, mas a voz de Any já estava elevada novamente.

— Vou ligar agora! - gritou, pegando o telefone com pressa. O coração batia forte enquanto ela digitava o número, esperando que a resposta não fosse a que ela temia.

Depois de alguns segundos de tensão, a voz do segurança na linha fez seu estômago revirar, após sua pergunta, a resposta veio para confirmar.

— Sra. Any, o Sr. Noah acabou de chegar, e a Sra. Sina e o pequeno Jacob estão com ele.

— Não! - Any exclamou desligado o telefone, a sensação de desespero tomando conta de seu corpo. - O que eu faço, Nour? Eu preciso ir!

— Any, espera! - Nour tentou impedir, mas Any já estava se levantando, pegando sua bolsa e se dirigindo para a saída. - Você não pode dirigir assim, está em choque!

— Eu não me importo! - Any gritou, sua voz cheia de emoção. - Eu não posso deixar isso acontecer, não posso deixar ele fazer isso com Jacob!

Ela se apressou em direção ao carro, com Nour atrás, mas não teve tempo de ouvir os conselhos da amiga. Assim que chegou ao veículo, Any ligou o motor e pisou no acelerador, saindo em alta velocidade da empresa, com as fotos ainda frescas em sua mente, o desespero consumindo cada pensamento.

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