UMA EMERGÊNCIA DE AMOR

Capítulo 51

CLAIR LEMAY

Não consegui dormir bem essa noite, bolei de um lado para o outro e a sensação de estar perto de Aslan me assolou a noite inteira. Cheguei a despertar com a sensação de que ele estava me olhando, saltado da cama com o corpo suado.

Precisando colocar minhas energias para fora, cuidando do corpo como fazia nos Estados Unidos, decidi correr no parque. A neve deu uma trégua, além disso, adoro correr em temperaturas baixas.

Após fazer minha higiene matinal, me preparei com roupas adequadas, tênis e um casado de tecido térmico para me proteger do frio.

Desci as escadas rapidamente, chegando na mesa de café da manhã e Zyan está se servindo.

— Não vi quando você chegou. O fuso horário me atingiu.— ele comentou.

— Fiquei até tarde na casa de Hillary.

Respondi a me sentar na ponta da mesa, sendo servida por uma das funcionárias. .

— A inauguração da joalheria será nesta tarde e sobre o endereço que você me ordenou conseguir, está aqui.

Ele arrastou o papel pela mesa, me deixando surpresa. Antes mesmo de vir, solicitei que encontrasse o endereço de Sandra a todo o custo. Quero vê-la, mas é claro que não iria até o apartamento de Aslan, nem sei se mora no mesmo local.

— Ela trabalha...

— No mesmo local? Sim, ela trabalha na casa do médico. — ele revirou os olhos.

— Não sei por que fala com essa expressão todas às vezes.

— Força do hábito.

Olhei atentamente para o endereço anotado no papel e percebi que conheço um pouco desse bairro. Essa noite irei até a casa dela, pois sempre foi uma pessoa especial em minha vida.

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O motorista parou no maior parque da cidade, onde muitas pessoas costumam correr ou andar de bicicleta no verão. Já estou habituada ao segurança que me protege, mas sempre discreto e me dando o espaço que preciso para não me sentir sufocada.

Coloquei fones de ouvido, escutando músicas pop que adoro, muitas delas me fazem criar um filme através de lembranças na minha mente.

Comecei a correr, sentindo o sangue circular com mais intensidade. A adrenalina me faz relaxar enquanto sou embalada pelas batidas da música. Controlo a respiração, lembrando dos momentos que tentava mexer meus membros após o acidente, mas não conseguia.

" — Clair... você consegue!

A voz de Aslan me incentiva a levantar o braço. Sinto muita dificuldade, deitada numa cama que esquenta minhas costas por não conseguir me mover. Lágrimas se formam e escorrem nas laterais do meu rosto.

— Você é forte, venceu até aqui e continuará vencendo. Consegue tocar a minha mão?— ele levantou a mão para que eu tente tocar.

Me esforcei, colocando toda a minha concentração e força nesse movimento. Levantei lentamente, meus dedos tocaram na mão dele e vi o lindo sorriso do meu médico.

— Muito bem, você é incrível!— ele me elogiou."

Essas lembranças me cegaram completamente. Enquanto corria, minha mente vagou pelas lembranças. Se estou correndo hoje, é graças a ele e toda a atenção voltada para mim.

Perdida em pensamentos, acabo esbarrando forte em alguém. Desequilibrei imediatamente, caindo e apoiando as minhas mãos no chão. Tirei o fone de ouvido e me levanto irritada.

— Não olha por onde anda!— reclamei irritada.

— Você também deveria...

Meus olhos paralisaram ao ver Aslan em minha frente. Usando calça de moletom e roupas de corrida. Meu coração acelerou de uma forma tão intensa que achei que iria sair pela boca. Os olhos dele também estão arregalados, como se não acreditasse no que está vendo, assim como eu.

Ele continua lindo, ou ainda mais. O corpo atlético que tanto venerava, os cabelos lisos e escuros que ficam bagunçados quando acorda, ou a correr.

Minhas pernas ficaram bambas, não pela corrida, mas por ver o amor da minha vida novamente.

— Aslan...— falei quase a sussurrar.

Ele engoliu seco, suspirou e apertou os lábios. Posso sentir que além de surpreso, ele está magoado. Aslan ofereceu a mão como um cumprimento.

— É um prazer, sou Aslan Grant.

— Mas... nós já nos conhecemos. — falei com a voz trêmula, sem entender por que disse isso.

— Eu conheci outra pessoa, agora estou conhecendo quem você é de verdade.

Essas palavras me atingiram como um tiro no peito. Ele falou com tanta mágoa, a dor no olhar e a sensação que sinto é que o chão poderia se abrir abaixo dos meus pés.

Aslan me olha dos pés à cabeça, observando cada detalhe do meu corpo e engoli seco mais uma vez. Não consegui falar nada, então ele dá as costas a caminhar na direção contrária.

— Aslan, eu...

Tentei falar, mas ouvi a voz de uma mulher a metros de distância.

— Aslan, querido!

Olhei para o sentido de algumas árvores e Olívia correu na direção de Aslan. Ela não me viu, se aproximando dele que já está a metros a frente, caminhando de cabeça baixa. Ela o abraçou, também usando roupas esportivas.

Meu coração está sendo esmagado por toneladas, minha boca tremeu e o choro foi inevitável. Tudo que eu mais temia, está acontecendo diante dos meus olhos. Esse é o preço por abdicar dele, sendo que fiz tudo isso para que ele vivesse em segurança.

Não consigo continuar, perdi as forças e estou destruída. Caminhei apressada até onde meu carro havia ficado estacionado, mas evitei seguir na direção que Aslan seguiu junto de Olívia.

Entrei no carro, dando a ordem para voltar para casa, quanto antes. Encostei minha cabeça no banco, limpando as lágrimas e quando olhei através da janela, observei os dois novamente, enquanto Olívia apoiava os braços nos ombros de Aslan, ele olhava para os lados.

Virei o rosto e fechei os olhos. Faria de tudo para poder voltar no tempo e não ter vindo a esse parque essa manhã.

Jamais iria imaginar que o destino pregasse essa peça. Tudo que acontece em relação a nós, é como se existisse um ímã, que mesmo evitando, nos encontramos inesperadamente. Pena que o que encontrei dessa vez, fez meu coração doer intensamente.

Aslan seguiu a vida, além de estar muito decepcionado comigo. Foi nítido o seu olhar de repúdio.