Capítulo 27 - Murmúrios

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Duas Semanas Depois

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Duas Semanas Depois

Você sabe quando as pessoas estão falando de você. Por mais que elas tentem disfarçar, você sabe... Sempre sabe.

Eu não deveria estar surpresa, uma vez que eu sempre fui o assunto naquela escola, sempre falavam de mim, independente se fosse verdade ou não. Ninguém nunca chegou em mim para perguntar se tal coisa era verídica ou não, apenas falavam, afinal... A herdeira bilionária do dono da multinacional Azenez é um ótimo assunto.

Cresci com as pessoas falando de mim, com câmeras em meu rosto. Nunca vou esquecer de quando eu era pequena, devia ter uns quatro anos e estava em Londres com os meus pais... Infelizmente, a Inglaterra é um dos piores lugares do mundo em relação a paparazzis. Qualquer coisa que você ousar fizer, saiba que vai ter uma câmera apontada para o seu rosto.

Eu estava no colo do meu pai e a entrada da empresa estava uma loucura, graças a uma nova ação que meu pai tinha comprado e refletiu na bolsa de valores. Só naquela brincadeira, meu pai deve ter ganhado um milhão de euros fácil, fácil... Quando chegamos na empresa e nos deparamos com aquela multidão, não demorou mais que um segundo para todas as câmeras focarem no meu pai e em mim também. Paloma, que desde sempre foi a responsável pela parte financeira da empresa, não se importou em dar entrevistas e falar o quão feliz ela estava pela nova lavanca que eles haviam adquirido, mas, eles também queriam falar com o dono empresa, o maior empresário dos últimos tempos, Ricardo Azevedo Martinez.

Não deveria lembrar... Mas eu lembro. Eu comecei a chorar quando os flashs atingiram o meu rosto sem parar, aquela luz fazendo o meu olho arder enquanto eu tentava cobrir o meu rosto. Mesmo com os seguranças cercando o meu pai e não havia muita coisa que ele podia fazer... Não julgo o meu pai por isso, lembro perfeitamente dele dizendo que estava com a filha no colo e depois falaria com a imprensa, mas ninguém o deu ouvidos. Apenas foram escuta-lo quando eu gritei, em uma mistura de choro e dor quando uma câmera bateu no meu rosto, deixando a minha sobrancelha marcada na hora.

Eu chorava sem parar. Aquele ferro duro da câmera na minha sobrancelha começou a queimar de dentro pra fora. O meu grito foi tão alto que todos os paparazzis pararam com as fotos e olhavam para mim curiosos e assustados. Acho que foi a primeira vez que eu vi o meu pai realmente bravo. Ele começou a gritar com os paparazzis e os ameaçarem. Ele não deu mais nenhuma entrevista e saiu empurrando todos até que estivéssemos dentro da empresa, com ele colocando uma bolsa de gelo no meu rosto.

Lembro que perguntei para ele o que era aquilo, porque queriam tantas fotos dele e da "mamãe", e foi naquele dia que meu pai me contou, e me alertou que para sempre seria assim, que não importa aonde eu estivesse, com quem estivesse ou o que fizesse, teria uma câmera apontada na minha direção. Na época, eu não entendia muito bem o que isso significava, mas após esse acontecimento, eu sabia que "homens com câmeras eram maus porque faziam dodói". Fui entender melhor com o passar dos anos, é claro. Chegou uma época em que isso parou de me incomodar, e as vezes, eu até acenava para os paparazzis. Sabia que uma boa foto que iria garantir o dinheiro deles para sustentar uma família, por exemplo. Eu aprendi lidar, por mais que fosse difícil e muitas vezes chato, eu aprendi a lidar e hoje em dia, paparazzis na rua não me incomodavam mais.

cuentos || maya azevedo m.sOnde histórias criam vida. Descubra agora