MENTIRAS e SEGREDOS | romanogers
Separados no parto, irmãos gêmeos foram condenados a viverem separados. Ethan, ficou com o pai; Steve, continuou com a mãe, achando ser filho único.
Eles cresceram sem saber da existência de uma pessoa idêntica ao s...
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━━━ Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 45 ━━━━━━━━━━
O quarto de hospital era silencioso, exceto pelo som ritmado dos aparelhos ao lado da cama e a voz incessante de Wanda, que narrava com entusiasmo cada detalhe dos vestidos de noiva que estava projetando.
A luz natural da tarde entrava pela janela entreaberta, filtrada pela chuva fina que caía lá fora, borrando a vista de Manhattan. O aroma estéril de desinfetante pairava no ar, misturado ao leve perfume floral de Wanda, que parecia uma tentativa inconsciente de suavizar a impessoalidade do ambiente.
Natasha estava recostada contra os travesseiros, fingindo interesse na conversa, embora seu olhar flutuasse para o prato de comida sobre a mesinha ao lado da cama. A refeição, apesar de luxuosa e preparada por um chef particular seguindo as exigências da nutricionista, estava fria e intocada.
Ela girava o garfo entre os dedos, distraída, empurrando pequenas porções pela borda do prato, como se o simples movimento pudesse preencher o vazio que sentia.
A conversa incansável da amiga a mantinha ancorada em algo leve e trivial, afastando-a, ainda que por momentos, dos pensamentos mais pesados que a rondavam: o julgamento, a gravidez, e o constante medo de exposição pública. Natasha até tentava engajar-se na conversa sobre tecidos e rendas, mas seus pensamentos sempre acabavam em um lugar específico, ou melhor, em uma pessoa específica.
Steve.
Ela suspirou internamente ao admitir para si mesma o quanto sentia falta dele, mesmo compreendendo sua ausência. Mas sabia que aquele era um dia difícil para ele. Sarah, a mãe dele, estava finalmente recebendo alta, e Ethan estava atolado com as demandas da empresa.
Steve precisava cuidar da mãe, acompanhá-la até em casa, garantindo que tudo estivesse em ordem antes de retornar ao hospital para substituir Wanda. Era uma justificativa válida, racional, mas ainda assim não aplacava a saudade que Natasha sentia.
Ela passou a língua nos lábios ressecados, tentando ignorar a pontada incômoda de desejo que insistia em se infiltrar entre seus pensamentos. A razão sussurrava que talvez aquilo fosse apenas um efeito colateral dos hormônios – a gravidez a transformando em uma versão mais emocional de si mesma. E, por um tempo, ela acreditou nessa explicação, como se pudesse simplificar o que sentia em um fenômeno biológico.
Mas, no fundo, a verdade começava a emergir, desconfortável e clara: não era apenas a gravidez que despertava aquele anseio.
Steve era diferente.
Ele fazia com que ela se sentisse segura de uma maneira que nunca havia experimentado, e aquela sensação era tão nova que ela ainda não sabia ao certo como lidar com ela, principalmente se levasse em conta o início de tudo.
