Capítulo 48

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CLAIR LEMAY

Minha chegada em Nova York foi relativamente tranquila. Foi inevitável não lembrar dos planos que fiz com Aslan para viajarmos até aqui e conhecer a cidade. Eram tantos planos e sonhos.

Cada minuto que passa, percebo ainda mais que a minha mãe tem muito dinheiro. Desde o jato particular, a equipe que nos aguarda no aeroporto e principalmente, a mansão em um dos melhores bairros. A casa é enorme, com muitos funcionários e dois cachorros, um da raça Golden retriever e um poodle.

— A mamãe chegou meus amores.

Os cachorros abanam o rabo quando vê a minha mãe chegar. Ela acaricia os amigos de patas e parece muito feliz assim como os animais.

— Esses são meus companheiros de jornada. — ela afirmou a sorrir — Eu falei que iria trazer sua irmã comigo, não falei?

Ela se diverte e os animais correm de um lado para o outro alegremente. Achei cativante a maneira que ela cuida dos bichos, com carinho e amor.

— Esse homem era muito rico, nossa...

Afirmei quando entramos, conhecendo os detalhes da casa, que é possível me perder dentro dela.

— Sim, James era muito rico. Cuidei dele até o último minuto. Fui não só sua esposa, como também, a pessoa que se dedicou a ele integralmente. Não me casei por amor, mas eu o amei quando descobri que era um bom homem.

— Ele não tem filhos?

Perguntei curiosa enquanto caminhamos pela casa, seguindo até uma linda escada com corrimão dourado. Ofereci a mão para ajudá-la a subir.

— Tem um filho. Ele deixou quinze por cento da herança para ele. O rapaz sempre foi problemático e ganancioso, via o pai apenas como um banco para fornecer dinheiro.

— Como herdeiro, ele não contestou?— fico ainda mais curiosa.

— Sim, mas meus advogados foram ótimos. Além disso, James deixou o testamento atualizado. Ele tinha um lado comprovando que estava bem mentalmente e atualizava o testamento todo ano. O herdeiro então se contentou.

Minha mãe deve ter sido uma grande companheira para esse homem, pois deixou quase tudo para ela.

— Esse é o seu quarto, não sei se irá gostar, mas preparei ele a anos na esperança de lhe trazer até aqui.

Entrei no mundo quarto em tons de lilás claríssimo. O ambiente se tornou fresco e relaxante, não é uma decoração infantil, mas sim, uma decoração em tons de branco, deixando o ambiente moderno e acolhedor. O que me surpreendeu é que ela se recorda que minha cor predileta na infância, era lilás.

— Você lembra que...

— Eu lembro de tudo ao seu lado, querida. — ela me olha emocionada.

Fiquei observando os olhos parecidos com os meus e também fiquei emocionada. Mesmo que a vontade de dar um abraço venha a tona, ainda não consigo fazer esse gesto. Sinto um bloqueio devido a tantas lembranças ruins que eu tinha sobre Clarissa.

— Irão organizar tudo a seu gosto, se quiser mudar a decoração ou qualquer detalhe fiquei à vontade, pois...

— Está perfeito, não precisa mudar nada.

Ela abre um largo sorriso com satisfação, se aproxima e toca meu ombro. Senti um beijo em meu rosto e fechei os olhos, respirando fundo, sentindo o carinho materno que tanto sonhei.

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Duas horas depois...

Conheci cada canto do quarto, segui para um banho e evitei a banheira, pois isso iria me lembrar de Aslan. Vesti roupas confortáveis, um vestido de tecido leve que faz parte de algumas roupas compradas por minha mãe.

Sai do quarto, desbravando a enorme casa. São muitas portas, no corredor, várias obras de artes, desde quadros, alguns objetos diferentes como esculturas. Desci as escadas e notei Clarissa conversando com um homem.

Ele está bem-vestido, com um terno azul-marinho. É jovem, digamos que um homem muito bonito, com o rosto liso e um óculos de grau.

— Clair, que bom que você apareceu. Quero apresentar o Zyan, ele será o seu assessor para tudo que precisar.

Uni minhas sobrancelhas enquanto desço os últimos degraus. Não entendo a necessidade de um assessor.

Me aproximei, ele estende a mão com um sorriso educado nos lábios e retribui o cumprimento, apertando a mão oferecida.

— É mesmo necessário? — questionei ainda confusa.

— Informe para Clair sobre o que fez, Zyan.

A minha mãe fala alegremente e o homem ajeitou o óculos com o dedo, empurrando-o para trás.

— Senhorita Lemay, transferi sua faculdade para Nova York, poderá finalizar sem perder o que já concluiu. Entrevistei os seguranças, também escolhi um bom carro para utilizar. Organizei sua agenda e...

— Agenda?— apertei os lábios com uma expressão surpresa.

— Sim, irá fazer compras após a refeição. Descansar após as compras e amanhã, conhecerá a loja principal e também o local onde as joias são produzidas. Também irá até a empresa, assim conhecerá um pouco do trabalho da senhora Lemay.

Estou abismada com a extrema organização de detalhes. Ele olha para o iPad em mãos, analisando tudo que acabou de falar. Aparenta ser um assessor eficiente.

— Será maravilhoso conhecer tudo isso, pois será seu um dia.

Ouvi as palavras da minha mãe e fico pensativa. Custo a acreditar que isso esteja realmente acontecendo. Ainda acredito que posso acordar de um sonho, dar de cara com Sean me pedindo dinheiro e o desespero de uma vida sem segurança.

— Vamos fazer a refeição. Nos acompanha, Zyan?

— Não posso, senhora Lemay. Tenho muito trabalho a fazer, mas agradeço o convite. Estarei aguardando.

Ele sorri e coloca uma das mãos no bolso. Observo atentamente e ofereci o braço para a minha mãe se apoiar. Assim seguimos para a sala onde estava sendo servida a refeição.

Os funcionários são atenciosos, percebo que são bem tratados, que a minha mãe é gentil e alegre com todos. Me sinto aliviada por não ser uma mulher esnobe, demonstrando humildade.

Sentar na mesa luxuosa me fez lembrar do apartamento de Aslan. Parei no tempo, olhando os talheres e taças devidamente organizadas. Senti falta de Sandra e sua alegria diária que sempre foi contagiante. Suspirei, ficando em silêncio e sentindo uma tristeza dolorosa ao pensar todos os quilômetros de distância.

Sinto falta dele e sentirei para sempre. 

UMA EMERGÊNCIA DE AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora