Prólogo

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Giulliana

Dor.

Dor é a única coisa que me define.

Mas talvez algo aqueça as trevas do meu coração.

Ninguém nunca entendeu por que sou assim.

Minha família me ama incondicionalmente,e eu retribuo de todas as formas.

São as únicas pessoas que eu consigo dizer aquelas três malditas palavras.

"Eu te amo"

Aquele que aquecera meu gélido coração está em meus planos há anos,e ele finalmente irá se tornar real.

Um filho,um pedaço de mim.

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Terminei de entregar o resultado da minha bateria de exames para minha ginecologista,ela analisou por vários minutos,que para mim eram quase anos.

Então um sorriso se formou em seu rosto com marcas da idade,ela olhou para mim.

-Parabéns Giulliana,sua saúde reprodutiva está nota 10,poderemos começar o procedimento semana que vem,domingo está bom para você?

-Sim,claro,obrigada doutora.

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Sai daquela clínica com meu coração transbordando de felicidade,logo teria meu bambino em meu ventre.

A sede da empresa ficava um pouco afastada da cidade grande,pois a maioria dos trabalhadores moravam no interior.

Tirei meus óculos escuros e dei uma olhada rápida na recepção do grande prédio,era uma mistura de estilo clean com rústico,uns toques que eu dei assim que assumi a presidência.

Entrei no elevador privado e sai em meu andar,a mesa de vidro de minha secretária estava vazia,bufei irritadíssima e entrei em minha sala e contemplei as janelas que iam do chão ao teto,que me davam a magnífica vista da vinícola,centenas de hectares com videiras.

Passei a mão pelos cabelos e ouvi alguém batendo na porta.

-Pode entrar.

Luzia entrou,ela trabalha comigo há alguns meses,só de não ha ver em sua mesa me deixou irritada.

-Aonde você estava?

-E-Eu estava no banheiro Senhorita Bertamontti.-Bufei.

-Peça a Talita um chá de camomila,algum recado enquanto estive fora?

-Ahn...ah sim! Ligaram da empresa que fabrica a embalagem da nossa nova linha de vinho branco,avisando que tiveram um problema na fabricação do papel.

-COSA INTENDI?!-Me sentei furiosa.-Essa merda deveria estar pronta semana passada! Ligue para o dono daquele lugar!

-S-Sim!

Ela saiu correndo da sala,meu telefone tocou,e eu atendi seca.

-Quem é?

-É assim que você cumprimenta seu velho pai?-Um sorriso amável brota em meus lábios.

-Me desculpe papà,só estou irritada com um problema na empresa,como vão as coisas ai?

-Eu e sua mãe vamos bem,e você la mia bambola ? Sua consulta foi hoje?

-Eu estou bem,foi sim,vou começar o procedimento semana que vem...ah papà! Estou tão ansiosa!

-Eu sei como você merece bambola,venha nos visitar no final de semana.

-Vou sim! Diga a mamma para fazer aquela lasagna digna dos deuses.-Ele riu do outro lado da linha.

-Claro bambola,não se preocupe. Falando em sua mamma,ela está me chamando,tchau mia figlia!

-Tchau papà!

Ri sozinha encarando o telefone e encarei a porta de madeira do meu escritório.

Talita,a copeira do último andar andou até mim colocando a xícara de porcelana na mesa,ela me olhou como se estivesse esperando algo.

-Está dispensada.

Ela saiu pisando duro,arqueie a sobrancelha,estava cortando a cafeína pois li na internet que pode prejudicar minha saúde.

Fiquei resolvendo aquele maldito problema das embalagens do novo produto,cheguei em casa e suspirei,minha casa era um sobrado de dois andares,em estilo colonial,o terreno era grande,pois tinha o estábulo onde minha égua.

Soltei meus cabelos,tomei um banho relaxante e coloquei uma camisola,fui até minha cama e deitei,sentindo o colchão macio aliviar minhas dor nas costas.

"Estava tudo escuro,e os meus gritos ecoavam em minha mente,e me marcavam como tatuagens.

Aqueles olhos se aproximaram de mim,e ouvi aquele som que me fazia ficar paralisada."

Acordei ofegante,meu corpo estava frio,porém estava suando,apoiei a minha cabeça nas mãos,algumas lágrimas escaparam de meus olhos,suspirei e fui jogar água no rosto,tudo culpa daquele maldito dia.

*Bambino:Pequenino.

*Cosa intendi?:Como assim?

*Il mio bambola:Minha boneca.

*Bambola:Boneca.

*Mia figlia:Minha filha.

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Lorenzo

A loira siliconada saiu bufando de meu apartamento,ela ja me deixou satisfeito,é madrugada,o mínimo que eu fiz foi chamar um táxi,dormir com qualquer mulher está fora da minha lista.

Marquei minha esterilização foi marcada para semana que vem,só de lembrar da angústia que foi os últimos 9 meses faz meu corpo ficar tenso.

Lorena era uma mulher fútil,que depois de afirmar veemente que não tinhamos usado camisinha. Retornou um mês depois afirmando estar grávida,durante sua gravidez inteira ela proibiu de fazer qualquer teste de DNA,assim que a criança nasceu,consegui fazer o exame escondido,negativo. Graças aos céus,minha raiva foi tanta de ter que aguentar aquela megera,que joguei um processo pra cima dela,seus pais pagaram. E nunca mais ouvi falar dela.

Sou CEO da empresa da família,a empresa produz queijos para o mundo inteiro,e é passada entre minha famílias á gerações.

E eu estou disposto a não continuar a família,eu tenho uma irmã para fazer isso para mim,por isso vou fazer a vasectomia e me ver livre.

Mas não esperava a conversa que teria com meu pai naquele mesmo dia.

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