Quinta-feira, 31 de Outubro, 2024
Desde que eu conheci o Halloween, passei a amar comemorar essa data. Mesmo morando na Espanha e não sendo algo comum igual é nos EUA, eu sempre fiz o possível para que meus irmãos aproveitassem a data.
Quando eles eram pequeno, eu e Matteo nos divertíamos pensando em quais ideias de fantasias iríamos sugerir para a Manu e o Nick usarem; eu amava fazer os biscoitos de fantasma ou abóbora; e com certeza, o ponto alto do dia, era sair com eles pela noite para pedir doces no bairro.
É uma data que para muitas pessoas sempre foi vista como algo ruim, para mim e para os meus irmãos, sempre foi união e diversão.
Com o passar dos anos, essa tradição que começou como algo entre eu, Matteo, Manu e Nick se estendeu. E embora eles tenham crescido e agora a comemoração seja diferente, eu me empenhei para que o Halloween continuasse vivo para aqueles que vieram depois.
Quando Gavi e Aurora vieram morar comigo, foi como se essa tradição ganhasse um novo fôlego. Eles ainda eram tímidos, e embora já tivesse uma relação forte com os dois, a convivência diária me fez sentir uma responsabilidade diferente — eu não era apenas a pessoa que cuidava deles, ou uma presença esporádica; eu estava ali para tudo, e queria que soubessem o quanto eram amados. E o Halloween era uma das formas de mostrar isso.
Na primeira vez que saímos juntos para pedir doces, lembro como Aurora ficou fascinada com as fantasias. Ela pediu para ir de bruxinha, com um chapéu enorme que ficava caindo nos olhos, enquanto Gavi, que ainda era uma criança tímida, pediu para ir com uma fantasia de super-herói, mas fez questão de usar uma máscara para que ninguém o reconhecesse. Eu ri tanto vendo aquele menino pequeno, mas cheio de convicção, achando que estava escondido sob o tecido fino de uma máscara. Cada sorriso, cada risada naquela noite, foi mais do que apenas diversão — era a construção de uma memória.
Com o tempo, o Halloween se tornou nosso refúgio. Mesmo quando as coisas ficaram difíceis, quando surgiram as primeiras inseguranças, ou quando o mundo parecia injusto com eles de alguma forma, esse dia servia como uma pausa. Uma oportunidade de esquecer tudo, de mergulhar em um mundo onde o único objetivo era se divertir, ser quem quisessem por uma noite.
E então vieram Alice e Arthur. Quando eles nasceram, essa tradição ganhou um novo significado. Se antes o Halloween era sobre unir a família e proporcionar um momento especial para os mais novos, agora era também um jeito de mostrar aos meus filhos que, por mais que o mundo pudesse ser complicado, sempre haveria momentos para rir, brincar e simplesmente ser feliz. Eu queria que eles crescessem sabendo que a vida podia ser leve, e que as tradições eram laços invisíveis que nos mantinham juntos.
Alice e Arthur herdaram o mesmo entusiasmo. Arthur sempre escolhe as fantasias mais dramáticas — ele foi já foi de vampiro, com uma capa que arrastava pelo chão, enquanto Alice já escolheu ir de pirata, com um tapa-olho que não durou mais de quinze minutos porque "ficava coçando". Eles adoram ajudar a decorar a casa, espalhando teias de mentira e abóboras pela sala, e sempre fazem questão de me acompanhar na cozinha para cortar os biscoitos em forma de fantasmas, morcegos e abóboras. Às vezes, a massa acaba mais no rosto e nas mãos deles do que na forma, mas essa é a parte que mais gosto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
cuentos || maya azevedo m.s
Fanfiction"Livro extra da série Barcelona" Maya sempre foi a mais velha e responsável de um grande grupo de crianças que posteriormente se tornaram adolescentes, e por esse fato, ela possui ótimas histórias para contar!