Capítulo 29 - O Sermão De Mavi

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Sequei o rosto e abri a porta, dando de cara com o meu namorado.

Como ele me conhecia bem, sabia que eu não estava nada feliz e que não era nada relacionado a TPM.

Ele olha no fundo dos meus olhos e franze o cenho, sabia que tinha alguma coisa errada.

Nattan: O que aconteceu com você? Por que você está tão quieta desde a ligação com sua mãe? - Sem me tocar, entrou no quarto.

Eu: Eu tentei evitar esse assunto, mas... - Respirei fundo. - Não vou conseguir; vamos direto ao ponto: onde você estava quando passou o dia inteiro fora e não me deu notícias?

Me sentei na cama, olhando no fundo dos olhos dele.

Nattan: Eu te disse, fui resolver minhas coisas e saí com minha mãe. - Seu semblante entregava sinceridade

Eu: Ah, beleza. E essas fotos aqui? - Mostrei as fotos que havia recebido de minha mãe e pude ouvir um suspiro sutil ser solto.

Nattan: Eu sabia que iria vazar, mas não foram daquele dia. - Me olhou nos olhos, tentando me passar segurança.

Eu: Você disse que não ficou com ninguém nos últimos cinco meses, Natanael. - Tentei não me exaltar, sabia que não tínhamos nada na época.

Nattan: Errado. Eu disse que não transei com outras mulheres, mas acabei por ficar com algumas. - Deu de ombros.

Eu: Inclusive, nessa festa, certo?

Ele assentiu.

Nattan: É, mas nenhuma conseguiu fazer com que eu te esquecesse. - Suspirou.

Eu: Huh? - Franzi o cenho, arqueando uma sobrancelha.

Nattan: É, não queria que acabássemos machucados. - Deu de ombros.

Naquele momento, uma confusão se instalou em minha mente.

Eu: Machucados? - Franzi a testa.

Nattan: É, meu amor; quando fui embora, sofri por não saber quando a veria novamente e por ter dúvidas sobre nossa reciprocidade, já que... - Coçou a nuca, meio nervoso. - Deixa.

Eu: Fala, Natanael. - Meu tom era autoritário.

Nattan: É que... Parecia que você me tratava como se fosse forçada a gostar de mim, sabe? Era sempre muito seca comigo e, se não fosse os toques físicos, eu teria certeza de que você não gostava de mim. - Explicou, evitando contato visual comigo.

Suspirei.

Eu: É, eu sabia que, uma hora ou outra, isso viria à tona. - Peguei seu rosto com minha mão direita, forçando-o a olhar para mim. De alguma forma, ele ficava sexy daquele jeito. - Não sei se te falei, mas tenho muita dificuldade em demonstrar sentimentos desde o meu último relacionamento por... Medo.

Nattan: Medo? - Franziu a testa, ficando com a boca entreaberta enquanto me escutava.

Eu: Não importa, desviamos um pouco do assunto. Quero saber: De quando foram essas fotos? - Me lembrei de soltar seu rosto, o fazendo.

Nattan: De dois dias antes do pedido. Eu sei que a minha fama não é das melhores, mas... Eu nunca faria isso com nenhuma mulher. - Olhou nos meus olhos, parecia sincero.

Eu: E como eu posso ter certeza? - Com toda a minha insegurança, acabei por falar.

Nattan: É só ver a data das fotos, amor; eu tirei algumas no meu celular. - Desbloqueou o aparelho e me entregou.

Fui na galeria e dei uma verificada em todas as datas, realmente batiam com a data dada por ele.

Devolvi seu aparelho e respirei fundo.

Eu: Desculpa por ter duvidado de você, lindo, acabei por relembrar do passado. - Abri os braços, esperando um abraço.

Nattan: Tudo bem, minha gata. - Me abraçou, dando um beijo forte em meu pescoço, quase que desesperado.

Eu: Você ainda vai me matar com esses beijos. - Soltei um risinho baixo.

Nattan: Se eu te matar, a quem vai ser dado o meu amor? - Brincou.

Ri; por razões óbvias, me senti mais leve.

(...)

Mavi: Tem certeza? Você sabe que não deve confiar totalmente. - Sussurrava.

Eu: É óbvio que sei, mas não tem como contrariar os fatos; ele ainda estava solteiro na época. - Dei de ombros.

Mavi: Mas dizia que estava na intenção de te namorar, idiota. - Me agarrou pelos ombros, chacoalhando.

Eu: Mas não tem nada que eu possa fazer. - Encolhi os ombros, encarando a cama.

Mavi: Quando que você se tornou tão besta? - Deu um tapa na própria testa, bufando.

Eu: Ai, me deixa! - Revirei os olhos. - Enfim... Por onde anda o seu "precioso" namorado? Está tudo tão quieto por aqui... Estranho.

Mavi: Deve estar com seu fiel. - Provocou.

Eu: Não vou te responder, nojenta. - Fiz uma careta, saindo do quarto da mesma para ir procurar por meu namorado.

Quando começo a me aproximar do meu quarto, ouço um barulho de risadas; eram risadas familiares.

Caminho até a varanda da casa e posso ver os "nossos" cantores rindo e conversando. Por algum motivo estranho, parei para admirar a cena.

A risada desses dois parece uma poesia sonora; eu nunca admitiria, mas amava a Felipe como um irmão. Já a Nattan, meu parceiro, eu não precisava admitir.

Confesso que nunca imaginei que seria tão próxima dos dois, nem nos meus melhores sonhos. Tudo parecia tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante que, mesmo depois de ter acontecido, não me convenceu.

Ao perceber que não havia passado nem uma semana direito, parei para refletir sobre o quanto os meninos me fizeram bem; quando eu estava com a nossa turminha, parecia que o mundo ao nosso redor congelada, era tudo mágico.

Eu acho que a gente se apaixona pelos nossos amigos, não romanticamente, mas com um certo "afeto" por eles.

Ao perceber Felipe apontando para mim, saí dos meus pensamentos e fui falar com eles.

Felipe: Estava admirando minha beleza? Nattan tem ciúmes! - Brincou.

Eu: Para de ser idiota, Amorim!- Dei um risinho leve, cumprimentando meu namorado com um selinho.

Nattan: Você 'tá melhor, gatinha? - Envolveu os braços na minha cintura, dando um beijinho na minha testa.

Eu: Sim, bem melhor. - Me aconcheguei em seu peito.

Felipe: Credo, casal feliz. - Fez sons de vômito, arrancando risadas de todos os presentes no ambiente.

Eu: Aquela ali não é a Mavi? - Apontei para um lugar aleatório na sala.

Felipe: Onde?! - Rapidamente, se virou para o lugar, vendo que não havia ninguém. - Criança. - Resmungou.

Eu: Viu? Você não odeia casais felizes, apenas não gosta quando é o seu. - Gargalhei.

Diferenças - NattanzinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora