CLAIR LEMAY
Chegando no hospital, entrei apressada após fazer um cadastro na recepção, onde Hillary já deixou avisada a minha entrada para conseguir entrar com menos burocracia. Fui orientada para seguir um trajeto e o número do quarto que Sarah estaria. Bati na porta e Hillary abriu, ela está com um olhar um pouco assustado e achei que deveria se tratar de Sarah, mas quando entrei, Aslan está conversando com ela próximo à cama e explicando o diagnóstico para o marido. Ele não olhou para trás, ou seja, não percebeu a minha chegada.
— Não se preocupe, isso pode acontecer e pode ser revertido. Um leve descolamento de placenta, devido algum esforço físico ou até algum fator genético. Você ficará em observação, caso perceba que está estabilizado, poderá ir para casa, com repouso absoluto e acompanhamento. Seguindo as recomendações corretamente, poderá normalizar.
Ele explica com toda a gentileza e educação, me deixando paralisada, apenas olhando para o homem lindo que perdi. Ele é incrível e nunca tive dúvidas disso.
— O bebê está bem, doutor?— o marido de Sarah se preocupou.
— Ele está muito bem, batimentos cardíacos normais, no exame de imagem está até animado...— ele sorri lindamente para tranquilizá-los e Sarah também sorriu. — Como afirmei, ficará tudo bem. Não se esqueça, muito repouso, Sarah.
Ele continua sorrindo e quando se virou para a porta, me viu, mudando completamente a expressão para surpreso e depois, ficou sério. Estou sentindo meu estomago revirar com tanto nervosismo e todos perceberam a tensão que tomou conta da sala.
— Eu... que bom que está tudo bem.— falei com nervosismo.
— Iremos manter o acompanhamento até a alta. Está tudo bem, com licença.
Aslan passou por mim apressado, saindo da sala e todos estão olhando para mim. Acredito que até esqueceram que o foco aqui é Sarah e não a minha trágica vida sentimental.
— Fiquei tão preocupada com você. — me aproximei da cama.
— Estava tão nervosa, quando vi o pequeno sangramento, meu corpo tremeu por inteiro. Agora estou tranquila, fizeram exames e com as palavras de... Aslan, consegui me tranquilizar. — Sarah demonstra estar bem.
— Fica aí por mais um tempinho, pequeno agitado. — acariciei a barriga dela e forcei um sorriso.
— Viu só? Preciso de repouso, você irá pedir folga no trabalho para me ajudar. Não posso lavar nem uma colher.— Sarah fala para o marido com bom humor.
— Irei contratar alguém para lhe acompanhar e uma babá para cuidar de Thomas. — afirmei.
— Amiga, não...
— Não ouse recusar, é pelo bem do seu filho.
Ela sorri com gratidão, o marido também ficou feliz e aliviado. Hillary apenas observava a medicação aplicada em Sarah e também parece mais tranquila. Após a orientação que devemos deixar Sarah descansar, saí do quarto junto da minha amiga enfermeira.
— O que sentiu?— Hillary pergunta com preocupação
Cruzei os braços a frente do corpo, respirei fundo olhando para o corredor extenso. É difícil explicar em palavras o que estou sentindo nesse momento.
— Posso ser sincera?— questionei.
— É claro.
— Estou morrendo de saudade e vontade de me jogar nos braços dele. Ah, que droga!
Revirei os olhos e Hillary sorri com a minha resposta. Fui sincera ao falar, pois sinto tanto desejo, que toma todo meu corpo como se estivesse percorrendo todas as minhas veias. É impossível não lembrar do quão gostoso e intenso ele é.
— Safadinha, dois anos sem sexo, está subindo pelas paredes. — ela provoca.
— Mas ele não, ele está com...
— Olívia, eu sei. Não queria lhe contar, mas olha só, a fofoca no hospital inteiro é que ela se humilha constantemente por atenção e o doutor não dá a mínima. Todos comentam que ele ainda não esqueceu você.
Prefiro não nutrir esperanças e acabar me magoando ainda mais. Hillary é chamada por uma enfermeira e pela forma que foi solicitada, é alguma emergência. Ela se afastou, me deixando sozinha no corredor. Olhei ao meu redor, observando as pessoas andarem de um lado para o outro, estão atarefadas e prestam atenção ao trabalho.
Comecei a caminhar, lembrando quando o fisioterapeuta me ajudava a caminhar pelos corredores, me animando e incentivando para que eu voltasse a ter uma vida normal. Foram meses de muito esforço, apoio e dedicação. Quando Aslan chegava no quarto que fiquei por tanto tempo, era o momento mais feliz do meu dia.
Entrei em um novo universo, caminhando e recordando de tudo. Não conseguia nem ouvir o que os enfermeiros falam ao passar do meu lado. Quando me dou conta, parei em frente ao leito 12, onde foi a minha casa por meses, literalmente. Respirei fundo, aproximando da porta e tocando os números. Não queria voltar a estar com o corpo paralisado, mas adoraria voltar a ter os cuidados do meu médico predileto.
Não consegui controlar a vontade, girando a maçaneta e percebendo que a porta está aberta. Observei o quarto completamente arrumado, com o cheiro de esterilização que fazem todas as manhãs. Não tem nenhum paciente, apenas as memórias.
— O que faz aqui?
Me assustei e olhei para trás, no canto o quarto tem uma poltrona, e Aslan está sentado, com uma das pernas cruzadas e me encarando fixamente, exatamente igual quando eu abria os olhos na minha estadia.
— Aslan...— o nome dele sai quase num sussurro.
Ele continua imóvel, olhando para mim e minhas pernas tremeram, quase não sustentou meu corpo. Apertei os lábios e a bolsa que estou segurando.
— Eu estava caminhando e... encontrei o quarto. Senti vontade de entrar. — respondi abaixando o olhar.
É incrível como a mulher que me tornei nesses dois anos, uma pessoa confiante e determinada, se esvai quando estou perto dele. Me sinto venerável e essa sensação não me agrada, trazendo péssimas recordações de quando eu era feita de marionete por Sean.
— Você tem uma ótima memória. — ele afirma com ironia.
Levantei o olhar sem entender o sarcasmo. Aperto os lábios, respiro fundo e me preparo para não ser a mulher fraca que fui por tanto tempo.
— Não entendi a sua ironia. — falei num tom mais alto.
Ele ficou de pé e avançou na minha direção, parou a poucos centímetros de distância e me encara com fúria, mas também com um brilho diferente no olhar. Não abaixei o olhar dessa vez, mesmo ele sendo mais alto, olho para cima, encarando-o fixamente.
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UMA EMERGÊNCIA DE AMOR
RomanceUma paciente chegou ao hospital, ela está inconsciente após um grave acidente. O doutor Aslan Grant fez tudo que podia para salvar a vida da garota e ela ficou em coma. Como não encontraram nenhum documento, ou registro para encontrar os familiares...